Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA A PROSA POÉTICA Moças-memórias na Poça dos Olhos $$$


Ah! Muita força há no ideal de sonharmos, sonhamos o ideal dentro dum mundo tão desleal, que constatamos os sonhos nos movem, Manoel Ferreira Neto, nos dá ambição de alcançá-los e força para persegui-los, ou seja os sonhos nos dão vida! Amei seu texto, você raramente fala de sua alma especificamente e nesse você fala, achei muito interessante e lógico uma ótima "dica" não levar o tempo com tanto rigor, uma vez que essa estrada quer queira ou não percorreremos, melhor aceitá-la e viver plenamente em harmonia, feliz mesmo...Fico feliz em saber que seu eu poético está levando sua alma para dar umas bandas pela literatura literal, pelo parque da tal filosofia de vida, amar, viver, obedecer a sonolência e dormir para reavivar as boas energias e por aí vai...Sem dúvida mais um lindo texto Manu.Parabéns como sempre pela ilustração da maravilinda Graça Fontis <3 Ótimo dia!

Sonia Gonçalves

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RESPOSTA AO COMENTÁRIO SUPRA

Efetiva é a questão de as verdades das condições psíquicas e existenciais serem leves, nada pesam. Quer queiramos ou não, não se desgrudam de nossos pés, o melhor é enfrentarmos isto face a face, sem medos, e instituirmos valores à existência, ao Existir. As verdades são leves, nada pesam. Sou quem as vive hodiernamente, orgulhoso do que consegui por mim, antes, agora, junto com a minha Esposa e Companheira das Artes Graça Fontis. Esta liberdade de instituir e estabelecer o destino, criá-lo, refazê-lo ao longo das situações e acontecimentos, é por sua vez a única entre todas as idéias da razão especulativa, ela é a condição da escolha, o projecto, a utopia da síntese do pensamento e do mundo. Entonce, outrora tracei e compus veredas e sendas a serem percorridas na jornada do intelecto, agora com minha companheira das artes, delineio e burilo as orlas dos desejos e dos sonhos.

Beijos nossos!

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MOÇAS-MEMÓRIAS NA POÇA DOS OLHOS#

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: PROSA POÉTICA

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Sentimento lúdico do ontem, do hoje, e, trazendo o amanhã a participar desse jogo de idéias do tempo que ora se apresenta no eu-poético, despreocupadamente, a impor-me estado ímpar de felicidade. Dessa forma, minh´alma sente a leveza da liberdade daqueles que não levam considerar o Tempo com tanto rigor, História com tanta solidariedade e compaixão.

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Seria que ou não seria que fora da terra, longe dos olhos, perto do coração, dentro da língua a jorrar livremente as melancolias da bandeira da loucura, e da pirataria, o que zanza no céu é uma lua tonta com tantas lembranças dobrando esquinas, nos becos, nas alamedas, avenidas e ruas, “no fundo azul na noite da floresta/a lua iluminou a dança, a roda, a festa...”, recordações contornando curvas, entornando soluços nas encruzilhadas, saudades perpassando as redes no seu balanço nas varandas da carência de encontro com a palavra do verbo de compl-etudes.

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Fora da terra, ausente de mim, o que tropeça no céu é uma lua atônita com íntimos passos em volta da pracinha de fonte luminosa e moças-memórias na poça dos olhos, jogando côdeas de pão aos pombos. Por que esta paixão de amor tomou-me por inteiro? Fora da terra, explodindo em mim, o que desmorona no céu é uma lua em pane cavando meu peito com seus clarões.Há olhos por trás dos espelhos em lugares vazios, buracos de bala e cicatrizes, pixações nas amuradas, paredes, vidros, entre os espaços, há sempre mais um degrau e mais dezenas de passos.

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Ritmo de músicas transcende a vida e a morte, prospectivando antíteses e antinomias da verdade e da in-verdade, regendo linguagens do dito, estilo do intuído, interdito estilo da saudade e melancolia, querência e ilusões do ter sido no ambíguo ato de jogar sobre a mesa, na dubiedade dos lances, de tripúdio e engenho da arte, as leis naturais do sentido e significado...

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Magnífico retrato dos sentimentos comungados à poiésis da metafísica, às idéias re-colhidas e a-colhidas nos horizontes pretéritos das experiências, nas errâncias dos projectos, aos sonhos e utopias do belo contingente, da beleza transcendente, no silêncio eloquente da floresta silvestre, na solidão deslumbrante do bosque perdido, con-templar as águas brancas do Infinito no seio des-encarnado de senso, contra-senso, comungar linhas e entre-linhas nas além-linhas do orgasmo, da magia.

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Sossegado e bem tranqüilo, entre a dispersão e evasão, o silêncio auscultativo da alma escuta o silêncio eloquente da alma, ouve a algazarra da solidão e carência, ouve o burburinho das palavras, re-velando ingenuidades e fantasias, regendo as linguagens do dito e inter-dito, a geração do incognoscível, no belo encarnado de poesia, no feio des-encarnado de senso e contra-senso.

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Houvesse versar as miríades das intuições, percepções, sensibilidade que per-cursam a luz, de-cursam o brilho das imagens semânticas do ipsis da prosa ao litteris da alma, do verbis do engenho ao ipsis do espírito, desejando o rosto das infini-itudes dos desejos e vontades, ser a efígie de um rosto de contingências da alma e nelas habitando a expressão do verbo do espírito, hoje estivera dobrareando as páginas ensimesmadas, en-si mesmadas, pálidos crepúsculos no alvorecer da ilha, ouvindo um trinar de pássaro lindo, tecendo de letras o tapete silvestre em direção ao infinito, ao que trans-cende o esplendor da liberdade de ser quem faço de mim, a mim possa gerar.

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Há tanta leveza na palavra! No breve ato de sonolência, gesto pleno de calor e arte o humano desejo esculpe. Desfeita a fronteira do real, no sono dentro da pupila, visão noturna do inefável neste olhar feito de sonho, no con-templar feito de querências, na in-sônia perscrutando a noite. Ainda que os passos sejam vacilantes nessa tentativa de entrelaçar linhas e entre-linhas, imagens e perspectivas, a pintura, nesta trilha, escrevo rastros da história, passos da memória, marcas do ser à busca de outros uni-versos gerados no ventre do desafio, no peito, no seio de precursoras idéias e sentimentos, nos interstícios primevos dos desejos e querências dos valores eternos, das virtudes imortais, e mesmo entre-vejo dimensões transcendentes que me não são dadas descrever, transcendem a razão e a sensibilidade.

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Quanta força existe no ideal de sonhar! Seria ou não seria que alguém pudesse estabelecer ou instituir esta força no dinâmico percurso de cada época, da História?

#RIO DE JANEIRO(RJ), 27 DE SETEMBRO DE 2020, 14:32 p.m.#

 

 

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