#BO-TEKO DE UNICAMENTE POESIAS: SOM DO CÉU E DA TERRA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA





Unicamente louco!





Unicamente poeta!


Unicamente filósofo!


Falando de iríasis, éritos, érisis, yalas, infinitivos, itudes, somente coisas coloridas, ABSTRACTS do tempo e do ser, leveza do ser, falando apenas a partir aparências de tolo, subindo por mentirosas pontes de palavras, por arcos-íris de falácias, entre falsos céus, vagueando, per-vagando, deslizando - unicamente louco! unicamente poeta!


Con-versando de silêncio, solidão, nada, nonada, trevas, unicamente coisas que carecem de perquirições e re-flexões, carências da alma e do corpo, falando apenas a partir metáforas, filosofias di-versas e ad-versas, ampliando ainda mais os questionamentos e indagações, as inquietudes, sede e fome de perscrutar inda mais o saber, as inconsciências...


Isso - pretendente da Verdade? Pretendente do Absoluto? Não calmo, hirto, liso, frio, não tranquilo, sereno, suave, tornado imagem, pilar de Deus, tornado perspectiva, tabernáculo de deuses, não erguido diante de templos, tendas, guardião da porta de um Deus. Não, em definitivo! Hostil às estátuas da virtude, às bandeiras da ética e da moral, em todo ermo mais no casebre do que em templos, cheio de capricho de gato selvagem a saltar por toda janela, amuradas, porteiras, cancelas - zás! para todo acaso, farejando em cada floresta virgem.


Aqui estou sentado à soleira da porta, farejando o melhor ar, verdadeiramente ar de paraíso, ar leve e claro, ar bom como nunca caiu do céu, da lua, terá sido por acaso ou por petulância, pomposidade? como contam os velhos poetas.


Mas eu, questionador, não aceito gato por leve, joio por trigo, bugalhos por alhos, in-verdades por verdades esdrúxulas, ponho isto em questão, pois sou de passado e origem de terras distantes, estrangeiras, forasteiras, mas hoje de vida e postura consciência-estética-etica da seren-itude de ilha, tranquil-itude de orlas e maresias do mar, que é mais cétido do que todas as mulheres casadas.


Respirando esse ar belíssimo, pós chuva, com narinas dilatadas como taças, sem futuro, sem lembrança, sem lenço e documento, eis-me aqui sentado, olho o ipê amarelo, como igual de ator de teatro, ela se curva, se dobra e nos quadris se retorce.


#RIODEJANEIRO#, 24 DE NOVEMBRO DE 2018)

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