#ALÉM... NO ESPELHO DE LUZES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA POÉTICA



O vazio, o efêmero, as nonadas frescas e viçosas, as non-éresis espalhadas por todas as ruas, avenidas, becos e alamedas, cárceres, por todas as alcovas, aqui, lá, em qualquer lugar, você deveria ouvir esta balada, ritmo e melodia, “O efêmero é a origem do novo eterno, a origem do novo eterno é o efêmero, outros efêmeros dentro do eterno, outros eternos dentro do efêmero, na roda-viva dos sonhos e esperanças, truques, tramóias, tripúdios, construímos a nossa obra...” O que deixaremos de nós no mundo...


A vida é a vida….
A vida existe como uma chance. Usufruamos
A vida é uma pulcritude. Que a extasiemos.
A vida é uma quimera. Que emprenhemos com que se converta veracidade.
A vida é um repto pertinaz. Que detenhamos energia para a arrostar.
A vida é uma incumbência. Que conquistemos acatar
A vida é valiosa. Que jamais a negligenciemos, mesmo que as robustezes fracassem.


Manhã... além, no espelho de luzes, refletida a imagem de novos campos, passear os sentimentos, emoções na grama
respingada do orvalho da noite, piquenique debaixo das galhas frondosas de uma árvore, brincar aos pensamentos livres, emoções serenas, brincar ao silêncio de palavras, brincar-lhes as metáforas, signos, símbolos, linguagem e estilo, a-presentação e re-presentação, brincar-lhes os ad-vérbios, que precedem os verbos, inda entre vírgulas para a devida ênfase, sem querer ir à escola aprender a ler e a escrever, as tramóias, estratégias, mentiras da arte de viver a arte, enquanto compondo de cores o arco-íris da imaginação, o amor que somos - encontramo-lo um dia, vivenciamo-lo, vivemo-lo se aceitamos, admitimos, estamos dispostos a entregá-lo verdadeiramente...


A vida é divícia. Que a preservemos.
A vida é uma esfinge. Não sustenhamos de pesquisar, mesmo que a réplica jamais se vá descobrir.
A vida é promissão. Que a expectativa não se desbarate
A vida é melancolia. Que se supere estes instantes.
A vida é uma trova. Melodiemos.
A vida é uma peleja. Que se domine os estorvos.
A vida é um risco. Que se induza orientá-lo sem mais riscos
A vida é céu-aberto. Que o façamos por granjear.
A vida é vida. Há que a proteger.
Com aguilhões ou rosas, é passageira.


Sêmen de outras luzes refletidas no espelho de além, princípio de busca, de querência de outras coisas na vida, ideais, glórias, a obra na sua continuidade, húmus de outras cores no arco-íris, outras íris nas cores, miríades spaniels da esperança da balada do efêmero e do eterno. Além, nas íris, no longínquo da estrada que leva a todos os horizontes e universos, confins e arribas, as chamas da lareira aquecendo no inverno, sentimentos de ternura, carinho, afeição, “Dreams are on the phone to happiness/Happiness is on the phone to other horizons” Pretéritos nas perspectivas hão-de vir, carentes de luzes, sombras e mistérios, brumas e enigmas.


Segundo Rogério Thaddeu, estimamos as rosas pela sua beldade e fragrância e não pelos seus acúleos. Muitos pretendem capturar as rosas deslumbrados pelo seu odor e pela sua pigmentação e desconsideram os acúleos. Ao gotejar, analisam somente o sofrimento e menosprezam o que antes prezaram. Assim acontece com a vida. Enquanto tudo corre bem, veneramos, quando surgem os aguilhões, encetamos a desalentar. É-se humano, e como tal a dor agonia…


Ninguém toma banho nas mesmas águas de um rio, no que há de sua profundidade, pedrinhas redondas, contempladas, no fundo do rio tem pedrinhas, tem pedrinhas do rio no fundo,
Diferente de: “No meio do caminho tem uma pedra/Tem uma pedra no meio do caminho”, a pedrinha não é minha, mas coloco-a onde eu intencionar fazê-lo, por haver me banhado nas suas águas, as pedrinhas não serão as mesmas, há outros rios, sem margens, sem pressa, há outras pedrinhas no fundo, confins de outras luzes incidindo no asfalto de alamedas, becos, avenidas, ruas...


#RIODEJANEIRO#, 30 DE OUTUBRO DE 2018)

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