#O VENTO E O OVO" GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA/DESENHO ----


 

Se o ovo é in-visível a olho nu,

Às sara-palhas de auscultar

O sibilo do vento no abismo,

Esgaravatear os sonidos na superfície,

Como me seria ritmar as notas

Que o vento re-vela à passagem

Nos inter-stícios do sibilo,

Teria de con-siderar que o olho nu

In-visibiliza as notas do sibilo ou

O olho nu dá corda no tempo para

A revelação do som;

Se o olho nu adveio do ovo,

À mercê da retina,

Como seria pintar e melodiar a

Imagem do ovo e a visão-de-olho nu?

----

Então,

Se o ovo é in-visível a olho nu,

Se o olho nu in-visibiliza o ovo,

Se o ovo ad-vém do olho nu,

Se o olho nu, do ovo,

Re-vestido de verbos trago em mim,

Afagando com as utopias

Do tempo e do ser,

Da ampulheta e do nada,

As luzes e contra-luzes

Da imagem no desejo,

Vontade de versar os sentimentos e

Emoções de sua a-nunciação,

E in-visivelmente ouço

O cantarolar da láwerka, que tanto admiro

E o canto melodioso re-miniscente

Leva-me às ondas ondulantes do vento.

----

Des-prender-me,

Afogar-me nesta claridade,

Em cuja superfície se espelha

Um nada in-descritível,

Qual re-flexo do nada

De minha própria alma,

Próprio espírito,

Onde uma ideia escorrendo

Escorreita nos verbos

Da imagem do ovo,

Que re-monta à questão de

O que ad-vém de quê,

O ovo da galinha,

A galinha do ovo,

Banha a obscuridade,

O in-audito, des-conhecido,

In-visível, visível.

No ovo, gema e clara

São nadas.

Nas origens, galinha e ovo

São vazios.

----

A idade espraiou ondas no mar.

Meus olhos con-templam

Os verbos do ovo sensibilizados,

Meu entoo do canto da Iáwerka

Submerge-se em metáforas,

Metafísicas in-expressíveis,

A imagem que os enunciam em clima

Que presilha na moldura

Ornatos libertos,

Na munificência,

Adejos livres.

----

Então,

Se o sibilo que o vento esplende

Veio primeiro que o abismo,

A imagem e os verbos,

Que são as palavras,

Alimentam-me o in-finitivo

Das utopias que me habitam do som,

Se o abismo adveio do sibilo do vento,

Os verbos e as perspectivas da imagem,

Que são a linguística,

Semântica do espírito e do tempo,

Nutrem-me a sede do sabor

Do ser e do tempo.

O que importa saber se o ovo

Advém da galinha,

Se a galinha, do ovo?

----

Às avessas da in-finitude,

Ao re-verso da imortalidade,

Ao in-verso do in-condicional,

Ao verso de horizontes finitos,

Às estrofes de sentimentos

De amor e paz,

De felicidade e alegrias mil e tantas,

- Dizerem suas verdades -

Modificam a linguagem,

Estilo,

Nasceram poiéticas,

Prolongam-se poéticas em busca do

Verdadeiro verso do espírito e do ser,

Re-velando perspicácia...

O ovo foi levado pelo vento.

O vento esvaeceu-se.

#RIO DE JANEIRO(RJ), 20 DE SETEMBRO DE 2020, 12:32 a.m.#

 

 

Comentários