Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO SATÍRICO Não Nasci para Habitar este Mundo $$$

 


Não é Manu? Esses despautérios rudimentares das línguas, que invadem a mente sem pedir licença realmente cansam, até quem está pensando, imagine quem está lendo o pensamento de quem pensa... Achei seu texto como sempre excelente, este com um pouquinho mais de sarcasmo sobre o amor e ressurreição, aliás lançou um dardo certeiro na língua da serpente eu diria rsrsr Muito bom mesmo seu texto, suas explanações, aliás suas tamancas magnânimas, também suas inspirações elevadas e muito bem aprimoradas, limadas na ponta dos cordéis à luz do lampião das coisas etéreas, das lojas surreais de estrelas cadentes...Nossos delírios vão longe, basta soltar um pelo e a gente desenrola um novelo inteirinho, né? melhor deixar o dito pelo não dito, porque nossos olhares sob tantos aspectos são gulosos, angulosos, obtusos, confusos e por tanto uso, portamos as ideias mais espalhafatosas, as filos mais ardilosas que põem o outro para pensar, rever nas entrelinhas cada palavrinha dita... Parabéns pelo dissertamento Manoel Ferreira Neto te aplaudindo aqui por outros rabiscos e por esse do momento...Aplausos!



Sonia Gonçalves

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#NÃO NASCI PARA HABITAR ESTE MUNDO#

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: AFORISMO SATÍRICO

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Epígrafe:

Cavalgo o meu corcel mais selvagem, o que sempre “melhor me ajuda a montá-lo é o meu dardo: são o estribeiro sempre pronto para o meu pé, as esporas para lhe cutucar, incentivá-lo a correr mais rápido"

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Sem a inteligência,

Não se vê o re-verso

Ziguezagueando nos contra-sensos do verso,

A ilusão de ótica

Do in-verso aberto às contra-luzes do silêncio e algazarra,

Sem a intuição, não se con-templa o in-verso,

Delineando os traços da imagem além das retinas e linces;

Não se olha de banda o avesso

Contracenando com o tempo na ampulheta de ponta-cabeça;

Sem a percepção,

Não se visualiza a contramão de vazios,

Antemão de carências, ausências,

A mão única de di-versos, a mão dupla de ad-versos

Símbolos, signos, metáforas da moral e virtudes,

Na rodovia, avenida da integração corvellana

De preceitos e princípios conservadores, preservação

Das estórias da carochinha, discriminações, farsas do poder,

Aparências de conhecimentos e cultura;

Sem a audição aguçada não se ouve as onze badaladas

Do sino da Igreja Matriz furando a cinza assombrada do dia,

As chaminés

Sem a sensibilidade, não se inspiram os verbos do sonho

Interditados nos recônditos do nada e do silêncio;

Sem os sentimentos, não se cria o belo

Que reside nas profundezas psíquicas e almáticas,

Apesar das moléstias e doenças crônicas que as habitam,

Sem o Amor não se constrói o Espírito do Ser,

Entrega, Cáritas;

Sem as emoções, não se artificia a estesia dos ideais

A projectarem luzes e perspectivas da compaixão,

Solidariedade entre etnias e raças, entre éticas e crendices;

Sem as dúvidas, não se vivem as lições da con-tingência,

Não se degusta o sabor da reflexão,

Não se desfrutam os desejos multíplices

Do Ser

E do

Espírito;

Sem as incertezas, a alma se exila nas grutas inóspitas e íngremes,

Dizendo a si mesma que a vida é maravilhosa por ser imprevisível,

O mundo é mágico, mas os rituais ensombram as visões do eterno;

Sem os questionamentos, a cintilância das utopias

Das verdades não foi concebida, gerada, dada a luz;

Sem as náuseas do absoluto, do divino,

A liberdade não se identifica, não se re-vela;

Sem as dialécticas da solidão e do medo, silêncio e cor-agem,

Nada há que consolide o pensamento e o mundo,

Sem as contravenções das leis e regras de condutas, posturas,

Obediência pia às etiquetas do servo,

Nada há que explicite fazer o destino,

Sem o nada, a vida é perfeita,

São puros os seus princípios, valores, virtudes,

Por que o Ser e não o Nada?;

Sem o desejo de sabedoria, a vontade de conhecimento, existir é arrastar-se na sarjeta..., muito embora arraste-se na lama das estradas quem professe a sabedoria, o conhecimento, é o digníssimo “nada obtuso” aos olhos do sistema e ideologias, ajuizado louco, desvairado, condenado à miséria e à míngua por toda a sua permanência na terra, sentado na porta da igreja com o pratinho em mão, esperando a compaixão de uma cédula ou moeda para a sobrevivência.

