A PROPÓSITO DE ALINE – O MELHOR NO MELHOR DOS MUNDOS - AUTORIA: DALTON CANABRAVA FILHO Manoel Ferreira: CRÍTICA LITERÁRIA




Post-Scriptum: Dalton Moreira Canabrava Filho, vulgo Daltinho Canabrava, Proprietário na empresa Central Leite
Estudou em Universidade de Toulouse-Le-Mirail França, fora Secretário de Cultura, numa das gestões de Maurílio Guimarães, candidato a Prefeito de Curvelo, mas perdeu a eleição.


Escrevera o romance ALINE - O MELHOR NO MELHOR DOS MUNDOS, inspirado nos anos em que fora estudante universitário na França.


Eis uma crítica literária escrita por mim, no tablóide Centro-Norte de Minas, de José Adonias Filho.


Manoel Ferreira Neto


Ler Aline – o melhor no melhor dos mundos de nosso escritor curvelano, Dalton Canabrava Filho, significa estar diante de uma obra completa no tangente à interpretação, à análise. Sem dúvida, o autor apresenta-nos uma obra iminentemente crítica à luz da filosofia – lembremos Voltaire quem dissera: “se queres discutir, defina os termos”.


Nossa intenção é discutir, é definir os termos. Aline é uma sátira, sátira de gerações, de jovens cujos sonhos transcendem a realidade, a contingência em busca de novos valores, de algo na vida em que se pode acreditar, não apenas uma ideologia , não apenas um sentido, mas que algo proporcione a realização enquanto homem, enquanto indivíduo. Jovens que se entregam inteiros aos sonhos de novo sentido de viver, na contramão de gerações passadas de idéias antigas que não mais significam coisa alguma.


Medo e esperança se confundem. Não desistem de continuar a sonhar. Na água límpida das fantasias tomam goles de desejo e vaidade. Lavam-se das neuroses e traumas que outras gerações lhes deixaram de herança. Acreditam que podem modificar, transformar o mundo.


A definição dos termos, à luz de Voltaire apresenta-se lúcida. “Ninguém sabe o dia de morrer. Quero viver para a paz. Que importância tem ficar acumulando coisas...”. Qualquer geração que anteceda a outra vive como se soubesse o dia de morrer, e a ironia é que a vida são conflitos e traumas, a alma são neuroses e psicoses as mais variadas, ao gosto e prazer de cada um. A sátira é acumular coisas. Os jovens não desejam acumular coisas, querem viver e desfazer-se delas, o mesmo de trocar de camisa à mercê das situações e circunstâncias.


Esvaziam-se. Só o vazio pode acolher o múltiplo. E o múltiplo é o que ainda está por vir. Vivem como se o amanhã não existisse e se o futuro fosse apenas uma idéia vulgar e simplória.


O que é isto – a moral? O que é isto – a ética? O que é isto o para-sempre?


Dalton Canabrava Filho mergulha no conflito das gerações numa linguagem e estilo que, a princípio, revela-se séria, mas nas entrelinhas a seriedade se dilui e se apresenta o riso e a gargalhada. Rimo-nos de nós adultos, que acumulamos neuroses e psicoses e nos julgamos os mestres das verdades absolutas. Rimo-nos de nossas mazelas e picuinhas, de nossos achaques e pitis. Todos rimos seja desta ou daquela geração.


Nosso escritor curvelano, quem visitou vários países da América Latina, tendo vivido na França, traz em seu alforje as experiências de uma juventude francesa de 1968. O importante a sublinhar e ressaltar nestas suas experiências é que sua obra nos traz aos curvelanos um novo prisma de visão das letras. Não conheço um único escritor curvelano que faça rir os leitores, que satiriza os costumes de modo tal que não resta outra alternativa senão nos conscientizarmos de nossas palhaçadas no que concerne a valores, a princípios.


Dalton Canabrava Filho mostra-nos aos curvelanos outros níveis da condição humana, mas sendo curvelano não conseguira neste seu primeiro livro – acredito que nunca o conseguirá – escapar da característica maior dos escritores curvelanos: o verbo que se torna carne.


Não o conseguira por essa dimensão da alma/espírito curvelanos habitar os mesmos, ou seja, o desejo de uma redenção a partir da realização dos sonhos e desejos de encontro consigo mesmos. Os curvelanos desejam revelar o seu íntimo.


O Verbo que se torna carne de Dalton Canabrava Filho é a ironia, o sarcasmo, a mofa, a galhofa...


Lendo sua obra encarnamos o riso de todos os valores falsos, dos falsos princípios, se não mais rimos, se interrompemos o riso por instante, é que desejamos alguma mudança...


Manoel Ferreira


#RIODEJANEIRO#, 09 DE ABRIL DE 2019#

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