#NO MISTÉRIO DO VERDOR# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO ----


A floresta não se reduz ao espaço das árvores,

em cujo centro se adensaria a vegetação.

A floresta é a fluência do verdar,

estendendo-se de verde até não verde

através de articulações inesperadas de sempre mais

e sempre novas cores, cores que encantam,

cores que seduzem, símbolos,

signos que perquirem o sentido,

convidam os linces do olhar a estenderem-se

até onde não se é possível a visão,

Na gênese,

o verde se abisma em si mesmo e neste abismar-se

gera um coração que,

desaparecendo no mistério do verdor,

deixa aparecer todas as cores da realidade.

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Re-vers-itudes de re-vers-idades re-versas in-versas vers-ificam verbos defectivos de horizontes pálidos à luz de crepúsculo tergi-versado de luzes, alumbrado de cintilâncias e numinosidades do sol, todas a luminâncias habitam-lhe presentes em todos os sítios. Sonhos dialéticos de uni-versos sombrios distantes, long-itudes ensimesmadas de neblinas próximas à mercê de nuvens celestiais deslizando lentas, per-vagando leves, suaves, singelas no espaço.

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Gritos sufocados atravessam a noite, o mundo pára, alucinado, devorando desejos, os olhos comendo vontades do longínquo, vers-inicializam na neblina de qualquer esquina voláteis sentimentos efêmeros tão leves e gasosos quanto as nuvens do céu, rompendo no eterno eclipse da paixão o passado imaginário onde o vento sopra forte lindos cânticos de complexos versos, decifrando a encriptação, que reside no coração. Passos, marcas ao longo da Avenida Paulista, madrugada de inverno, pessoas transitando nas calçadas. Estrada sinuosa, sinuosidade forte, presente, árdua, trilhá-la é magia, não se sabe por que vias passos foram dados, sabe-se haver sinuosidades por todas as trilhas, nada resta senão sair performando a dança do peregrino à busca do bosque de sua existência, e, quando o encontra, trilha as sua veredas, o estender a existência às longitudes do mar, alegria e prazer habitando-lhe o íntimo.

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Esperanças con-tingenciais de in-finitos envelados às furtivas de cânticos longínquos transpassando o tempo en-si-mesmado de rodas-vivas, redemoinhos, cataventos, ventos sibilando ao longo do campo de lírios brancos, vers-ejam pers-pectivas de espelhos convexos, imagens côncavas, perspectivas verticais, ângulos horizontais, re-definindo visões em miríades livres de silêncios extensos do ser re-fletindo os entes despidos espalhados entre as estrelas feito poeiras cósmicas, reminiscências ocultas do passado, formas enterradas que recuam e suspiro, longo suspiro introspectivo, ao passarem ombro a ombro com o peregrino.

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Caminho por sobre as espumas da "preia mar" no meio da tempestade sulina do inverno, atravessando montanhas de ondas abismadas de ira.

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Re-vers-itudes de re-vers-idades re-versas in-versas con-templam eternas partidas, perscrutam estadas, re-versando esgares de melancolia à revelia das dialéticas do ser e não-ser bolinando a escuridão da noite, fabricando vida plena, tecendo conquistas com os fios tênues do desejo e vontade, seduzindo de cores semi-vivas a nudez do corpo inter-dita do espírito da vida, re-vers-ejam voláteis melodias, sussurradas, murmuradas, cochichadas, con-tingência de silêncios trans-passando de finitos êxtases re-vestidos de luzes opacas o in-finito verso do uni-verso complexo de dúvidas, inseguranças, medos, desesperanças, fragilidade, re-velando o oculto, des-vendando mistérios, des-bravando o inconsciente, des-cobrindo segredos, des-cobrindo o quanto a vida se des-cobre e se re-vela num olhar:

Olhar de piedade,

Olhar de compaixão,

Olhar de perdão,

(posso até revelar este olhar nalgum instante,

não às escondidas de olhares,

mas não sei perdoar,

inda bem que o sabem)

Olhar de malícia,

Olhar de desejo,

Olhar de solidão,

Olhar de silêncio,

Olhar de volúpia,

Olhar de sarcasmo,

(daqueles olhares:

como é possível a terra-mãe haver

consentido a sua vida no seu seio,

de tão ridícula?)

Olhar de cinismo,

(na sua cabeça apenas um vácuo:

como pode existir no mundo este indivíduo?)

Olhar de sedução!

#RIO DE JANEIRO(RJ), 04 DE SETEMBRO DE 2020, 23:36 p.m.#

 

 


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