#AFORISMO 489/RETROS-TEMPLANDO ENCONTROS E DES-ENCONTROS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Liberdade: "A poesia existe porque a vida não basta". Criar, re-criar, inventar, re-inventar nos sonhos e esperanças paisagens e panoramas do há-de ser, do ad-vir de outras idéias e pensamentos que floram na floração da consciência e da responsabilidade.


Os sons fazem dançar o amor em variado arco-íris. A todos os instantes a vida principia, a todos os portos e mares o verbo se a-nuncia, a todas as montanhas e vales o absoluto se alumbra de eter-idades e efemer-idades; ao redor de cada aqui, gira a bola acolá! O caminho da eternidade é sinuoso.


Seren-itudes de seren-idades serenas
O amor é tudo
De serenas seren-idades seren-itudes
O amor é...
De serenas seren-itudes seren-idades
Desejos da verdade, sublimes mergulhos no nada
Sonhos do absoluto, con-templar nonadas à luz do efêmero
Vontades do Belo, criar esperanças, re-criar fantasias da fé,
Aprender a nova lei,
Utopias da Beleza, re-fazer os verbos do eterno
Estesias do Saber, uno-verso do saber e conhecimento,
Con-jugados de vazios
Con-templando a manhã de chuva,
Nublado, en-si-[mesmado] o tempo
Miríades de ilusões, espectros de quimeras
Vir-a-ser do além, porvir do finito
Nas bordas lúdicas de sub-juntivos,
Nas fímbrias libidos de particípios e eros in-fin-itivos
Do pleno efemerizados nos temas do silêncio
Silêncio do deserto, o nada pervaga
Na cintilância das estrelas,
Deserto da solidão, as carências
Passeiam no brilho resplandecente da luz
Nas contingências do nada a luz
Fosforescente dos abismos abissais da alma
Fronteiras de solstícios da verdade...


Aléns de portos e mares: há um vestígio na sua ausência - algo que sem estar, algo que sem presenciar, algo que sem identificar, algo que sem mostrar, algo que sem re-velar ainda fica, permanece. Ainda é: pedaço de diamante que não se visualiza e brilha, concretude em transparência, solidez em nitidez, sublim-idade do ser diáfano, lay-out, produção de luz, de pedrinha, do que é perda, do que é não.


Há um vestígio rítmico, melodioso, musical na sua ausência: algo que é segredo, algo que é mistério, algo que é enigma, algo é sigilo, algo que é silêncio, algo que é ressonância, algo que é altissonância, algo que é sin-cronia, sin-tonia, harmonia.


Sintonia de cristais, sinfonia de diamantes, sílabas de sim no silêncio do som, no silêncio do sibilo, no silêncio do aqui, no silêncio do agora, no silêncio deste instante, no silêncio deste momento que sinto a sua ausência.


Viver é mais devagar. Aragem dos acasos. Caso de acasos. Grave sido que me resta. Na seriedade do mundo, a não-fé.
Por não ter consciência dos desejos. Arbitrariedade, obscuro. Só, com indiferença pela vida. Desejos. O arbitrário de mim, carente. Ser envelado. Nem me preocupa pensar ou sentir. Quem sou é o que pensam de mim. Tendência para transformar ação em fantasia, sonho em sorrelfa, esperança em nonada. Polícia em guarda de mim.
Até quando brincar de viver?
Não recuperável.
Não mais à beira do abismo. Próximo do absoluto. Fora, nebuloso, ensimesmado. Des-provido de sentido.
Qual é o conflito do solitário, atravessando a Avenida Rio Branco? Qual é a felicidade do homem de chapéu de palha passeando pelas ruas com a namorada, sentando no banco de mármore ao lado da estátua de Carlos Drummond de Andrade? De uma jovem na ausência de sentimentos? Mulher recém-separada, projeto de atriz? Nenhum. Quem sou para, ao menos, conceber aresta deles?
Nada.


Será que será...
O sentido da verdade esvaeceu-se na náusea,
Descrição do acontecimento dia a dia,
De montes que glorificam o nítido-nulo de verdades,
De inteligências que alumbram árvores secas,
Solos trincados pela ausência da chuva,
Presença incólume do sol escaldante
Des-numinando as trevas milenares de dúvidas.


Não digo haver iniciado o aprofundamento. Na sensibilidade, o auxílio dos medos. Nas percepções, incentivo para agir inteligência. Na boca de amigos, conhecidos, medos parciais de enfrentar o mundo. Fantasias, colecionando palavras.


Concebo assim. As atitudes brancas, extrato do amor, guardadas a cadeado. Ninguém conhece. E delas vivo fantasias-mentiras. Os amigos, realidade. Merecem o melhor de mim. E - Deus! - conhecem-me.


Palavras no papel. Emoções na garganta. O grito surgiu do que há de subterrâneo. Não ouviram. No espírito, revelação de prazer, felicidade.
Mãos para tecer a rede. Por amor, também, é que a existência se faz, estabelece-se, constrói-se, fundamenta-se. É trabalho.


Aliás, não entendo de pers-crutar como Fausto. O desejo das profundezas é ausente, um indício de permanência na superfície. Aprofundar é cavar superfícies em direção ao vazio. No chão de giz, deixei somente o pó. Relações desenxabidas, destiladas. Interesses, castrações, fugas. Apenas... O que vai em mim. Sem exageros.
Devaneios.


Amo, amarei
Amo o ser,
Amo o verbo,
Amo a esperança,
Amo a fé,
Amo poeta que deixa a poesia versar-lhe,
Ele é apenas um objeto nas mãos dela,
Amo de paixão a solen-itude de lábios
Que se tocam no ósculo do despertar
De sentimentos, emoções, simples nuances do tempo,
Retros-templando encontros e des-encontros
Sonorizando do amor em carícias e ternuras
O espírito do verbo-de-ser...


(**RIO DE JANEIRO**, 21 DE DEZEMBRO DE 2017)

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