*POESIA DA VIDA** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA






Tenho ouvido no alto da colina,
Em dias de chuvinha fina,
A poesia, sentada de por baixo de oliveira frondosa,
Clamando às nuvens cinzentas
A beleza do belo de versos compostos
Com a sensibilidade da alma, com a intuição da esperança,
Com a percepção dos sonhos,
Versos compostos com a estesia da Vida.


Tenho presenciado nos terrenos baldios
Em noites de temperatura quente,
A poesia, contemplando a lua e as estrelas,
Rogando ao espaço, uni-verso, horizonte,
As metáforas sensíveis e abissais,
Eivadas de promessas do pleno, do sublime,
Que glorifiquem, jubilem desejos, vontades,
Volos, desejâncias, querências,
Do alvorecer plen-ificado de brilhos e cintilâncias
De tempos futurais, de tempos além, de tempos alhures.


Tenho estado nos becos sem saída
Ao lado da poesia, ombro a ombro,
A ouvir-lhe dedilhar no seu violino a música
Declamando a sua carência, solidão,
Pedindo à eternidade
Sons, ritmos, melodias, acordes
De estrofes que templem o tempo de ideais, utopias
Da verdade,
Que revelem o ser do in-audito com o espírito
Dos inter-ditos da felicidade e da alegria.


Tenho estado nos botequins
Con-templando a poesia sentada no meio fio
Perscrutando os transeuntes, os carros passando,
Reclamando dos homens, dos poetas,
O coração pulsando de idílios, devaneios,
Fantasias, quimeras, sorrelfas,
Deixando lágrimas escorrerem livres
Na sua tecitura, tessitura,
Na sua estrutura, na sua forma,
De tristeza, desconsolo, abandono,
Levantando-se,
Seguindo o seu caminho de frontispício baixo,
Nalgum banco de pracinha pública
Estirará o seu corpo, dormirá o seu sono,
Sonhando o amanhecer
Quando será a Poesia da Vida.


#RIODEJANEIRO#, 13 DE NOVEMBRO DE 2018)

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