Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA RESPONDE AO COMENTÁRIO POÉTICO AO POEMA #ME PROCESSE# $$$


No fundo da solidão, é daí, desse poço fecundo que saem as inspirações do mundo, de tudo que á arte.As solidões são exigências para as artes, eu amo minha solidão, sempre fui sozinha aqui dentro, hoje não é diferente, e lendo-te Manoel Ferreira Neto tenho a nítida sensação que é assim mesmo não é minha esta ilusão, esse argumento hipotético, é nossa, de nós escritores e poetas e principalmente dos filósofos, é da alma isso...Olha que texto magnífico escrevestes, chega se não corro risco de estragar tal nobre tecedura poética...Grata meu querido, amei <3



Sonia Gonçalves

$$$

#DESERTO INQUIETANTE#

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: POEMA

----

Deixai a imagem ser delineada pelo espírito

Com sensibilidade e inteligência,

- conceber-se e gerar-se sozinha,

tornar-se arte, literária, poética, plástica,

trans-literalizar-se -

Inter-médio dos traços que dais na tela da alma,

Inter-médio dos vazios que deixais nos papéis

Que assumistes e não cumpristes,

fictícios, imaginários, fantasiosos,

atitudes e ações adversas, contrárias,

Inter-médio da intuição de revelar sonho interdito,

alegria breve, o nítido nulo,

Perquirir as carências e desejos de realização

Aliás, nem soubestes performá-los, dar-lhes vida

Não é tão simples, ad-vem da dignidade e honra,

A autenticidade do que reside no subterrâneo da alma.

----

Deixai a balada nascer dentro de vós como rumor de águas

de cachoeira, a sonoridade da queda no lago, no rio,

nascer o cântico do amor, a ópera do silêncio

sinfonia do verbo da solidão,

como um vento despertando as folhagens,

na madrugada serena, tranquila

na manhã nublada, ensolarada, chuvosa,

na tarde suave, clima ameno,

em qualquer instante...

Não vem de supetão, vem de longe e de muito tempo,

Sentir-lhe presente, sentir-lhe as anunciações,

Sensibilizar-vos in totum,

Dons e talentos abrindo-se, despetalando-se,

Criando perspectivas, horizontes à distância.

----

Como é que tendes de súbito esta serenidade

de quem recebesse uma hóstia sagrada em plena desgraça?

Por que já verbalizastes as sensações pós inspiração,

Conheceis estas dimensões, estais sempre desejando

Saber mais, mais e mais?

Deve ser de versos que lestes e nem vos lembrais,

de telas que vistes, de músicas que ouvistes,

de esculturas que tocais, de peças a que assististes,

de sorrisos que percebestes nos lábios de uma criança,

de brilho que vistes nos olhos de um homem

que vos contemplou com sinceridade e amor,

de mágoas, ressentimentos, ódios

que acumulastes, remoestes,

de vossas recusas em mostrar as neuroses e psicoses

nas estantes de livrarias, nos métiers da mídia,

não comestes leva-do-diabo,

sendo aconselhável serdes amarrado

na sombra como um asno,

idéias, utopias, ideais que vos habitais,

quereis divulgar aos universos e horizontes...

imprescindível mergulho no regaço psíquico,

arrancar-lhe os interditos...

----

Às vezes,

No chão do rumoroso deserto em que pisais,

Deserto de angústias ardentes

a cobrirem o peito de sombras,

Deserto de lembranças, recordações de cargas negativas,

Deserto de tristezas e carências inomináveis,

Deserto de sonhos e esperanças de completude,

Deserto de quem não sentis o corpo e alma aderidos.

Assim não vos sentindo existir,

Ausência, falta, falha,

Quem sois de quem é em vós,

De quem estais sendo neste instante-já,

Quem de vós sois,

brota o milagre da canção

no fundo da solidão inquietante

em que vós debateis

nalguns instantes

de vossa vida

nasce a verdade do Ser.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 15 DE SETEMBRO DE 2020, 04:15 a.m.#

 

 


Comentários