MOÇAS-MEMÓRIAS NA POÇA DOS OLHOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA POÉTICA $$$


Sentimento lúdico do ontem, do hoje, e, trazendo o amanhã a participar desse jogo de idéias do tempo que ora se apresenta no eu-poético, despreocupadamente, a impor-me estado ímpar de felicidade. Dessa forma, minh´alma sente a leveza da liberdade daqueles que não levam considerar o Tempo com tanto rigor, História com tanta solidariedade e compaixão.

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Seria que ou não seria que fora da terra, longe dos olhos, perto do coração, dentro da língua a jorrar livremente as melancolias da bandeira da loucura, e da pirataria, o que zanza no céu é uma lua tonta com tantas lembranças dobrando esquinas, nos becos, nas alamedas, avenidas e ruas, “no fundo azul na noite da floresta/a lua iluminou a dança, a roda, a festa...”, recordações contornando curvas, entornando soluços nas encruzilhadas, saudades perpassando as redes no seu balanço nas varandas da carência de encontro com a palavra do verbo de compl-etudes.

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Fora da terra, ausente de mim, o que tropeça no céu é uma lua atônita com íntimos passos em volta da pracinha de fonte luminosa e moças-memórias na poça dos olhos, jogando côdeas de pão aos pombos. Por que esta paixão de amor tomou-me por inteiro? Fora da terra, explodindo em mim, o que desmorona no céu é uma lua em pane cavando meu peito com seus clarões.Há olhos por trás dos espelhos em lugares vazios, buracos de bala e cicatrizes, pixações nas amuradas, paredes, vidros, entre os espaços, há sempre mais um degrau e mais dezenas de passos.

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Ritmo de músicas transcende a vida e a morte, prospectivando antíteses e antinomias da verdade e da in-verdade, regendo linguagens do dito, estilo do intuído, interdito estilo da saudade e melancolia, querência e ilusões do ter sido no ambíguo ato de jogar sobre a mesa, na dubiedade dos lances, de tripúdio e engenho da arte, as leis naturais do sentido e significado...

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Magnífico retrato dos sentimentos comungados à poiésis da metafísica, às idéias re-colhidas e a-colhidas nos horizontes pretéritos das experiências, nas errâncias dos projectos, aos sonhos e utopias do belo contingente, da beleza transcendente, no silêncio eloquente da floresta silvestre, na solidão deslumbrante do bosque perdido, con-templar as águas brancas do Infinito no seio des-encarnado de senso, contra-senso, comungar linhas e entre-linhas nas além-linhas do orgasmo, da magia.

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Sossegado e bem tranqüilo, entre a dispersão e evasão, o silêncio auscultativo da alma escuta o silêncio eloquente da alma, ouve a algazarra da solidão e carência, ouve o burburinho das palavras, re-velando ingenuidades e fantasias, regendo as linguagens do dito e inter-dito, a geração do incognoscível, no belo encarnado de poesia, no feio des-encarnado de senso e contra-senso.

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Houvesse versar as miríades das intuições, percepções, sensibilidade que per-cursam a luz, de-cursam o brilho das imagens semânticas do ipsis da prosa ao litteris da alma, do verbis do engenho ao ipsis do espírito, desejando o rosto das infini-itudes dos desejos e vontades, ser a efígie de um rosto de contingências da alma e nelas habitando a expressão do verbo do espírito, hoje estivera dobrareando as páginas ensimesmadas, en-si mesmadas, pálidos crepúsculos no alvorecer da ilha, ouvindo um trinar de pássaro lindo, tecendo de letras o tapete silvestre em direção ao infinito, ao que trans-cende o esplendor da liberdade de ser quem faço de mim, a mim possa gerar.

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Há tanta leveza na palavra! No breve ato de sonolência, gesto pleno de calor e arte o humano desejo esculpe. Desfeita a fronteira do real, no sono dentro da pupila, visão noturna do inefável neste olhar feito de sonho, no con-templar feito de querências, na in-sônia perscrutando a noite. Ainda que os passos sejam vacilantes nessa tentativa de entrelaçar linhas e entre-linhas, imagens e perspectivas, a pintura, nesta trilha, escrevo rastros da história, passos da memória, marcas do ser à busca de outros uni-versos gerados no ventre do desafio, no peito, no seio de precursoras idéias e sentimentos, nos interstícios primevos dos desejos e querências dos valores eternos, das virtudes imortais, e mesmo entre-vejo dimensões transcendentes que me não são dadas descrever, transcendem a razão e a sensibilidade.

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Quanta força existe no ideal de sonhar! Seria ou não seria que alguém pudesse estabelecer ou instituir esta força no dinâmico percurso de cada época, da História?



#RIO DE JANEIRO(RJ), 27 DE SETEMBRO DE 2020, 14:32 p.m.#

 

 

 


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