#O QUE ME FORA DE ONTEM À NOITE# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA



Epígrafe:


"No Rio de Janeiro, comecei de aprender a canção do silêncio nas águas, sempre renovando, inovando, criando com a liberdade das idéias, ideais, sonhos e utopias. Sinto-me re-fazendo as cositas da vida e do amor pela companheira e esposa. Rio de Janeiro para mim é uma paixão de amor!, lar eterno"(Manoel Ferreira Neto)


O que me fora de ontem à noite, todos dormiam, suspirando de modo bem estranho, o vento soprava nas ruas escuras e solitárias, o travesseiro não me serenou, nem o que me provoca sono, a sativa - uma consciência leve. Desisti do sono, fui à praia. A lua iluminava tudo, clara e suave, límpida e calma. Encontrei homem e barco na areia fria, ambos cochilavam, pastor e ovelha, sonolento, o barco deslizou nas ondas. Um abismo se abrira longínquo, sem barreiras, montanhas, tudo passou num toque de mágica. A manhã chegou; nas negras profundezas há um barco que repousa, repousa e repousa...


Hoje, o sol está pardo, a hora de amanhã não sonha com a de hoje, o dia sem sorrir, fatalizado o crepúsculo, sem certeza de légua e meia com vontade de tergi-versar o caminho, e o sertão re-nascido do barro a levar a sorte ou a morte até cair o último fuzil, aprender paisagens de estrelas, perspectivas de brilhos e resplendores, terra e troncos em lenha farta, caindo gotas das vastas flores verdes na Fonte luminosa, o terço será lembrado, léguas de margens, rio e água, a cachoeira precede a ilha, as flores admiram, o dia raiou, o trem apitou, os barqueiros chegam com a colheita de peixes da noite, o galo cocoricou, o pássaro canta, as cadelas latem, aprender a canção do silêncio, a velhinha varre a varanda de seu lar, re-cordando-se, a alma sonhante, solidão, trabalhadores se dirigem de carro ou a pé, de ônibus, os estudantes a caminho de brincar de aprender as lições dos professores, enquanto a morte não é final de um dia.


Alegria de tiranizar?
- o tempo vai, o tempo vem -
e este gozo é tanto
mais intenso
quanto mais baixa é
na escala social
do credor...


Verbo de conjugar: balada às estrofes do espírito que se alimenta da beleza das flores que nascem nas auroras, morrem nos crepúsculos, da natureza que se projeta na distância, no longínquo, absolutizam-se na beleza de inspirar as palavras que lavram o ser das profundidades, a alma dos conhecimentos e sabedorias, alma de um vulcão, alma solidão, a sensibilidade das profecias e nadas-a-dizer, o sonho ama outro sonho na solidão de mim, sentimentos, emoções, a virtude de sonhos e esperanças.


Aquela canção de
Roberta Miranda,
"Não tem jeito,
Morro de paixão
Não tem jeito,.
Sou de você, não tem jeito.
"É amor demais..."


No alarme pleno de um Paraíso Celestial, as luzes, os sons são(serão) a senda por onde andar, ainda soprará um hino pela dimensão ec-sistencial e humana, amanhã, serei o barro, os homens o seremos, ainda que tardamos a superar o nosso longo silêncio, esse silêncio que inspira, que se realiza em sons, sibilos de ventos por entre serras, além mares e oceanos, que se tornam palavras, musicalidade, ritmo, imagens, cores, perspectivas, luzes e contra-luzes, a alma da arte sonhar, o espírito do amor eternizar, nós, convite ao mergulho íntimo e singular na aurora de primavera e paisagens outras, panoramas outros, a VIDA, in-vernos e ontens.


Vem amor,
Não tem jeito,
Olhe as ondas,
Quê delícia,
Caminharmos na orla...
As ondas tocando-nos os pés
O sol está se indo...


#RIODEJANEIRO#, 27 DE NOVEMBRO DE 2018)

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