MANOEL FERREIRA NETO ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO RESPONDE AO POEMA #TERRA PIRATA#, DE Graça Fontis $$$


 

Por vezes, torna-se hermético descrever um instante na vida, sem in-correr no lero-lero das reclamações, mania de vítima, choradeiras ridículas, sem qualquer objetivo, projecto, apenas lenga-lenga.

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Este instante está revelado, em suas origens, com suas verdades, seguindo a linguagem e estilo que me são peculiares.

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Há acontecimentos que trazem em seu bojo imensuráveis horizontes, só vivê-lo com dignidade e honra, e por estar aguilhoado as dores, sofrimentos, não consigo mover-me em busca de superação, suprassunção. O que chamo de "moléstia das concepções", tão arraigadas tornando-se impossível sabê-las, as certezas que prejudicam as investigações profundas, avaliações. Onde então habitam a Personalidade e Caráter do Retrato de um Destino?

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O poema de sua autoria, amada Esposa e Companheira das Artes, Graça Fontis em resposta à homenagem a si realizada, traz em sua algibeira a sua sensibilidade de sentimentos e interpretação. As palavras são, neste instante, o "refúgio revestido da couraça da obstinação...", o jamais entregar-se, desistir, fugir, sim criar superações, horizontes, uni-versos.

Quanta vez você mesma disse-o: criar é buscar o que é novo, inédito, inusitado, o que neles habitem, o que beneficia o homem na sua andança no mundo.

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Perfeitamente verdadeira a interpretação: a obstinação em encontrar saída, outra realidade, o que chamo de "colocar a liberdade em questão". Nada é perpétuo, tudo é efêmero. O que é isto - a Virtude?, o que são Valores nos tempos hodiernos(difícil sabê-los)? E, seguindo as origens mineiras, cultura eminente tradicional, tornam-se inda mais complexas as perquirições.

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No instante em que SEM AD-JACÊNCIAS DAS ARRIBAS fora escrito era plena madrugada, encontrava-me encarcerado na solidão, todos os olhos interiores voltados para mim, olhos da tristeza, olhos da censura, olhos da repressão, das angústias, enfim o mundo aos olhos de mim, mas a obstinação presente da saída, da superação, saída daquela TERRA PIRATA em que tudo acontecia, eu próprio: os sonhos haveriam de concretizar. Concretizar-se-iam aquando fosse deixada para trás, rompesse os laços.

Digo-o com prepotência haver você compreendido e entendido com perfeição a minha existência na cidade de Curvelo, onde nasci, o fato de jamais aceitar e consentir com uma cultura sem princípios, apenas aparências e orgulhos de poder, e na "plasticidade omnisciente/Do real caminho por muitos outros trilhados..." a liberdade real, a verdade da liberdade, outros caminhos se abriram, horizontes presentificaram-se, tornou-se um instante do passado, decidi trilhar, procurando a terra-mãe de meu pensamento, a liberdade, encontrei-a no Rio de Janeiro, em sua companhia como esposa, das Artes. DA TERRA PIRATA À TERRA-MÃE - eis o percurso.

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Merecedor de méritos é o fato de que não interfiro um só dedo nas suas análises e interpretações de minha obra, não dou qualquer palpite, e nem comento sobre o tempo de criação de cada obra, e você retira-lhe o húmus, A LIBERDADE EM QUESTÃO.

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Sinceros cumprimentos por sua linguagem e estilo, que já são peculiares, autênticos, poetizando SEM AD-JACÊNCIAS DAS ARRIBAS.

Beijos no coração sempre, meu Amor!

Manoel Ferreira Neto

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#TERRA PIRATA#

GRAÇA FONTIS: POEMA

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Dedico ao meu esposo e companheiro das artes, Manoel Ferreira Neto.

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Ao silêncio declaro uma nação.

Meu corpo entregue à tensão impressa da voz

Ao silenciar a tirania

Dos ruídos inquisidores

Quando a imaginação imprime meus gestos no ar

Movimentam as minhas emoções em provocação

A repressão camuflada

Na plasmação das nuvens

E dúvidas infinitas

Que roubam qualquer direção

No domínio que arde

Expondo chagas

Incendiando o incompreensível consciente

Na plasticidade omnisciente

Do real caminho por muitos outros trilhado

Que concede prazeres

E dor em profundidade

Aos indecifráveis enigmas

Vezes ignorados, outras eclipsados

Às angústias ancestrais

Na transfiguração humana

E é nesta terra pirata

Nas aventureiras palavras

Que minha linguagem busca refúgio

Revestido de couraça da obstinação

Que resista à taça de fel inerte no tempo

Aquando cristais sonoros ecoam

Ágidos brilhos da constelação oculta

Além partida

Iluminando a nebulosa madrugada

E brancos desejos de um vulto acorrentado

Encarcerado na solidão da noite

Em que olhos macabros

Nesta região abstrata

Sondam e querem devorar

O que? Meus sonhos!

Até quando?

Graça Fontis

#RIO DE JANEIRO(RJ), 11 DE SETEMBRO DE 2020, 15:09 p.m.#

 

 

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