***

Mas o que são a inteligência, a intuição, a percepção, a sensibilidade,

Se os homens se enchafurdaram inteiros na miséria das Religiões, Ciências, Artes obtusas, Políticas avessas à Justiça?

Mas o que são os sentimentos, as emoções, se o coração não sente os Reflexos da espiritualidade que a-nunciam eles?

Mas o que são as dúvidas, incertezas, questionamentos, se não se Discerne o não-ser e o ser, a verdade e a in-verdade?

O que são as náuseas, nada,

Se as razões explicam absurdos e despautérios,

Se as culturas justificam as angústias, tristezas, desolações?

O que são o desejo de sabedoria, a vontade de conhecimento, se a Semente da vida são a alienação, ignorância?

***

Enfastiei-me das línguas modernas, em cujos interstícios habitam, residem, correm todos os discursos lentos, lerdos, verborréias e falácias em-si mesmadas;

Cansei-me das velhas línguas em que "o tempo funde-se na metafísica como cúmplice".

Enojei-me dos retrógrados pensamentos de o Ser se revelar na continuidade das imperfeições, sandices, despautérios, disparates, alienações;

Nauseei-me dos versos e estrofes de Amor que cantam,

Declamam, recitam carências,

Solidões, ausências, forclusions,

As paixões não podem subsistir desde que

Seja eliminado o objeto que as suscita,

Enfeitam-lhe com arrebiques e ornamentos de fantasias, quimeras, Ilusões, sorrelfas,

Ainda mais com aqueles que roubam das flores o néctar para sensibilizar as dores e sofrimentos por sua procura incessante

E nenhum resultado obtêm, zeros à esquerda per siempre;

Entediei-me dos ideais da felicidade, alegria, prazer,

Fundamentados e fundados nas in-vestigações

Medíocres da condição humana;

Exaustei-me de ouvir que a hipocrisia é própria

Das épocas, eras, tempos de fé robusta,

Quando, mesmo havendo a coação para exibir outra fé,

Não se abandona a fé que se tinha;

De sonhar que alguém se dis-põe a ser destino e inexorável,

Seriam o modo e o estilo de comigo vencer,

Da dureza que não quer cintilar, cortar e retalhar,

Seria como um dia comigo criar;

Estafei-me de culpas e arrependimentos por

Responder à categoria o não saber

O porquê dos caminhos tergiversados,

Por não haver compreendido veemente na juventude

Os primitivos imploram à relíquia, saúde e chuva,

Era o ensinamento de a água destruir e criar,

Nesta ambivalência mostra a antítese da vida & morte

Num só elemento;

Subi-me nas tamancas com os sonhos da verdade

Inspirados na insônia da gnose;

Arranquei tufos de cabelo com a fé na ressurreição

- Ressurreição, com a eternidade pura no paraíso celestial;

Cofiei o bigode com a esperança na redenção,

Se o que a fundamenta são os dogmas do bem e do mal;

Proscrevi o mundo, a terra com a hipocrisia, falsidade, farsa,

Condutas de má-fé, algemas e correntes aos princípios, dogmas, Preceitos e leis da sociedade, dos sistemas políticos,

Sociais, individuais, familiares;

Larguei mão de pensar se o “zero à esquerda” não fosse olhado,

Visto de esguelha pela belinda do olho direito,

A atitude de excelência é ver o zero zerado,

E não pensar o pensamento que o pensa,

Nada há nele que a-nuncie qualquer valor.

***

Cavalgo o meu corcel mais selvagem, o que sempre “melhor me ajuda a montá-lo é o meu dardo: é o estribeiro sempre pronto para o meu pé, as esporas para lhe cutucar, inventivar-lhe a correr mais rápido. "

#RIO DE JANEIRO(RJ), 25 DE SETEMBRO DE 2020, 04:51 a.m.#

 

 

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