#PREÂMBULO DE TEMPO E PENA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA




Seria que ec-sistisse somente um Tempo - tempo das passagens, tempo das travessias, o tempo objetivo. Tempo da descoberta do mundo, tempo das brincadeiras, diversões, ilusões do tempo. Tempo longo elaborando con-versas e diálogos. Mas vai passando, vai passando. Transforma-se no tempo dos sonhos, das utopias da vida, das buscas do amor, da felicidade, da alegria. Tudo são volúpias, êxtases, o mundo é mágico. Este tempo vai passando, vai passando. Transforma-se em tempo de preocupações, de desejos de realizações, a vontade viva da conquista do Ser. Estas transformações parecem brincadeiras sem graça, não deixa a mínima chance, agarradas ao pé sem largar minutinho sequer.


Peço ao tempo tenha paciência, largar-me o pé, deixar-me viver, deixar-me degustar a vida, deixar-me livre para voar por todos os horizontes e uni-versos, sentir-me a mim mesmo. Quando chegar a hora - a hora de despedir-me da vida, do mundo -, que ele, o Tempo, realize a sua missão. Enquanto não chega esta hora, quero liberdade, liberdade de ser, liberdade de viver, liberdade de conquistar os sonhos, as esperanças.
Seja o tempo objetividade, mas é pura subjetividade, e desejo mergulhar nesta subjetividade e aflorar o "ser" que habita, sem o objetivo no encalço. Só correspondo na verdade, na verdade, a um instante do transcurso dramático da paixão.


Da morte, a fonte mais bendita,
o regaço mais mágico - uma voz de contralto,
profunda e poderosa,
como se ouve às vezes no teatro, e por falar nisso,
resta-nos o "Teatro da Re-versão e In-versão",
quando possível, atores, atrizes, diretores contra-cenarem a in-versão e a re-versão?; da vida, a origem mais divina, almas sublimes, heróicas e reais, capazes de réplicas, de decisões e de sacrifícios grandiosos, atitudes paradoxas e cor-agem ilimitada, ações de deuses corruptos, a con-tingência mais hadisíaca; da eternidade, o silêncio último do mistério, mistério das parcas seren-itudes, mistérios dos pórticos cócitos das plen-itudes, a solidão primeva do desconhecido,


da imortalidade, imortalidade dos dogmas, dos preceitos,
dos princípios retros-pectivos do absoluto,
a con-templação da verdade, da esperança,
o enigma das coisas simples, puras, inocentes, ingênuas da fé.
O indizível da redenção e ressurreição,
o in-audito e in-expressável do espírito e trans-cendência,
da alma é imanência da finitude,
o retros-pectivo do in-verso e o re-verso das tristezas,
na contra-cena do in-dizível e o visível da alma das criaturas,
o in-terdito dos projectos e dos sonhos, vistos à luz
da indiferença da vida com os seres.


#RIODEJANEIRO#, 28 DE ABRIL DE 2019#

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