#fFOGO SAGRADO DE PENAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/GRAÇA FONTIS: POEMA ----


Travessias longas, travessias árduas,

Travessias,

O que dizer-lhes nas circunstâncias

De suas realidades, contingências?

Veredas de curvas acentuadas

O que delas assimilar na jornada do saber e conhecimento?

O que lhes tingem as regências de liberdade,

Gerências da consciência,

Princípios? Utopias?

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Nada... Nada...

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Nada então res-ponde a isto.

Quiçá digam o que despertaram no coração

De sentimentos, contradições e vazios,

Acordaram na alma de perquirições

O por quê das submissões,

Quiçá uivem suas carências, faltas

Nos auspícios da colina em noite enluarada

De final de inverno,

Revelando sonhos, utopias, quimeras, fantasias

De Existir... Poético? Filosófico? Literário?

Existir o sentimento de fazer o destino,

Et locum desideratum,

Aceitação integral da vida e do destino humano

Mesmo em seus aspectos mais cruéis e dolorosos.

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Fogo sagrado, consagrando fantasias,

Dissecando da língua as flamas de sonhos,

De sons estilísticos as faíscas de quimeras artificiando,

Ideais, querências,

Purificação que extingue medos,

Explosão de ad-miração, con-templação,

Linces de visão de soslaio, comoção espiritual,

Sabedoria flanando na neblina

Sob a luz dos postes,

Re-novando, inovando, inicializando

As utopias nas esperanças do ser,

A chama da volúpia interior,

O crepitar da vaidade nas achas dos tempos...

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Já tive o fogo entre os dedos,

Baladas inesquecíveis,

Canções inestimáveis

Vazavam de meu peito e chamas

Ardendo com lágrimas,

Pela ausência de acha na quente lareira,

Entre labaredas de inferno, volúpia dos dentes,

Em câmara ardente,

Fogo que lambe a lucidez

Fogo que rasga o peito

Fogo que alucina

Fogo que avigora

Ao estilo de voltejante rio...

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Quiçá digam o que acordaram na alma

De devaneios,

Devorando os idílios,

Engenhosidade, audácia

Das contravenções, irreverências,

A perspicácia transpondo as meras ilusões,

O fogo liberta da pena

As trevas das sendas,

A angústia de todos os seres,

Aconchega ao peito,

Solta-se, libera-se,

Brilho a chama da existência,

Calor de sensações, libido de vontades,

Desintegro em clarão de magias,

Magia no peito campesino, bosqueano,

Praia deserta, nela energias místicas,

O fogo da vida é alugatório,

Faísca lumiar de etérea chama.

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Quiçá digam as quimeras nas querenças

Do sublime, as fibras tem vigor, potência,

Deixo-me envolver pelo fogo impetuoso

Que brota no lampejo dos pretéritos

Opostos de leste onde faiscam esperanças,

Crepitando o Sopro da Vida...

Que queima nos subterrâneos da inconsciência,

De outras dimensões do espírito,

Ascendendo a coragem, a disposição da busca.

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Tudo passa,

Não os átimos lúcidos,

As horas que são vida,

Instantes de pressão são achas

Para o meu invernoso universo,

Leito de fuga silente

Com os passos da paixão

Na potência do vigor em confronto,

Solidão, ausências e esquecimentos,

Um chorar ao cosmo de inatingíveis ouvidos

Timbres estiolados a baralharem-se

Nas formas estruturais do tempo

Absurdas dimensões e resistências

Penso, aquando um pensar, perdi-me

Incapacitado de estranho rosto

E os rastros de quem lamentou

Bebeu lucidez, loucuras e risos,

Degustou o sabor da inteligência,

Desfrutou o paladar da intuição e dons,

Ao despojar-se no sentir vadio

Interposto entre atitudes e palavras

Não ocultadores da face verdadeira

A face de quem con-templa no ser vadio,

No ser vagabundo, os artifícios do retrato do destino.

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Suave repouso

Esperanças volatizam-se

Sobre nostalgias e fidelíssimas lembranças

Bem acima da terra

Cheiro forte do presente

Urge nos vivos pensantes

Na clareza do dia

Onde há tangeres de sinos

E os fantasmas não pisam

Só meus passos

Grandes são os passos da paixão,

São as marcas na terra, reverberam sentimentos

Presentes, sentimentos pujantes de vazio,

Fincam pegadas sobre mar e céu

Morada de querubins e serafins

Com seus órgãos insolúveis

Emitem músicas nas sombras

Das horas sem fim

Para assombro do relógio, incessante movimento,

Festa tamborinada no peito

Para alívio do coração,

Retornado ao casto ardor,

Ecos brilhantes do eterno

No antes e depois de hoje,

Slêncios sonorizados da solidão

No fogo sagrado de penas,

Ousadias e insolências das idéias e pensamentos

No catavento do saber girando, girando os tempos,

Na roda-viva da consciência e sabedoria renovando utopias,

Acendendo os linces da visão,

Eivando as retinas de místicas alucinações do vazio,

Vistas de universos, vistas de horizontes,

Vistas de entregas, vistas de possibilidades,

Vistas de ideais, vistas de mãos na cumbuca,

Penas sagrando fogo, sagrando fogo...

Com coisas inauditas e loucas todas as carências

Que acompanham o estar-no-mundo...

#RIO DE JANEIRO(RJ), 05 DE SETEMBRO DE 2020, 19:03 p.m.#

 

 


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