CRÍTICA LITERÁRIA POETISA E ESCRITORA Ana Júlia Machado ANALISA E INTERPRETA SIGNOS SIMBOLOS E METÁFORAS À LUZ FENOMENÓLOGICA DA SÁTIRA




Quiçá neste poema sátiro do escritor Manoel Ferreira Neto, que faz com brio e erudição, criticando a sociedade, os fracos de intelecto, que constituem a hipocrisia e falcatruas, usando em todo o poema muitas metáforas onde leva-me ao tempo das Tragédias Persas (472 a. C.) e Sete contra Tebas (467 a.C.) de Ésquilo e busca executar uma observação do dialecto e do figurismo em ambas a partir das espécies fenomenológicas ou seja Exposição racional dos prodígios, em sua essência fictícia e falaciosa, enxergados a partir do convívio com os sentidos pessoais. Em concreto, estuda os modos de figuração da figura e do símbolo-metáfora – que se arrolam na terceiridade –que avizinha um primeiro e um segundo numa sinopse intelectiva, equivale à porção de compreensibilidade, ou inteligência em signos, através da qual interpretamos e analisamos o mundo. Por exemplo: o anil, básico e positivo anil, é um inicial. O paraíso, como lugar e tempo, aqui e agora, onde entranha-se o anil, é um segundo. A sinopse intelectual, preparação intelectiva — o azul no paraíso, ou o azul do firmamento —, é um terceiro. E suas assistências no íntimo da trilogia latente – na forma de facto seguida do signo, as quais fomentam no intelecto a autenticação das regras erigidas pelo uso habitual acrescido por convénio e rotina. A partir dessa abordagem cumpre-se que o modo como o conhecimento se ostenta no símbolo, a um grau superior semioticamente em estado de terceiridade, possibilita um processo de significação e de produção de significados ilimitados. Nutre-se aqui a suposição de que os sentidos das pronunciações alegóricas, notadamente dos símbolos-metáfora que sucedem no plano da textualidade inspiradora das partes, não são património das formas das falas, mas consequência de manobras intelectuais que se efectuam em formas de representações e que podem ser enxergadas do ponto de vista da sua utilização latente, uma vez que são sintaxes activas, ajustáveis às pobrezas de diegese de ideias, manobradas por indivíduos incluídos em um entrecho societário verídico, ou seja, em um tempo e um extensão verídicas ou instituídas em universos exequíveis de serem mentalmente delineados pelo dialeto. Com efeito, na Semiologia peirceana o que decifra um signo é sempre outro signo – um signo mais acrescido – que pode ser uma percepção, um verbo, uma conduta, um emudecimento ou qualquer outra coisa concebida a partir da conexão que o signo entendido provocou. Nesse sentido, como “signos dos signos”, as formas filológicas são representações mais ou menos translúcidas das representações com que compilamos os acontecimentos do planeta em representações para arquivá-los em poderes intelectuais, convertendo-os em esclarecimentos desimpedidos na edificação dos significados que as construções gramaticais criam. Quer no método de edificação de significados, quer no método de desconstrução (interpretação), os espaços intelectuais operam como repositórios momentâneos de organização de ideias em dialeto. Interligando-os, existe uma vasta rede de zonas intelectuais. Como imagens, tais edificações intelectuais são signos – reproduções de planeta, de compreensões, práticas, existências, reflexões, enfim, de veracidades que elegem os “mundos” e os episódios sobre os quais proferimos e/ou as situações nas quais interatuamos Assim sendo, as figuras do dialecto expresso nas peças de Ésquilo são signos, vestígios mais ou menos patentes que nos ensinaram a parir interpretantes, que são por sua vez, especulativa e de maneira pragmática, prática, manobras intelectuais ou comportamentais instruídas a partir do modo de ativar de ligações que criámos entre um signo, um objeto e por aquele que interpreta. Enleiam-se os signos, e o efeito do interpretante provém dessas multíplices se mioses. A semiologia proporciona-nos uma estrutura para o estudo das letras que propõe-se ampliar a extensão do centro cingido apenas aos signos orais para o intento mais dilatado de um locus criativo de convergência de signos verbais com muitos outros tipos e circunstâncias de signos. Para acercarmos a um efeito esclarecedor, o processo semiótico presenteou um mapa coerente para a agnição e sentido desse mundo alegórico. Uma sucessão de sensibilidades e comportamentos foram recrutados no intuito de deduzir os significados das representações e dos símbolos. Com sua linguagem que se pode narrar ao que abrange imagens e o figurismo exteriorizado, Ésquilo facultou-nos sinais, um panorama denuncia que nos conduziu aos símbolos-metáfora.
