IN-FIN-ITIVA GRAÇA DA UTOPIA E DEVANEIOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA




Grimpas à sombra...
Molto tempo dopo!


De vernáculos da palavra,
Sons, imagens,
Música do silêncio,
Ritmos do in-auscultável,
De oráculos de metafísica,
Imagens do espaço sem fim,
Linguistificando os ditos da imperfeição,
Im-perfeição que perfecciona dialécticas e contradições,
Nonsenses, verborréias, falácias,
A fala do des-presente dos ideais e utopias,
Do in-aqui estrangeiro, forasteiro do ab-surdo,
O blá-blá-blá das tolices do in-admissível,
Escarafunchando as poeiras do nada,
Entupigaitando os buracos da boca de lobo de vazios,
Cobrindo-lhes do sem-nonada,
“Porfim” do inconcebível da in-leveza
Do insustentável ser,
Ser de abas largas que diminuem
Ao longo das vivências e experiências,
Ser de orelhas grandes que se empinam
Para auscultar sons longínquos
No per-curso da morte para a vida,
Não a morte luz da vida-para a perpetuidade,
Perenidade,
Continuidade,
Não a escuridão da morte-para o aquém do gênesis.
In-fin-itudes de margens de estradas, de alamedas, de rios
In-fin-iríasis de perspectivas e possibilidades do belo,
In-fin-idades de sonhos verbalizando sentimentos e emoções
Infinitus...
Infinitus...
Silenzio...


...
...
...


A árvore do ser,
Por inter-médio das dialécticas das nonadas
Em direção às pontes partidas, carnavalizam
Os abismos de ventos,
Surrealizam
Brisas do redemoinho,
Ares do catavento,
Pentelhices
Atrás das montanhas que não visualizam
O além da inconsciência da travessia
Das con-tingências de lágrimas,
Enclausuradas aos limites,
Obstáculos,
Impossibilidades do ser-para a vida
Fronteiras do in-audito,
Invisível para o In-fin-ito...


Vida é sentir não a sua profundidade,
Despertar espíritos para a realização
Do sublime amor ao eidos da espiritualidade,
Ser vida é templ-orar no tabernáculo do ser
A frincha da sensibilidade e espiritualidade
A vida não se tende aos entes.


Astros submersos,
Constelações escondidas,
Planetas invisíveis
- o maior fuzuê,
Loucura do mundo,
Se explica por certo modo
De perder estoutra cena,
E o fantástico não é outra coisa
Senão a dissolução da fantasia,
Senão o olvidamento das quimeras, devaneios,
Devaneios do nada,
Perdido o que deixava a alma circunspecta,
E agora?
Devaneios do vazio,
Esquecido o que desejava de alegria,
O que há-de ser
Devaneio das sorrelfas?


Sonhador é algo a ser,
Só re-versar o tempo inter-dito
Com as a-nunciações do vazio
Re-colhendo e a-colhendo as furtivas
Do completo,
Divagações,
Desvarios do id, ego,
Superego no inconsciente
Misterioso e solerte.


Quem me dera
Ouvir de alguém
A voz humana
Síntese,
Tese,
Antítese,
Perquirindo na imagem refletida,
No espelho dos comportamentos,
Atitudes, ações
O que sou
São palavras humanas,
Sem rogos, sem ruminações,
Sem gritos e uivos antigos
Con-sentindo buscas de representarem-se
Noutras tonalidades, noutras altissonâncias,
Noutras dissonâncias...


Terra estéril, sobrevivente eu,
Vivente de outros de mim
Abertos às eternidades do tempo,
Desde a consumação das trevas e luzes
Às imagens vazias e nadas,
Clamo a morte do homem,
Rogo o fim da raça,
Imploro o apocalipse das estirpes,
Anuncio a sua vinda.
Choro meu de alegria,
Oh, anjos da nova pura!
Riso meu de tristeza,
Oh, querubins da nova inocência!
Cântico dos anjos da anunciação,
Dos anjos das trevas e do desastre,
Tragédias e sagas, severinas e destino,
Os sinos nos domus das igrejas,
Basílicas,
Catedrais,
Santuários,
Matrizes,
Bradam para o vazio do mundo,
Para o nada dos alhures do infinito,
Para o indizível das arribas do universo.


...
...
...


Virgindade do meu sangue,
Um Deus Menino vai nascer.
Um Deus Senil vai fenecer.
Os deuses nascem sobre o sepulcro dos deuses,
Morrem sobre as cinzas dos tempos e milênios.


E um silêncio longo,
Feito da neblina ao longe,
Encobrindo a montanha,
Da cidade sepultada em solidão,
Do cemitério circundado de palmeiras,
Da avenida principal plantada de árvores
Na calçada, desde o início,
A prefeitura central,
Circulada pela Polícia Civil,
Matriz, Fórum, Câmara,
Grupo escolar, desde o primeiro ao quarto ano,
Ao fim, pracinha redonda,
Cognominada "Trevinho",
Transeuntes nos ziguezagues das ruas
Avenidas,
Do cerco à volta do espaço para além,
Abre-me de um abandono final
- o de quem está ao pé e já nem se olha,
Já nem se sente,
Já nem se vê,
Já nem se vislumbra,
Já nem se con-templa.


O espaço esvazia-me até ao limiar da memória,
Onde alastra o meu cansaço,
Onde queima a minha exaustão,
O afago quente de um coro,
O aceno de sinais que se co-respondem
Como ecos de um labirinto.


Num bafo secreto
Afloro o que estremece
Sob gestos
Alfim
Apaziguados.


#RIODEJANEIRO#, 17 DE NOVEMBRO DE 2018)

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