#AFORISMO 477/A HUMANIDADE DO SER NA DIALÉTICA DO EU LIVRE E NO POEMA #VERBOS AFÁVEIS", de Ana Júlia Machado GRAÇA FONTIS: ESCULTURA Manoel Ferreira Neto: ENSAIO


Tarefas árduas são as que trazem dentro "trocentos" sêmens, de cujos interstícios semenam muita vida, re-colhemos e a-colhemos, saciamos a sede de conhecimento e sabedoria, sonhos e esperanças, por requerem, prescindirem, exigirem muitos esforços na sua concretização, com os que des-aprendemos e aprendemos novos, delineamos o que sentimentos e pensamos.


Traçar as linhas de uma compreensão, entendimento de uma obra poética-filosófica, alguns poemas serem "objetos" de in-vestigação, tarefa inestimável. Linguagem e estilos, pensamentos e idéias, sentimentos, ler o poema que está editado, intuir a idéia a ser fundamentada, diferentes de outros patenteados, estar in-ovando, re-novando, art-ificiando.


A viagem no uni-verso, horizontes, paisagens, imagens, eivada de sensibilidade, sentimentalidade, as dimensões sensíveis presentes, não é exclusivamente modo de conhecer os componentes de um espaço poético, mas o modo de sentir o verso-uno dos verbos, o sujeito, os verbos, regências com as imagens da estética, da beleza, sonhos, esperanças, utopias, idéias poéticas e filosóficas que lhes habitam.


E o verbo se fez carne: eis a máxima, eis o aforismo. O destino é tornar o verbo carne, vice-versa, vis-à-vis. E, dando continuidade a tarefa que nos propusemos realizar, tecer algumas linhas de busca de compreensão e entendimento de O EU LIVRE, de Ana Júlia Machado, sine qua non que este poema VERBOS AFÁVEIS, incluso na Antologia Poética, seja in-vestigado.


A viagem é nos Verbos.


Em #Verbos Afáveis#, "Por diversas circunstâncias haveremos a/Faculdade de executar em nós a suavidade dos verbos...", considerando o verbo como palavra - a primeira pessoa do plural do Futuro do Presente do Verbo Haver consente-nos o horizonte de nosso tecimento do sentimento do verso-uno, tendo como objeto de inspiração, intuição -, considerando o verbo como palavra temporal por excelência, localizamos aí, efetivamente, a idéia da ação, que nos versos supra se encontram re-presentados pelo verbo "Executar", é no tempo que se verbaliza e presentifica a idéia da ação, a ação. Haver-se-á a Faculdade, o saber, o conhecimento, da execução. Eis: o sonho, a esperança da "suavidade dos verbos", que são eidos da estilística, linguística, semântica, signos, símbolos, metáforas do uni-verso poético, da ec-sistência das contingências de ser e estar-no-mundo.


A ação divide o espaço e cria o tempo. Com-preender o verbo, nesta dimensões do tecimento, a ação, o nosso sentimento, dimensões sensíveis e intelectuais, é com-preender a conquista do espaço e a fixação do tempo, assim "... havemos muito mais possibilidades de sermos/bem acontecidos do que meramente/manifestando em detonação..." A ação traz uma carga dramática que só pode ser elucidada, esclarecida, explicada quando localizamos o agente descritivo do movimento, auscultar a suavidade dos verbos. Em que sentido sentir o símbolo, o signo, a metáfora da palavra "suavidade"? O verbo pode-se fazer carne. E deve estar atrás de sua dramaticidade a explicação do sujeito, "... decidindo nossas contrariedades/mensurando o que preferimos,/meditando previamente a conversar...", o convite que nos faz a poetisa, encontrarmos o outro, comungarmos o "eu" e o "tu", o nós, O Eu Livre só é autêntico, deixando-se de ser egoísta, solipsista, egocêntrico, a liberdade autêntica do Eu é o "Outro". A verdadeira Face são o "Nós", o Verso-Uno.