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Concluo verbalizando, porque daria para páginas e páginas este assunto é que sem dúvida o escritor compôs um cântico às metáforas para denunciar o quão o ser é tão previsível, hipócrita e sem pejo, o humor e seriedade que lhe é particular...como ele termina o seu cântico já verbaliza muita coisa:
Hino ao exclusivo, passarinho adejando,
Instintivo, independente,
Gorjeando as perfeições do iluminismo,
Que, centralizado no intelecto, fundamenta –se no estatuto da erudição e do raciocínio para esgaravatar os princípios lógicos - de forma experimental e pensante - rejeitando quaisquer crenças, particularmente, os comparados às erudições religiosas e/ou políticas.
O sublime das dialogistas,
O bizarro do Estado mental e intelectivo do sujeito cuja exteriorização pode acontecer tanto no âmbito pessoal quanto no coletivo, fazendo com que esse sujeito adquira agnição dos objetos extrínsecos a partir de aludidos inerentes.
e fatalidade
Do ser e não-ser.
Ana Júlia Machado
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Só há duas coisas, Aninha Júlia, Ana Júlia Machado, a serem ditas de sua Crítica: as inspirações de minha sátira foi a que você citou, Ésquilo. A segunda coisa: PERFEITÍSSIMA A CRÍTICA. PARABÉNS! Beijos nossos a você, à nossa amada e querida netinha Aninha Ricardo, à sua família.
Manoel Ferreira Neto
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#ODE ÀS METÁFORAS DE ÊXTASE E SÍMBOLOS DE ESTESIA!
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA SATÍRICO
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Ode aos que dão pérolas aos porcos,
Pois que assim mostram com magia e esplendor
O egrégio senso de solidariedade e compaixão,
O excelentíssimo espírito de caridade e fé cristãs,
Desejando, assim,
Redenção dos pecados e pecadilhos,
Culpas, remorsos, responsabilidades,
Ressurreição – quem sabe até assunção ao céu!!! -,
Podendo curtir e usufruir
As belezas divinas do Paraíso Celestial,
A paz real e indescritível
No crepúsculo pálido
Da natureza trans-cendental.
E diz a Bíblia: “Não dê pérolas aos porcos!”
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Ode aos que arriscam
A dignidade, honra, caráter,
Alma, espírito, vida,
Outras cositas mais,
Em prol de petiscarem
Caminho de pouca distância,
Menos poeira,
Menos cansaço,
Menos raios incandescentes de sol,
Numinando as margens da estrada,
Con-templando as pressas do non-sense,
Panorama de cair o queixo de tanta beleza e resplendor,
Iluminando as dialéticas das cavernas
Dentro e enfiadas nos abismos,
Transparecendo as imagens e perspectivas
No interior das pedras das montanhas,
Para o inferno de prazeres,
Alegrias, satisfações,
Com direito puro e inalienável,
Prático e inconteste
De curtirem as chamas
E presença de todos os pecadores
De todas as laias, estirpes, raças,
Origens,
Não importando se a arte é origem
Da vida ,
Se a vida, origem da arte,
Enquanto ouvem pela eternidade
Os parágrafos e cláusulas
Do apocalipse de Mefistófeles.
Quem não arriscar,
Com efeito,
Não vai petiscar essas honras!
