#UTOPIAS ERUDITAS DO NADA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



A Esperança não mirra, ela não afadiga,
Igualmente como ela não fenece a Convicção.
***
Abalam-se devaneios nas ansas do Cepticismo,
Invertem-se quimeras nas ansas da Erudição,
Revertem-se ilusões nas ansas do Iluminismo,
Ad-vertem fantasias nas ansas do Agnosticismo,
Con-vertem sorrelfas nas ansas do Simbolismo,
Per-vertem devaneios e desvarios nas ansas do Romantismo.
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Muito ser desafortunado assim não cogita,
Muito ser forasteiro assim não elucubra,
Muitos andarilhos não per-correm as bordas do destino
Nas ruas sem calçadas, becos sem escada,
Para atingir o outro espaço sem direções,
Considerável ladeira, quase se perde o fôlego,
Escolher a intuição, os passos continuam
Aprecio andar, palmilhar as trilhas do campo,
pelas plantações de arroz ladeadas
por gramíneas selvagens,
pisando conscientemente o solo maravilhoso,
sentindo-lhe na sola dos pés, penetrando-me,
começando a viagem por todas as dimensões de mim. Nesses instantes-já,
a existência se torna
realidade miraculosa e misteriosa.
Consideram os homens
Milagre caminhar sobre a água ou no ar,
Nas poeiras de vento,
Sinto que o verdadeiro milagre é caminhar na areia
cobrindo o chão, orla marítima, pensamentos se atropelando
Na roda-viva das contingências, esvaecendo-se na infinitude do mar. Todos os dias envolvo-me em milagres que sequer reconheço: o céu azul, as nuvens brancas,
as folhas verdes,
a maresia no ar,
os olhos negros e curiosos de uma criança
- nossos próprios olhos. Tudo é um milagre.
No entanto o planeta é uma alucinação completa,
Aberração perfeita, insanidade perpétua,
E não é a Esperança por julgamento
Este liame que ao planeta aguilhoa?
E não é a Esperança por juízo prático
O ínterim que concilia a verdade e a aparência do Vero?
Juventude, logo, alteia o teu berro,
Favoreça-te a Convicção da luz intelectual ditosa,
Defenda-te a fama no porvir. Acelera-te!...
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E eu, que habito preso ao desânimo,
Igualmente aguardo o termo do meu suplício,
Na súplica do Fenecimento a me berrar, repousa!
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E continuamos a aguardar o desdobrar do fio do enredo. Para o homérico acareamento com o porvir de nossos descendentes, herdeiros - Isto porque nós, os indefesos e os falhados pelo entretenido sórdido sistema, diante os olhos alienados, somos derrotados e intimidados. Tal qual agourento a nicar nossa quimera, nosso contemplar, nosso espírito, nossa consanguinidade, nossa congenitidade, um verídico assado de picanha, prazer deleitoso, nossa alma. Pensamentos conduzem sempre a palavras e ações. Quando existe compaixão no coração, qualquer pensamento, palavra ou ação são capazes de produzir milagres.
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E assim, cursa o manifesto da Utopia do Nada.
#RIO DE JANEIRO, 27 DE ABRIL DE 2020, 13:29 p.m.#

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