#FOLIÁCEAS DE DENTRO ENTRE SUSPIROS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: CANÇÃO DO LANGOR SUPREMO



De nada os favores con-cedidos,
con-sentidos livremente por não havido
haverem modos outros de realizar
as intenções de esplender as utopias do sublime
além das fronteiras da con-tingência,
reverberar e verbalizar o silêncio nada vazio
de solidão e rebeldias,
de ausências e meiguices e profanas heresias,
desejando esperanças e ideais,
auscultar e sensibilizar
pelo rigor pretérito de uma tarde nua
pela jovem alma de quem ama,
pelo agudo esquecimento e quebranto
a perene beleza de sentimentos, entregas
e versos adversos do mundo e pensamento,
nuvem confusa me enevoando o olhar.
Não ouço mais.
Caio num langor supremo
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De nada os obséquios lançados,
pro-jectados aos limites do in-olvidável por eles
sido haverem perfeitamente luzes
no subterrâneo do espírito,
iluminando as alamedas das idéias,
pensamentos para a consagração da liberdade,
da consciência, que percorrem os tempos
sob os ventos das ipseidades,
sentido íntimo e profundo fogo sutil,
labaredas amenas, faíscas pequenas,
a correr de veia em veia
por minha carne,
e no transporte doce que a minha alma enleia
sinto asperamente a voz emudecida.
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De nada as boas ações
patenteadas no sentido de as dificuldades,
dores e sofrimentos não se estendessem
para além das angústias, tremores, temores,
a continuidade das querenças e desejâncias
fosse possível, sentir pudesse a estrada
de por baixo dos pés, o destino qual seria,
como estaria existindo as conquistas
e no travesseiro o sono da consciência tranquila,
comedida, calma, serena.
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De nada as finesses das palavras,
re-presentar, simular, dissimular, mentir
fizeram-lhes pensar e sentir re-velavam
sentimentos inéditos, que abriram as persianas dos sonhos, venezianas das entregas,
poder ver-lhes puros com a sensibilidade,
sonhara,
ler-lhes com sabedoria e perspicácia,
quisera.
Nada re-velava,
as re-presentações foram em demasia chinfrins,
mostravam as ausências de verdades na fala,
gestos, atitudes, comportamentos.
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De nada a compaixão tão sensível,
tão presente naqueles instantes em que a noite
se presentifica e não se vê única estrela no céu,
tudo escuro, as luzes dos postes na rua apagadas,
perdição e desolação,
nem mesmo se haverá outro alvorecer,
não entendido havendo os silêncios da alma,
li-os uma "performance" da hipocrisia,
alfim não sou destrambelhado, enxergo bem as coisas,
a perspicácia habita-me com toda a prepotência de seu ser,
sono profundo flui das
Folhas brilhantes,
Brotam flores primaveris num prado
Onde pastam potros, pôneis e os ventos sopram
Gentilmente junto das folhas novas
Entre suspiros,
"Foliáceas de dentro, nas bordas da língua",
A língua vacila, titubeia, engrola,
e suave
corre debaixo da pele uma chama,
Não há visão nos olhares,
só fazem troar os ouvidos.


#RIO DE JANEIRO, 04 DE MARÇO DE 2020#


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