#MISSIVA À LIBERDADE DE FUNDAR HORIZONTES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ----


Epígrafe:

"... a paz de espírito é apenas um mal entendido..."(Nietzsche)

"E nessas efusivantes palavras

Numa longitude em que o passado e o futuro

Bebem da flor primitiva o néctar da sabedoria..."(M.F.N.)

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MESTRES DA HONRA:

Soubesse o nada das virtudes,

Elencaria as dimensões do prazer

De sentir o efêmero esvair-se no tempo,

De jogar os naipes das sinuosidades das estradas

Aos zeros à esquerda, só para ouvir o barulho da explosão,

As consequências de só centelhas sarapalhadas por recantos

E cantos de todos os sítios,

De con-#templ#-orar o passageiro dissolver-se nos segundos,

De pensar o eterno sob o vento suave das verdades,

Verdades dos sentimentos que tecem as teias do sublime,

Verdades das idéias que artificiam o destino,

Crocheteado com as contingências do mundo,

Verdades dos desejos que artificiam, fabricam sonhos...

Verdades das vaidades que abrem venezianas,

Se com-preenderem necessitam fazer o sol, a luz,

Se querem com fervor ver o brilho, brilharem espontâneas,

Aquele conselho de sábio:

Se não habita no seu regaço da alma

A presença de dons e talentos para patentear vaidades,

Serem elas a imagem da pintura dos Valores Humanos,

Não as exponha a olhos nus,

Vaidades sem sol, vaidades sem luz nada são,

Condenam-se por Hipocrisias de todos os sentidos,

Tornando-se arquétipos de farsas, falsidades, aparências,

Rótulos de indivíduos sem quaisquer noções,

Nem mesmo as instintivas,

Assim, sento-me à orla radiante da Praia da Luz, mas também sombria,

Circunspecta, tentando arrancar palavras do coração,

Quem sabe do destino longe das ladeiras

Mal calçadas onde os pés sentiam as dores da vida,

Das ruas empoeiradas e esburacadas,

Onde os sapatos sujos à luz do olhar dos professores

Eram evidências de pobreza sem limites e fronteiras,

E eles nobrezas das tradições,

Dos poderes, nomes poderosos,

Mestres da aparência,

Ambiente de grosserias e violências,

E diziam de peito estufado: "Criamos valores para o futuro",

Com discriminação é possível isto?

Na totalização evidente de minhas fraquezas

Num rogo alegre por alguma sorte que sacolejasse

O Ego

Estreito e tão sombrio.

Já afirmaram "Não tenho superego..."

Gritava a pulmões de respiração triste:

"Estou à cata do Ego nalguma curva das decepções..."

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Soubesse o sabor de nada,

Degustar-lhe-ia o não-existir

De sentimentos inconscientes,

De emoções inexpressíveis,

De sensações latentes...

Saboreio do nada os pensamentos, idéias

Que delineiam as contingências com a sabedoria

Da solidão, do silêncio

Que são húmus e sêmens da verdade

Inda que efêmera;

Saboreio do nada o paladar de fantasias

E das quimeras que nelas residem

Artificio com perspicácia e uma gotícula de ilusão

A continuidade do tempo...

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Soubesse as travessias do não-ser às nonadas

Trilharia os caminhos de ziguezague do Bosque das Estrelas

Isento ipsis litteris de perquirições do além,

Questionamentos do belo habitando os interstícios

Da alma nos instantes de desolação e tristezas,

Ao escapar-me de olhares vários ou do pavor

Contido de mistérios, quiçá apenas apetrechos simbólicos,

Bugigangas míticas, místicas,

Ou aleijões desenhados pela visão distorcida dos fatos,

Quando muito, registro mal feito da realidade,

Rebeldia, revolta, ódio insofismável,

Justificativa, explicação das origens ócias

A habitarem o íntimo,

Espesso véu a encobrir o rosto pasmo de medo,

Medo in-inteligível de ilusões fáceis de alumbrar

Medo in-explicável de certezas que anestesiam as dúvidas,

Que angustiam, desesperam, entristecem,

Medo in-audito do jamais à soleira da eternidade,

Medo insofismável e incólume de jogos da mente

Que dispõem os naipes das cartas à mercê das perspicácias

Da inteligência e da visão dos universos;

Palmilharia a grama viçosa, orla marítima da terra-mãe,

Passos comedidos, sentindo-lhe as energias

E sentindo o sentido em mim vindos de longos anos

A sorte desordenada e verdades que se ajustam

Às coisas e prioridades...

