SONIA GONÇALVES CRÍTICA LITERÁRIA POETISA E ESCRITORIA ANALISA O AFORISMO 838 /**AS MÃOS VAZIAS NO MOMENTO PRESENTE**/ - PROJECTO #INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL#

Lindo lindo! O adversário vem entre vírgulas e até nas reticências não é, meu amigo aforista, veja bem como colocas o substancial de forma que apraz o espírito, de forma que alimenta a alma de quem o lê.Tudo é uma questão de sentimento, e você desnuda o âmago em cada palavra que não se sujeita ao sujeito comum, não se conjuga ao verbo do saciar, você letrista sedento sempre por alcançar as montanhas onde su'alma está aportada, chego a vê-lo sentado contemplando uma gaivota, uma águia voando distante sobre os montes coberto de neve, chego a vê-lo contemplar seu próprio sonhar Manu...Seu texto está hiper poético, lindo toda vida.Parabéns meu querido, amei ler.Bjos lindo domingo para você e a linda que ilustra tão bem tua poesia.

Sonia Gonçalves

(10 DE JUNHO DE 2018)

#AFORISMO 838/

ÀS MÃOS VAZIAS NO MOMENTO PRESENTE#

GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA

Manoel Ferreira Neto: AFORISMO

Sim, que é o para sempre senão a última imagem, nítida, metálica, vem do lado de lá do tempo, vem do lado de lá da vida, não exclusivamente deste mundo, mas de qualquer mundo que se enovele numa arquitetura de sonho e de permanência, numa moldura de imagem do vir-a-ser envolvido nas teias da eternidade.

O advérbio vem entre vírgulas e, mesmo assim, sentido algum possui, pois não se realiza. O verbo vem logo após o sujeito e qualquer sombra deixa-se trans-parecer no seu inter-dito. A vivacidade destas vírgulas é de tal forma persuasiva que num primeiro instante nada se distingue, a não ser um efeito de ofuscamento difuso. Quando, porém, me aproximo do advérbio, os olhos brilham intensamente, as estrelas velam o ossuário da terra onde a fralda da montanha se banha nas ondas, a aparência se constrói a partir da realidade, enfim surgiu-me o de que tanto necessito para me locomover nas pedras, rumo a onde a fralda da montanha se banha nas ondas; sempre, se faz necessário esperar o momento propício, não de imediato, e também de soslaio, porque, caso não o seja, uma assembléia de sombras negras e brancas somem dentro da noite.

Sim, que é o jamais senão a primeva imagem, transparente, translúcida, revela-se ao ocaso dos espíritos, mostra-se à face do vento, distribui seus mistérios e milagres às mãos vazias no momento presente.

(#RIODEJANEIRO**, 10 DE MARÇO DE 2018)