#AFORISMO 456/BALADA DO SONHO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


No ser do sido
Esqueceram-me os sons da balada do sonho,
Esqueceram-me os silêncios das metáforas do eterno
No sendo do ser
Lembraram-me os crepúsculos sonoros dos inauditos pretéritos
Recordaram-me o alvorecer sombrio dos desconhecidos Outroras.


No sido do sendo
Pervaguei nos sentimentos absolutos do efêmero
Divaguei nas sensações fugazes do tempo no deslizar da areia Na ampulheta.


No sido do ser
Deambulei pela solidão do silêncio, perscrutando do verbo eterno
O infinitivo a-temporal da contingência
O finito in-temporal das labutas pelas conquistas,
Perambulei silencioso pelas alamedas das melancolias,
In-vestigando o gerúndio do além.


No ser do além, mergulhei o espírito da alma
No sido da eternidade, silenciei o vazio abissal,
Sussurrei o eterno particípio da metáfora da esperança,
Murmurei o mais que perfeito infinitivo dos desejos
Da peren-itude re-vestida de fados e balalaicas do sublime
Cochichei a voz suave e serena do porvir de sons leves
No sendo da felicidade eivada da poesia da liberdade
Projetei o infinitivo gerundial do particípio das nostalgias,
O gerúndio do particípio in-fin-itivo das saudades pret-éritas do ser.


No sido dos sons, compus o ritmo da balada da alma
Ouvindo o trinar do passarinho "cabeça preta",
Escutando o ranger da carroça que deixava rastros no chão.


No sendo das músicas românticas e clássicas,
Compus a melodia da canção subjuntiva do horizonte
Perpassado das cores vivas do arco-íris,
No ser das notas musicais, dedilhando a cítara das ilusões,
Acompanhando o violino das esperanças,
Declamei o soneto das águas límpidas, cristalinas,
Acompanhando a harpa das vontades da verdade sonora,
Recitei o poema da fonte do rio sem margens,
Margeando as bordas do universo.


No sendo do ser sido, poetizei a harmonia,
Sin-cronia, sin-tonia da metáfora da rosa branca
Eivando de espiritualidade o alvorecer dos idílios da alma
Trilhando o silvestre dos campos,
O bucólico das sendas campesinas,
A arcádia das veredas-vedas dos pampas
Anunciando o resplendor da lua enamorada das ondas marítimas.


No ser sido do sendo, proseei o êxtase,
Estesia, clímax, da poiésis do perfume das orquídeas
Orvalhadas da cintilância das estrelas e a neblina líquida das montanhas,
Alumbrei as miríades de luz, revestidas da trans-cendência do espírito.


No sido do ser sendo, verbalizei a estética linguística
Do perene des-velando o ossuário do deserto.


A poiésis metafórica da inspiração velando de diáfanas luzes
Versos e estrofes, ser tao e vedas da iluminidade dos desejos.
Ser sendo do infinitivo
Sido ser do particípio,
Sendo sido do gerúndio
Das linguísticas verbais do além,
Das poéticas prosaicas da contingência...


(**RIO DE JANEIRO**, 11 DE DEZEMBRO DE 2017)


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