Ah!... Quê audaz aventura!

Que ousada vagabundagem!

Até os gestos inquietos e desconcertantes nesses olhos

De enigmas opacos,

Porém lúcidos e agudos ao revelarem o clamor desse corpo

Em instantes de arrepios ao sensibilizarem

Precariamente glórias por alguns instantes

Neste espaço em que as palmeiras ocupam

Nesta vida assimétrica, corrida contra o tempo

No abstrato cego sentido

Porém trépido já neste momento.

Neste sítio em que a maresia marítima

Desperta no olfato o sonho de sentir o perfume da coragem

De banhar o pulmão de feitos e ideais ad-versos às trevas

Do presente, hodierna perdição almática de existir,

Respirando e aspirando as cositas que habitam o

Decurso e percurso no tempo.

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Soubesse as delícias do vazio

Alimentar-lhes-ia com a volúpia e prazer

De quem satisfaz ipsis verbis as carências,

Ausência de ser...

Saborear-lhes-ia a multiplicidade das coisas

A ser re-colhida e tornada via de acesso a outros panoramas,

Paisagens do oceano, montanhas, o nascer e pôr do sol.

Dir-lhes-ia:

"A rosa emurcheceu-se,

Caiu no solo, tornou-se húmus de outras rosas,

E esta rosa emurchida

Deixou a sua sensibilidade, o seu cheiro, a sua ternura,

Húmus para receber a nova flor "rosa" exalando outros

Espíritos de sentir o SER."

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Soubesse a sabedoria de saber que nada sei,

Saberia verbalizar as sombras das ausências,

As brumas das faltas e falhas, verbos defectivos

De princípios que pro-jectam regências indiretas

A transparecerem as atitudes conjugadas à ética,

Espírito da Vida,

Alma das Contingências...

Soubesse o saber da sabedoria que artificia as sendas,

Saberia conceituar e definir as carências...

Se o ser humano quer ser e precisa ser

O sujeito como eu limitado no seu capricho

E solto no seu arbítrio,

Habita-lhe a rebelião do sujeito.

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Nada sei do nada,

Nada sei do vazio,

Nada sei da travessia,

Nada sei da sabedoria,

Nada sei da solidão,

Nada sei das trevas,

O que é isto - saber?

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Olho a cintilância dos raios sobre as águas do mar,

Sob o sopro do vento, ondas deslizando livres,

Vislumbro à distância montanhas

Porventura não seja este estado almático

O re-colhimento e a-colhimento do sentido

Cego das metafísicas,

Do som ritmado de ondas

Da luz melodiada de espectros

Da palavra musicalizada de verdades intemporais?

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E nessas efusivantes palavras

Numa longitude em que o passado e o futuro

Bebem da flor primitiva o néctar da sabedoria,

Das pétalas vivas a visão das atitudes e ações,

À luz da ilha, do oceano, do bosque,

Empatizando aí um deslumbre verdadeiro

Complementando a sombra que em mim existe

De imperfeições, mas que na sublimidade alcança

O Ego, ao visionar barcos a trafegarem na

Sinuosidade das tímidas ondas do mar primitivo,

No casco, a sensibilidade da intuição que verbaliza

O saber que cada gotícula de água, tocando-lhe,

São magias no "Eu"

Eivado e seivado de utopias do Espírito do Existir,

De muitas constelações testemunharem pretéritos,

Presentes que ainda testificarão no silêncio

Todas as coisas na mudez dos tempos...

#RIO DE JANEIRO(RJ), 12 DE SETEMBRO DE 2020, 11:23 a.m.#

 

 

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