#EQUÍVOCOS DA CONCEPÇÃO DAS COISAS# Manoel Ferreira Neto: DESENHO/AFORISMO GRAÇA FONTIS: PINTURA $$$


POST-SCRIPTUM:

Após quase dois anos sem Desenhar, dia 05 de setembro de 2020, surgiu-me uma inspiração para um Desenho, fi-lo. Graça Fontis pintou, levaram quinze dias a pintura. Produzi este texto EQUÍVOCO DA CONCEPÇÃO DAS COISAS lembrando de algumas coisas que me perpassaram sobre as palavras, sentimentos do ato criador.

Manoel Ferreira Neto

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As palavras seriam as mais sensíveis,

Esbanjando ternura, suavidade,

Brilhando os olhos por observá-las,

A boca aberta de surpresa,

A língua em estado de ad-miração,

Inerte, silenciosa,

Porventura desejasse-as iluminadas,

Porém, todavia quem dera pudesse fazê-lo!

Quê "amáveis do mundo" - re-presente as intenções!

Performe os passos do corpo de danças, bailados!,

Ornamente o gesto de cumprimento com a aba do chapéu!

Gritam, vociferam nos ouvidos -

As palavras são divinas dançarinas de seus sentidos,

Significados, signos.

Sem a intuição do verbo dos ritmos e melodias,

O que são elas?

Respondem categóricas: '"Todas nós... Ninguém"

Contudo, não sei quê - se fosforescente, se diáfana -

Luz as iluminaria, quiçá a de abajur no criado mudo,

Berço das inspirações, intuições, percepções

Dos dons e talentos de criar mundos imaginários

A sonos de metafísicas e metáforas, sonhos da contingência,

Aqui, sei-o... a finesse brincadeira dos ad-versativos,

que teríeis de fechar vossos olhos para os ouvir

neste cântico de versos lindos,

ternos, amorosos, meigos, compassivos,

solidários,

surgindo sorrateira nos recônditos dos instintos

vontade de roubá-lo, guardá-lo com todo afeto na esperança

de outras visões da distância e da proximidade do Ser,

o coração quase que saindo pela garganta

de tanta alegria,

O criador cuida sempre de niná-las, adulá-las,

Cuida sempre de educá-las, humanizá-las,

O verbo da "humanidade-de-ser",

Seja-lhes presença eterna?

***

Sim! Uma luz que viria de dentro dele,

Dentro do gótico a luz,

Dentro da luz o espelho gótico da imagem,

Dentro do verbo das intuições,

A terra-mãe, a natureza,

À águia pousada no pico da colinha, observando

Panoramas, paisagens,

Projetando outros voos por horizontes des-conhecidos,

Raios que viriam de dentro deles,

Intuições da leveza dos ideais

Espectros esvoaçam no interior deles,

Dentro da luz as goticidades da verdade por vir,

Luz e raios que lhes habitam os interstícios do ser,

Os recônditos do tempo, o âmago dos verbos e dos ventos

Verbos de ventos que sopram de dentro os sibilos do tempo

Ventos de verbos que frontispiciam a transparência,

Evidência da luz,

A Estrela Polar das reflexões dos subterrâneos da Inconsciência,

Ausências, carências, faltas-do-ser

De trevas, brumas.

Sentimos todos a luz,

Mas a existência da luz

É a entrega plena por fazê-la iluminar,

Por fazê-la brilhar,

Por fazê-la esplender-se,

Por fazê-la ser!

***

Queria trazer-vos um cântico de versos lindos

A-nunciando re-versos ideais cujos desejos trazem em si

A luz de raios diáfanos que ilumina

Vertentes de luz e cores,

O silêncio de vozes sibilantes

que regencia sentimentos e palavras,

que reverbera os equívocos da concepção das coisas,

que corrobora os obtusos pensamentos da definição

dos compromissos, responsabilidades,

Re-velando in-versas utopias cujos sonhos e fantasias

Inter-ditam ocasos do crepúsculo,

Inter-tecem porventuras no de-curso, per-curso

Visões do há-de ser "outro dia", ideais,

In-auditam ritmos e melodias dos sons do universo

Sons son-éticos do nada,

Sons sonemáticos da nonada,

Sons son-ísticos da travessia e das metafísicas,

Colhidos nos mais profundos interstícios de mim,

A última lembrança que trago de um mergulho

Foi que descia uma escada de anel, escura,

Entreguei-me,

Sons cor-ísticos da viagem por esperanças, ilusões,

Sons cor-éticos do refestelar no porto as visões além-mar,

O olhar solitário nos barcos balançando à mercê das ondas,

Sonos cor-emáticos da imagem perscrutando sentimentos

Emoções do criador,

Sonos tons-éticos do deixar-me à revelia das sensações,

Fantasias, imaginações,

À espera dos sonhos que revelam os caminhos do destino.

***

Deixai-me segredar-vos

Um dos grandes segredos do mundo:

- Essas coisas que, parece,

não terem qualquer sentido, qualquer beleza,

qualquer mensagem, qualquer cântico

de amor, de sublimidade

é simplesmente porque

não houve jamais quem lhes desse ao menos

um segundo olhar!

não houve jamais quem lhes in-vestigasse

e delineasse, burilasse o croqui espiritual

e o esboço das contingências!

***

Se, às vezes, vós perdeis a paciência comigo,

censurais-me, xingais-me,

mandais-me catar jerivás no bosque dos corvos

à beira do rio dos anus,

não vos dou qualquer oportunidade

de outras realidades, de outros horizontes,

de outras verdades,

as cargas negativas acompanham-me com esplendor,

é que ainda não compreendestes

que a felicidade está dentro de vós,

só vós podeis sorrir de alegria e contentamento,

se me olhardes com os olhos da esperança

e utopias,

Quem sou?

Eu... ninguém... em verdade?

E só vislumbrarei o eu de mim,

Se perquirir-me vós a cada passo "quem sou",

Andar-vos em meus sapatos por cantos e recantos da terra,

Con-templando as atitudes, ações, decisões,

Sobretudo a liberdade de as realizar,

A questão é a justeza das contingências

À busca do Ser.

#RIO DE JANEIRO(RJ), 16 DE SETEMBRO DE 2020, 14:08 p.m.#

 

 

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