PARA O QUE NÃO HÁ EXPLICAÇÃO VIVE-SE GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA




Descoberta
Aberta a sete chaves
Do segredo à anunciação de idéias nítidas,
Idéias da liberdade produzindo utopias e sendas do porvir,
Do mistério à aparição de pretéritos sonhos,
Pretéritos sonhos conduzindo desejos do ser,
Do enigma às chamas do desejo dèjá-vu,
Desejo dèjá-vu do presente ausente vazio,
Do medo à cor-agem de olhar as verdades,
Da inconsciência à reflexão das contingências
Da carência à esperança do nada,
Do lapso da memória ao presente das utopias
Este instante-já de perquirições da solidão,
Silêncio vazio de vozes e sons
Cujos ritmos des-velam as sombras
A cobrirem os espaços esparsos das incongruências
Que cinzas nuvens de ideais há no céu?
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Precoces as quimeras inauditas das ausências,
As raízes sublimes do há-de germinar frutos,
Reverberar mundos desconhecidos,
Corroborar pensamentos inconscientes,
Cruzar mares longínquos,
A penas desvarios, devaneios...
Lá onde as dúvidas nascem,
As luzes das chamas de fogo convidando
Às indagações, questionamentos,
Sandices perpétuas em cujos pilares de zagaias
Ilusões, pensamentos dormitam
Fundamentos cruciais
Que giram os cataventos
Das verborréias meigas, insolentes,
Das falácias irreverentes,
Socapas do instante-limite,
Esparsas as idéias presentes,
Preenchendo espaços vazios,
Perdição, alucinação,
Soma dos catetos olvidados,
Fogos fátuos incendiando os nonsenses
Das ausências e falhas da inspiração,
Há uma pergunta que não se cala
- se as faíscas manifestas piscam a luz da sabedoria,
Respondem ao nada sedento de silêncios,
Se as cinzas quentes das achas crepitadas
São preâmbulos de outros horizontes?
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O medo, a insegurança, insolência,
Rebeldia, leito esplêndido das macunaímas,
Des-inspiração, a voz se cala,
As palavras emudecem-se,
As letras emurchecem-se
Os sentimentos apagam-se,
No regaço de abismos da alma
Carente de princípios e virtudes,
Anéis de fumaça consumam tristezas, ilusões,
Metáforas que perderam no tempo
O brilho de querenças, desejares...
****
Do incognoscível dos sentires e pensares
Trevas e luzes originam diretrizes,
Perspectivas,
De passos e visões à frente,
O espírito devaneia desvairado,
Curvas sinuosas de estradas,
Mares revoltosos de águas frias
Ondeando movimentos,
Ovelha perdida no sopé da montanha
À mercê do sítio para si instituído,
Pastar humanidade do ser
Na grama introspecta, circunspecta,
A existência é inexplicável,
Existe-se....

#RIO DE JANEIRO, 29 DE ABRIL DE 2020, 16:56 a.m.#

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