#PERVAGANDO DAS CHAMAS DE FOGO METÁFORAS E METAFÍSICAS🧧# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA



A partir de hoje cessa o curso das estrelas, do sol, do canto do galo, do trinar dos pássaros, ladrar dos cães, gotejar da chuva no telhado, enroscar da serpente no galho da árvore, do evoluir das sombras, toda a natureza silenciar-se-á para mim diante dos traques-traques das achas de lenha que se queimam, tornam-se cinzas à mercê das chamas de fogo. E uma pergunta que não se quer calar presente em mim: "Quando é que alguma vez se conseguiu liquidar a natureza na imagem?" A minha ínfima parcela do mundo é infinita! In-finitas as metafísicas do belo, exegeses da solidão, metáforas do vento e silêncio, da imagem que os brilhos da lua pintaram, desenharam na superfície das águas que correm ao longo do rio. In-finitas as metafísicas do vento que sopra a poeira das estradas e ela invisibiliza a visão adiante. In-finitas as metafísicas do pastor que pastoreia as ovelhas no crepúsculo, con-templando furtivamente o panorama do vale que se estende a perder de vista. In-finitas as metafísicas dos raios numinosos do sol que rompem os espaços das árvores e performam de cores os espaços florestais, e os animais, répteis movimentam-se, a onça descansa tranquila na sombra de um arbusto após degustar a carne de sua presa, a cascável ritma o seu chocalho, os cisnes banham-se nas águas da lagoa. In-finitas as metafísicas do encontro da lua com o sol, a sedução lúdica de raios e brilhos, o convite do sol para a lua visitar o lugar sereno atrás dele, piquenique na margem do rio do cócito. In-finitas as metafísicas do in-finito comungando universos e horizontes no seu seio pleno de in-finitivos verbos do pleno.
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Plen-itudes silvestres...
Plen-itudes silvestres...
Sendas e veredas sarapalhadas...
#RIO DE JANEIRO, 24 ABRIL DE 2020, 07:17 a.m.#

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