#GRAÇA FONTIS PINTORA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA POEMATIZA O POEMA EXISTÊNCIA CATILINÁRIA# ----


CENTELHAS DE ESPERANÇA



Recorri às correntes efluentes do vento

Para a elucidação de meus equívocos

De que bandas e vinhas estrangeiras

A mim chegam transladadas?

Sonorizações e cálidos aromas

Flagrantes às achas enegrecidas a esmoecerem

Sobre a rudez e as asperezas, saltitam

Invasores das manhãs umedecidas

Penetram, tenaz estupidez imperdoável

Certo balsâmico calorificado e único

Unicidade simpática à morada de meu bem-estar

Sem êmulos seresteiros a divagarem

Lampejos trágicos e macabros

Aquecidos pela opacidade estática

De nesgas nuvens em negrume

Ameaçantes ao dia.

Que reacedam as centelhas

Contradições, perquirições e intenções

Agentes inefáveis das ilusões infindáveis

E tudo que de dentro está e transpira

O algo ainda anônimo e obscuro

Às minhas inúmeras percepções lúdicas

Às margens da ópera dos sons contraditórios

A gotejarem películas enfumaçadas

Aos belos fragmentos esperançados

Dispostos linearmente às paráfrases visíveis

De reencontro e elaborações, em tempo abstrações

Às perpendiculadas facticidades banais e ilusórias

Que ao homem de muitos signos e mistérios

Acordado para ricos ideais

E sentidos alertos aos sonhos

Nestas não se hospedam.



Graça Fontis

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#EXISTÊNCIA CATILINÁRIA#

GRAÇA FONTIS: PROSA

Manoel Ferreira Neto: POEMA

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Centelhas

Raízes profundas entre-laçadas

Ventos sopram folhas secas

Enxurradas levam os dejectos das ruas,

Princípios, preâmbulos, o mundo e os ecos,

O pensamento e os rogos, ruminâncias do Ser.

Dilúvios, tempestades nos recônditos da alma.

Que ser há-de anunciar sons sublimes?

Que ser há-de re-velar visões transparentes?

Que saber há-de consolidar tais contingências,

Se não há olhares e visões para elencá-las

Se os homens rastejam nas sarjetas de suas hipocrisias?

Que conhecimentos há-de estabelecer,

Se não há inteligências, sensibilidades

Para compreender o homem é vocacionado a afazeres,

Doenças do subterrâneo que lhe residem

Tornam-lhe servidor das gratuidades,

Capacho da viperinidade

Da educação e do ensino de pedras que rolam criam limo.

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Nada, vazio, absurdo

A face, refletida no tempo, circunstâncias

Vistas sob uma sombra de fogueiras no anoitecer,

Olvidadas, negligenciadas,

Não se lhes reconhecem os traços,

Não se lhes sabem as marcas do tempo,

As cicatrizes da alma ao longo das dores.

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Elos indecifráveis eclipsados nas tristezas,

Apocalipsiados nas náuseas e angústias,

Indizíveis, talvez não verbalizadas, con-sentidas,

Aceites, vividas como sina, saga, destino,

Deixadas aos ventos, aos silêncios

Que vagueiam, vagabundam, perambulam selvas.

Que atordoamento vazio me esfalfa na mente

À janela de uma sala de aula de terceiro ano de grupo,

Olhando prédio de dois andares sendo construído,

As trevas de longos anos de Ditadura iniciando,

A professora indicando o aluno que vai ler, de pé,

A estória de Rapunzel à sacada de seu lar

Penteando os longos cabelos?

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Chamejantes artitícios de idéias

Perquirem-me dentro:

"Que intenções perpassam-lhes?",

Estilhaços de possibilidades de resposta,

Ilusões por demais insondáveis,

Mistério que toca os Mistérios do Mundo,

Inefável chama do inaudito na alma,

Inovadores do espírito, coisas íntimas da alma

Tem na fronte,

Por átimo de tempo, a nítida e nula,

Fatídica marca da chândala,

Não por desejar mostrarem-se assim,

Sentem sabiamente o abismo terrível, o vazio inestimável

Separa-os de tudo o que é tradicional e venerado,

Isola-os de todas as coisas que constroem o Existir,

Exila-os de todas as inspirações e desejos de sentir a Vida,

Mas as algemas e correntes ao Poder prendem-lhes,

Custe o que custar, há-de defender-lhes,

Garantem-lhes a sobrevivência,

Saciam-lhes a fome e a sede.

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O gênio, genialmente, conhece

Como residência, estágio no seu desenvolvimento,

A "Existência Catilinária",

Sentimento de vingança, insolência, rebeldia,

Irreverência, lâmina que ceifa as ervas daninhas,

Revolta contra tudo que já é, o famosíssimo

Poste de cimento armado, o Em-si categórico,

Que não mais se torna,

As trevas da morte...

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A sabedoria ilumina os passos nesta treva,

Sabedoria artificiada com as experiências do Existir,

Não com os ensinamentos

Dos Mestres das Corvellanas Honras e Dignidades,

Adquirida, assimilada nas sendas do mundo,

Contingências,

Outro estilo e linguagem de sonhar, desejar

A sabedoria de tecer o crochet das Virtudes e Valores,

Tempestade há-de cair arduamente,

E noutras paragens do tempo, acha de lenha

Na lareira para aquecer os saberes, sabedorias

Que direcionaram as esperanças da Alma.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 14 DE SETEMBRO DE 2020, 08:57 a.m.#

 

 


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