Estabelecer o roteiro de seus avanços, a imagem de sua inquietude. Saber, conhecer, ser consciente de que o verbo não é apenas o movimento da coisa ou do sujeito, mas é, muita vez, o próprio sujeito, à medida em que o nome se revele como um verbo trans-mudado. Tornar-se verbo aqui significa fazer-se o movimento e multiplicar-se em vários planos descritivos da realidade. A dramatização do verbo é o esforço do Ser por abranger todas as suas potencialidades ec-sistenciais, construindo unidades re-presentativas de sua luta pela des-coberta e conquista do tempo


A "suavidade dos verbos"... Nestas circunstâncias, dispomo-nos "... em tudo que suscitarmos a afabilidade/dos verbos e assim se contemplará o quão poderemos corrigir os procedimentos". A suavidade dos verbos se pres-ent-ifica, id-ent-ifica-se no movimento d´O Eu Livre. Devemos perceber, intuir, entender a dramatização do sujeito é perceber a ação em ação, descrevendo-lhe o trajeto, posterizando-lhe a história. A dramatização do sujeito e a ação do verbo trazem a lume a "suavidade dos verbos", é movimento contínuo no tempo esta dialéctica. É corrigindo os erros, enganos, equívocos do Eu, nesta ação, concebendo, gerando, dando a luz, delineando, burilando o Eu Livre, re-fletindo e meditando suas dramaticidades, que aportamos na "suavidade dos verbos", a "... nossa alma alaga-se de harmonia e claridade." - quê excelência de um intelecto, de uma sensibilidade e espiritual existencial-poética-filósofica, redigir, sentindo, tocando a harmonia e claridade que lhe habita, os caminhos patentearam este sentido de alegria e felicidade, o que a sua poesia diz de seus caminhos aos Verbos Afáveis, Ao Eu Livre, vivendo e escutando "casos maléficos e pacíficos." Tarefa árdua, mas o testemunho da história e dos sabores, dissabores, mas a harmonia e claridade habitando-lhe por inteira.


Sendo esta obra poética, a verbalização do drama espaciotemporal em que nos encontramos, os homens, ser mais "cômodo a severidade dos verbos", há-de destacar-se dentro das três dimensões do tempo, passado, presente, futuro, o Chronos(Tempo), Kairós(Tempo de Deus), a koinonia do Eu Livre e os Verbos Afáveis(Suavidade dos Verbos) para a performance da melopéia amável da palavra.


Após longas e árduas investigações de uma obra artística, romance, poesia, crônica, contos, citando os tradicionais, encontramos uma frase, um excerto onde habita o eidos. VERBOS AFÁVEIS é o eidos da Antologia Poética O EU LIVRE, onde encontram os ideais, sonhos, utopias, esperanças, uni-verso poético-logus, a filosofia do espírito/alma, a existência da poetisa, o que estima a humanidade alimentar, re-colher, a-colher, é a sua Mensagem.


Tradicionalmente, folheia-se o livro, lê-se algo aqui e ali, depois inicia a leitura desde o início, ao fim. Quando recebi esta obra da mão do carteiro, vinda de presente da poetisa Ana Júlia Machado, de além-mar, das terras lusitanas, abri aleatoriamente, e o primeiro poema VERBOS AFÁVEIS, subindo os degraus da escada de minha residência, lera o poema às pressas, estava de saída, iria ao supermercado, nesta viagem senti o que havia re-colhido e a-colhido na rápida leitura, e só depois iniciei, e neste poema o encontro dos caminhos do campo diante da dialética da dramaticidade do Eu Livre e a dramaticidade do Verbo, e as sendas por onde andar, trilhar os passos para a "melopéia amável da palavra", a poesia, o encontro da temporalidade e da verbalidade, e a afabilidade dos verbos através, por inter-médio da "humanidade do ser", da ação, da vontade do Ser.


(**RIO DE JANEIRO**, 16 DE DEZEMBRO DE 2017)


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