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Ode aos que preferem
O pouco ao nada,
O pouco de inteligência
Irá permitir-lhes, até com grande eficiência,
Organizar as hipocrisias essenciais
Para o jogo das falcatruas,
Com as cartas marcadas das estratégias,
Com os naipes específicos dos instintos
De interesses de poder;
O pouco de sensibilidade
Irá garantir-lhes a certeza
De que os parceiros, companheiros, amigos
Não lhes olham de rabo de olho,
Não são capazes de perceber
Que estão sendo usados e utilizados
Em proveito próprio,
“Os fins justificam os meios”,
Dizia consciente e orgulhoso
Maquiavel,
Serão descartados assim
Que as real-izações se fizerem presentes.
“Antes pouco do que nada!”
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Ode aos matos atrás dos coelhos,
Porque são e serão esconderijos
Dos que
Com o olho esquerdo
Mandam o bem, o amor,
A compaixão, solidariedade,
A dignidade, honra, respeito,
O caráter, personalidade,
Id, ego, superego,
Às pré-fundas do inferno,
Com o olho direito
Mandam a compostura, conduta,
Princípios,
Ideais de valores e virtudes
À merda,
Esperam em estado de êxtase e euforia
As medalhas de honra ao mérito,
O banquete de Platão,
Regado de vinho do Porto,
Churrasco de carne de tatu,
Caçado a vira-lata,
Por serem livres e de visão ampla
Da vida,
Das coisas do mundo,
Ec-sistência,
Mesmo das imagens e panoramas
Do além,
Vistos sob a luz do re-nascer do sol
Nas montanhas distantes e longínquas,
Através da fresta, abertura, frincha
de janela
Semi-aberta.
“Atrás desse mato tem coelho!”
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Ode aos coelhos atrás do mato,
Porque ao fim do dia,
Após correria daqui para ali,
De lá para cá,
Tentando saciar a fome,
Que lhe é peculiar e singular
À sobrevivência
Da simplicidade e humildade
De seus instintos,
Tiram uma palha,
Sonecam,
Dormem
O sono dos justos,
Dos justiceiros
Que são oposição, oponente
À realidade do espírito
Do além do bem e mal .
“Atrás desses coelhos há matos!”
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Ode ao único pássaro voando,
Espontâneo, livre,
Trinando as belezas do iluminismo,
O belo das dialéticas,
O barroco da subjetividade e tragédia
Do ser e não-ser,
O romantismo da tuberculose,
A modernidade do câncer e Aids,
Da poetose, do intelectualoidismo,
Corrupção, banditismo,
Do que dois pássaros voando
Sem rumo, destino,
Perdidos no tempo e espaço
Das vivências, experiências,
Vivenciários
Das buscas de êxtases e estesias
Do pleno,
Sublime,
Eterno,
Imortal,
Condenados ao olvidável,
Ao nada
Das travessias e nonadas.
“Antes um pássaro na mão do que dois voando!”
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Ode aos que não olham
Os dentes
Do cavalo ganhado,
Põem nele a cela,
Freio, cabresto,
Ferram,
Vão passear pelo sertão
A fora,
Alegres, felizes, satisfeitos,
Libertam-se da sociedade,
Suciedade,
Civilização,
Ovelhas dela
Pastores que sustentam
Passaporte diplomático,
Muito cedo iriam
Para a mansão de Mefistófeles.
“Cavalo ganhado não se olha os dentes!”
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Ode aos que preferem
Estar com fome,
Estômago roncando à beça,
Bagos dos olhos
No mais profundo das órbitas,
Pernas tremelicando,
Sem derramarem pujantes lágrimas,
Sem reclamarem,
Sem descerem as puas
Em Deus
Por lhes darem destino
Tão triste e des-consolador,
Do que mamar nas tetas
Das propinas,
Do dinheiro público,
Dos patrimônios históricos,
Culturais,
Artísticos,
Do dinheiro dos turistas,
Das explorações e roubatinas
Comerciais.
“Quem não chora, não mama”
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Ode à água mole
Que de tanto bater (dar)
Na pedra dura
Até furá-la,
Quem sabe
A pedra dura dos interesses espúrios
Seja furada,
E nos lugar deles
Haja possibilidade
De encontrar
O espírito da compaixão,
Amor,
Solidariedade,
A partilha dos bens,
A democracia das utopias,
A comunhão das necessidades
De vida,
Direitos humanos!
