ODISSÉIA ÁSNICA DE HIPOCRATES # GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferrreira Neto: SÁTIRA



Lacrimenses dos Insanos tem seus modos de falar peculiares, ditados populares inusitados; não se faz necessário explicar-lhes os significados, todos entendem e compreendem. Dizem com isto que não gastam gogó com muitas palavras. Mas o ditado popular "JOGAR FUMAÇA PARA BAIXO E SENTIR O CHEIRO DE CIMA", nunca eu havia visto falar, nem mesmo em Atenas. Ouvira lá dizer "Jogar dinheiro para cima e viver a desgraça no fundo do abismo." Não saberia dizer se o de Lágrima dos Insanos fora adaptado. A verdade é que jogar fumaça para cima tem o sentido de espairecer a dores do passado e viver a vida de alegrias fúteis e passageiras.
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Mergulho em todos os relinchos
Relinchos que fazem a esperança
Brilhar nos olhos como a jornada
Vespertina do sol faz brilhar
As estrelas nos céus,
Penetro-lhes os
Sentidos, ininteligíveis ou inconcebíveis,
Lívidos ou transparentes,
Melancólicos ou em estado de êxtase,
Meus olhos são pequenos para ver
As casas sem fogão a lenha, sem janelas,
Casas invisíveis,
Meus olhos são pequenos para ver
O movimento das asas do beija-flor,
A planície de garoa, os vales de neve,
As sombras das árvores ao redor do círculo
De luz no centro da rua, luz que se concilia
À nuvem fina do in-verno, próximo ao córrego...
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Vivo sentimentos outros, vivencio desejos outros,
Sinto querências outras dentro de única esperança,
Elenco as desejanças habitantes do nada que me reside,
Enumero as contas do terço de mistérios, e pretéritos,
Vislumbro as sensações indizíveis do vazio que em mim
Desliza dentro,
Sentado numa rocha, com a patas encolhidas
Entre as dianteiras, de onde des-aparecera a aspereza calosa
E tisnada das armas e dos remos
- Viver vida diferente -,
Ser diferente à luz de águas cristalinas,
Ser similar aos raios do sol perpassando a poeira da rua,
Ser sem tirar e sem pôr a face outra do rosto sem verdades
Enlanguescido e perdido, olhos frios e envelados
- meu olhar re-{s}-surge como um
Raio vindo misteriosamente do sub-terrâneo dos instintos
Trans-forma perfeição
Em pétalas de versos,
Sob o toque singelo do sereno,
Exalando o doce perfume da linguística do eterno
Torna prosa a pureza da rosa,
Torna poema os espinhos do cactus,
Trans-forma imperfeição
Em espinhos de rosas,
De onde o gelo se dissolve e pinga,
Umedecendo a terra do canteiro.
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No limiar do agora que se tem perdido para sempre, que se perdeu no sempre do limiar, que no sempre perdeu o limiar, que no perder o sempre limiou-se entre os liames do nada e do ser, da aparição e do vento breve, levado pelo mais brando silvo, pelo mais inaudível sibilo entre serras, pelo mais sensível som sideral dos horizontes, respiro uma vida profunda, suspiro esperanças e fé íntimos, re-velo sentimentos delicados, exprimo emoções di-versas, in-versas e re-versas, por vezes avessas às manifestações do verbo, modelo-me com a facilidade de uma máscara de cera: tudo o que cor-[res]-ponde a signo interior, alegria ou tristeza, cólera, ou esse poderoso hausto de vida que parece, às vezes, inflamar-me a alma sensível como chama de puro entusiasmo, inocente êxtase, ingênuo prazer, puro clímax.
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Com palavras de pretérita erudição, tecendo sentido com metáforas e re-presentações de sonhos, as sinuosidades dos caminhos da alma por presentificar alguma verdade que alumia a treva das incertezas, que ilumine as sombras das dúvidas, que clareie a penumbra do universo atrás do infinito, onde as contradições do bem e do mal re-fazem as hipocrisias do absoluto e do efêmero, re-criam as dialéticas das quimeras conubiadas com as ideologias chinfrins da consciência e inconsciência do êxtase e sensual que trans-elevam a libertinagem aos auspícios incólumes, insofismáveis do inócuo nonsense, do inóspito em êxtase, onde o nonsense do belo e do feio desata nós, atravessa idílios e quimeras... À cristalidade do ser e do sangue que percorre as veias
e que cintila ao mesmo tempo e que brilha nas furtivas miríades do verbo-uni do verso-alma.
