#HASTA LA MUERTE NO ALFORJE# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO




É mais fácil ser feliz do que escrever;
Não troco a felicidade pela escrita,
É escrevendo que artificio
A felicidade que desejo. (Manoel Ferreira Neto)
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Claudicam entre querer e não querer, entre ficarem e arrumarem as trouxas para escafederem-se sem deixarem vestígios, sem deixarem os passos nas pedras das ruas, o adeus insofismável na algibeira, “hasta la muerte” no alforje; no dia do apocalipse estariam presentes para soltar os fogos de artifício, comemorando a alegria de assistirem ao sepultamento de todos, o espaço vazio no mapa, jamais em todas as dimensões da alma, quem dera pudessem, não veriam re-fletidos no espelho a tristeza e a desolação na imagem, as bocas fechadas, em silêncio irrestrito e irreversível, há as suas vantagens...
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Observam com mais percuciência as mazelas e hipocrisias individuais e da história, entre o que se foi e o que haverá de ser – na verdade, na verdade, não sabem se foi mesmo, parece confundido com o que está sendo, o que haveria de ser é o que se foi, o que está sendo é uma ilusão do sonho que se anunciou instantes atrás, tudo parece entrelaçado com certas inconsciências, concebidas e nascidas dos instintos voltados para as justificativas e explicações fundadas e fundamentadas nos interesses espúrios, súcias ideologias.
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Perguntam-se como o que há-de ser será possível, se o presente está amasiado ao passado, não tendo qualquer resposta, inda que inviável; perguntam-se ainda se haveria possibilidade de silenciar onze anos de vida, três lhes foram bem fáceis, mas eram jovens, apesar de quando em vez alguma perspectiva se lhes a-nuncia, cuidam logo de devolvê-la ao catre; jamais poderão figurar em qualquer espaço, levam-lhes consigo para os sete palmos de terra, não havendo quem possa tecê-los de modo a representá-los, quem conhece esses três anos não irá dar com a língua nos dentes, respeitam-lhes o último pedido de não fazê-lo, tudo o que disserem serão criações, invenções, frutos da imaginação fértil; é na carne mesmo que trazem esses anos -, o que pensam e os sentimentos que lhes vão no íntimo, entre a verdade e a in-verdade – insegurança e medo, suponho, - que diz: “O indivíduo, sob qualquer perspectiva e ângulo que se considerar e analisar, está sujeito a todas as mudanças, é uma lei a mais, uma necessidade a mais para tudo o que está por vir”. Pensando e sentindo isto profundamente, é que seguiram a jornada no mundo, realizam o que desejam, sentem-se felizes e alegres, saltitantes. Se não me engano no momento, fora Fagundes Varela quem escrevera num poema: “Vim, vi e venci”, a aliteração mais famosa de nossas letras brasileiras.
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Dizerem-se: “Muda a minha vida” seria desejar a transformação de tudo, até mesmo uma transformação de banda, de esguelha, em última instância, para trás... Não nego facilmente, honra-me afirmar, apesar de sujeito a todos os enganos e erros, sujeito a todas as rejeições, perseguições e discriminações. Os olhos se abrem sempre mais para os horizontes que necessitam e que sabem servir-se de tudo o que a santa sem-razão, a razão doentia rejeita, a alegria e o contentamento nesse caso são mais presentes e fortes, a felicidade mais verdadeira e real, o coração conhece bem percuciente o que é isto – o sangue que por ele passa e repassa a todo momento, sente-lhe o calor efervescente, vivo e pujante, o sangue quente, que sobe por nada até, é da minha origem e estirpe, não há como negar ou subestimar, aliás sinto-me orgulhoso dele, não levo desaforo para casa, se tiver de levar algum, com efeito, passo a viver nas ruas da cidade, carne e ossos lhe agradecem sensivelmente a vida e os fervores, que abrem os horizontes para todos os futuros do espírito e do ser.
#RIO DE JANEIRO, 13 DE ABRIL DE 2020, 8:18 a.m.#

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