“Água mole em pedra dura tanto bate (dá) até que fura”
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Ode aos que riem por último,
Ser-lhes-á dado tempo
Sem ponteiros, sem margens, sem pressa,
Sem minutos, segundos e horas,
Para check-up geral nos dentes,
Deixar-lhes tão brilhantes
Que iluminem as trevas
Da ignorância,
Ausência de percepção,
Intuição,
Sensibilidade
Do outro,
Para rirem melhor
Dos poderes, orgulhos,
Lisonjas,
Pré-conceitos,
Dis-criminações,
Vontades de subestimar,
Negligenciar,
Diminuir
Os valores, virtudes
Éticas e morais,
Cujas intenções foram de esconder
As incapacidades, incompetências,
Inferioridades, fracassos e frustrações,
Fugir do nada que é,
Sê-lo-á por todos os séculos,
Milênios,
Ao outro não restando
Alternativa
Senão enfiar a cabeça
No buraco de tatu,
Jamais lhe mostrando
Aos homens, ao mundo, à terra
Até à consumação dos tempos.
“Quem ri por último ri melhor”
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Ode aos macacos velhos
Que se satisfazem em comer as bananas
Na terra mesma,
Aquela vaidade de subirem na galha
Mais alta das árvores,
Para curtir as delícias da banana,
Mostrar poder e sisudez,
É de tempos de outrora,
No momento, podem ter vertigens,
Caírem, morrerem
Por encontro imprevisto,
Quando poderiam saber de antemão às revezes
O que é isto – morrer de morte natural?
Enfiar a mão na cumbuca
Da ousadia
Já não lhe cabe mais.
“Macaco velho não enfia a mão na cumbuca!”
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Ode aos vencedores,
Realizaram os sonhos
Dos bens materiais,
Da paixão inominável,
Do amor indescritível,
A paz de espírito,
A consciência-estética-ética,
A visão-(de)-mundo
Percuciente e esplendorosa,
Pois terão tempo de sobra
Para comerem tranqüilos,
Serenos,
As batatas fritas
Com molho de catchup,
Sal, algumas pintadas
De molho de mostarda,
Acompanhadas de uma cervejinha gelada,
Um aperitivo delicioso,
Conversando com os amigos,
Cúmplices, álibis,
Capachos,
Sozinhos,
Observando as nuvens brancas e azuis no
Céu do meio dia,
No céu de estrelas e lua.
“Aos vencedores as batatas!”
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Ode aos que querem
A redenção,
A ressurreição,
A perfeição de caráter,
Personalidade,
Condutas e posturas éticas,
Valores e virtudes morais,
A perfeição em tudo que fazem,
O amor, paz,
Tranqüilidade,
Serenidade,
A conta bancária bem rechonchuda,
Amigos de primeira qualidade,
Inteligência sem precedentes,
Intuição, percepção indescritíveis,
Sensibilidade e espiritualidade
De sábios e profetas,
Razão prática e pura entrelaçadas,
Comungadas, aderidas,
Advindos dos dons e talentos
Que lhes foram doados gratuitamente,
Não necessitando esforços, lutas árduas.
“Quem tudo quer tudo perde!
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Ode aos que caçam
Tatu, perdiz
Com gato,
O que é manifestação de inteligência
Elevadíssima,
Pois nem a perdiz,
Nem o tatu
Reconhecem o miado
Como ameaça às suas vidas,
O resultado é bem superior
Às caças com cachorros,
Sorriem e latem para
As vítimas,
Latem e sorriem para os donos
Não têm perspicácia alguma.
“Quem não tem cão caça como gato”.
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Ode aos que só
Conhecem adágios, ditos populares,
Expressões,
Para a realização de seus objetivos,
Propósitos,
Os mais ad-versos,
Construindo assim nova
Linguagem, estilo,
Para a expressão das pré-fundas
De seus desejos verdadeiros,
Escusos,
De seus interesses e ideologias.
#RIODEJANEIRO#, 16 DE ABRIL DE 2020, 22:11 p.m#

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