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A solidão da libido desemboca no caos do genesis, no cosmos do Apocalipse, no nada de Corinthios, no vazio de Cânticos e no catavento do orvalho da madrugada a roda viva gira ao re-verso das ilusões do ser seivado de fracassos, frustrações, re-cambaia do in-verso das fugas e justificativas os desejos e esperanças daquele paraíso além de todas as felicidades às pálidas sombras, penumbras, trevas, brumas, quisera abrir um buraco, varar o túnel, largar a terra, passando de por baixo de seus problemas, con-templando o espírito da eternidade, se é que mesmo e sim existe a re-encarnação, os ossos suprassumirão a carne, a esperança de simil-itudes de pretéritos ritma, acorda, musicaliza, até cancionaliza o imperfeito do pretérito, o particípio do gerúndio, o imperativo do in-fin-itivo, o genitivo das declinações, executando a sinfonia do mais-que-imperfeito, a linguística, luz nítida, à clarividência trans-límpida de luzes ao eterno do ser que se faz de vivências e experiências do Ser-de Nadas - nasce o amor - não sei de onde e como - e não se pode explicar, peço-lhe que cante, porque quero aprender a amar de tudo o que lhe interessa. Sei que é da minha cachola de instintos intelectuais , e de nenhum outro lugar, que vêm as alegrias, as delícias, o riso e as diversões, e tristezas, desânimos e lamentações das criaturas humanas.
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De nadas em nadas, vou nadificando os vazios, de vazios em vazios vou morrificando, morri-versejando a luz de meus olhos voltados às ad-versidades do nós, conúbio do outro e do eu. De nonadas em nonadas, vou des-enterrando as pontes do eterno efêmero que pervaga o etéreo do perpétuo, e assim palmilhando passo a passo os dormentes que levam ao longínquo do há-de vir que prossegue solene o além. A vida é isso: amor e sonho, verbo e esperança simil-itudeando os re-versos inversos da poie-lética do sublime, ópera, sinfonia, seresta, serenata do silêncio.
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A voz sufocada dos momentos de solidão, dos instantes desérticos da desolação, como uma dor que me ameaçasse o coração, é a imagem re-fletida na camada mais profunda dos caminhos misteriosos da palavra que a-nuncia as veredas dos vales às margens de águas cristalinas, as águas cristalinas passando livres à imagem das veredas dos vales, em madrugadas de chuva, qual um demônio celestial, guia uma carruagem dourada puxada por dois leões. No jogo das contradições, nonsenses, dialéticas se constrói uma história, onde os personagens não são bandidos ou mocinhos.
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No silêncio das águas cristalinas,
Seguindo as veredas de bosques inóspitos,
Sinto a profundeza com que em meu ser
A idéia da irremediável permanência
Da esperança aproxima a imagem do destino
Ao sonho do espírito do verbo e sublime,
Da fé comunga a perspectiva da sina e saga
Às utopias da alma e das conjugações do “Ser”
Absoluto e eterno... das regências do "Verbo"
Frágil e indefeso... das concordâncias do "Vento",
Invisível e forte, capaz de levar ao chão
As muralhas da China.
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As estrelas podem perder a cintilância,
Virtude comandar um império
Tão grande quanto o mundo,
Dádivas de alimentos e riqueza a todos
Que o mereçam,
Não apenas aos nobres,
As súplicas de todo o séquito
Não me demoverão
Da promessa de profanar santuários sagrados,
Dentro deles repousa uma espada dourada
Destinada a um bravo rei e guerreiro,
O rei Hipócrates...
#RIO DE JANEIRO, 20 DE ABRIL DE 2020, 12:58 p.m l#

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