#RIOS COLORIDOS A PINCELAREM A VIDA# - MINI-ENSAIO METAFÍSICO DA OBRA #FOLIÁCEAS DE DENTRO#, DE GRAÇA FONTIS. GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: MINI-ENSAIO


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Mister de início traduzir, interpretar, analisar esta obra prosaica poética desde o título para apresentá-la.
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"Foliáceas de dentro" não é apenas metáfora do texto, é também signo, símbolo: as "foliáceas", vocábulo referente a folhas, são as dimensões da alma, o que nela existe dentro, a intimidade da alma, o que nela reside de sentimentos, desejos, vontades, utopias, sonhos, esperanças são símbolos, signos da vida: "Na flora de dentro", nos interstícios da alma, em que(onde) a vida cresce, a vida dos sonhos cresce, amadurece, flora o tempo, e o tempo consagra-lhe "flexibilidade e rigor ilimitados", e este tempo é revelado numa metafísica esplendorosa "rios coloridos inimagináveis a pincelarem/a vida neste roteiro sem gráfico ou retensão", a mov-ência do tempo é mostrada, de-monstrada a partir dos rios, a partir de "roteiro sem gráfico ou re-tensão" a "...pincelarem a vida" - a presença da pintura aqui é nítida e transparente, o pincel a delinear, a pintar o rio", a sua trajetória, a sua caminhada, a metafísica do movimento do tempo vista à luz dos "rios coloridos", coloridos por lhes habitarem todas as dimensões sensíveis da alma.
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Vale ressaltar nesta passagem, o crescimento, o amadurecimento da escritora Graça Fontis, no que tange à linguagem, estilo poético, literário, metafísico e filosófico com esta passagem de fina estética "rios coloridos a pincelarem/a vida neste roteiro sem gráfico ou retenção", estética que só a sensibilidade de uma artista-plástica é capaz de criar dentro de uma obra literária, vê-se, con-templa-se a Imagem do rio, a pintura que o pincel dera origem, conhecer o passado para abrir o corpo, abrir o corpo(imagem) para alcançar o espírito, e os rios pincelam a vida, delineia-a, burila-a, ornamenta-a de novos horizontes, uni-versos, de outros sentimentos. No sentido de a-presentar, demonstrando esta leitura, a escritora refere-se a "metafísica das metas-fisicas" - metas-físicas significando as metas para a criação artística, o corpo é o físico, presente sempre no ato de sentar-se, as mãos trabalhando, seja na pintura, seja na prosa, na poesia, a metafísica das metas-físicas "... segregadas na sonorização dos sentidos, sentimentos, na estilística dos desejos e vontades da Arte, nos "acordes áulicos e sensíveis", a alma e espírito a comporem canções, através das "cordas", que a escritora não identifica serem de cítara, violino, violão, harpa, mas que, mergulhando na poiésis da linguagem e do estilo, nas imagens metafísicas da obra intui-se e percebe-se que são as cordas da alma que criam os sons do espírito sedento de conhecer o eidos da vida, nestas cordas a música do Amor, em tom maior, Amor pelas Artes"... da escritora por elas, delas pela escritora, pululando jubilez no alvor as úmidas relvas...", e os "... amantes voluptuosos em suas fatuidades convergidos no mais profundo idílio...", "... auspiciando novos tempos..."
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Se na primeira leitura, afigura-se que a escritora está descrevendo poética, metafísica e plasticamente a trajetória do amor que lhe habita o eidos da alma, e trans-cende ao espírito da vida, nos caminhos das artes, literatura, poesia, pintura, escultura, as aprendizagens que re-colheu e a-colheu, a verdade é que a sua intenção é poética e metafisicamente re-presentar o tempo e o espaço fundindo-se, fundindo-se num "só acorde", acorde da linguística, meta-linguística, semântica, estilística, metafísica, assim através de sua criatividade, de seu ato criador literário, poético, crítico literário compor um álbum, álbum em que demonstra a sua sensibilidade artística, acompanhada de todas as dimensões dos desejos, vontades, utopias de a Arte ser Vida e da Vida ser Arte de modo verdadeiro e não hipocritamente.
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Então, neste prisma de nossa interpretação, análise da obra, a escritora poética e plasticamente, nas sendas da metafísica da linguagem e estilo, da filosofia da estética, tece com primor a autocrítica de sua obra, delineia e burila as suas veredas de artista-plástica, de escritora, poetisa e crítica literária, através dela pode-se, efetivamente, tecer TESE DE DOUTORADO, Idéias e pensamentos, Ideais e Utopias da Obra e da Vida.
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Nas últimas palavras do poema, "... auspiciando novos tempos sem que descabem na hipocrisia e restem-lhes somente um álbum com velhas fotografias.", intuindo a percepção da imagem que se anuncia na alma e no espírito, e das palavras que re-presentam esta Pintura, sabendo lê-las, os novos tempos emoldurados na Alma, a Esperança do Ser sendo a realização do Ser e o Espírito do Eterno.
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Trata-se de um texto importantíssimo para o aprofundamento e conhecimento de sua obra, quem é GRAÇA FONTIS, como artista plástica, como mulher, como mãe, como avó, como esposa e companheira das Artes, as suas ESPERANÇAS DO ESPÍRITO DA VIDA E DO AMOR, DAS QUIMERAS DA EXISTÊNCIA E DO SER
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(**RIO DE JANEIRO**, 04 DE ABRIL DE 2018)
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#FOLIÁCEAS DE DENTRO#
GRAÇA FONTIS: POEMA
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Na flora de dentro, em que a vida cresce, o revisar precoce nas cordas do tempo, e o tempo consagra-lhe
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flexibilidade e rigor ilimitados
às vocações náuticas nas foliáceas
das terras ininteligíveis,
de veias,
poros,
pelos...
rios coloridos inimagináveis a pincelarem
a vida neste roteiro sem gráfico ou retensão,
marcado apenas por compassos
ao pulsar do coração...
preciso, exato;
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relógio incansável, recorde de grandes paixões enérgico nas ladeiras no sono um frágil a compor canções, segregadas na sonorização dos sentidos, sentimentos, às margens do cérebro minado por acordes aulícos, sensíveis e transparentes... dócil à cata, terno e lúcido o caminhar frenético rio abaixo, pupulando jubilez no alvor as úmidas relvas, musa inspiradora d´um poeta cantador.
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Nas cordas, um tom maior diz do amor,
flores, peões e pescadores,
do luar fluindo sobre colinas,
vales e amantes voluptuosos
em suas fatuidades convergidos
no mais profundo idílio -
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corpos já não são corpos, a metafísica das metas-fisicas inundaram os interstícios de suas almas, rompendo a lei da gravidade, o tempo e espaço fundem-se num só acorde, auspiciando novos tempos sem que descabem na hipocrisia e restem-lhes somente um álbum com velhas fotografias.


#RIO DE JANEIRO, 04 DE MARÇO DE 2020@

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