#AFORISMO 485/(DE UM NOVO TEMPO) ESPERANÇAS ECLODEM AO ALVORECER# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/TÍTULO/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO

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·        Trovões, relâmpagos, ventania. A chuva fora forte, passageira. O clima está ameno. Madrugada. Silêncio absoluto. Na madrugada, sono profundo e sonhos dentro ou a vigília de pretéritos mais-que-presentes, é preciso ter asas quando se ama o abismo, é preciso ter lembranças quando se re-veste os verbos de utopias do tempo, é preciso os baldios da alma quando se peregrina no deserto do in-audito, in-visível; palavras brotando na fonte límpida do há-de ser as primícias, pre-liminares dos cânticos da vida sendo o espírito do eterno, re-cord-ações de momento só instantes, memórias de instantes só miríades de luz iluminando imperfeições mais-que-pretéritas do genesis ao lá-e-naquele tempo, em luzes verdes o pardo abismo lança brincando felicidade para cima..
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·        Poema sem versos
·        Poema sem estrofes
·        Poema sem metáforas
·        Poema sem linguísticas
·        Poema sem signos
·        Poema sem símbolos
·        Poema sem sentidos
·        Poema sem dito
·        Poema sem interdito...
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·        Nonadas de nada. Travessias de vazio. Sentimentos, emoções, em cujas semânticas e linguísticas orvalhos futurais sublimes respingam no tempo dos sonhos, no ser das querências. Respingos serenos, suaves. Vozes planam sensíveis à mercê do som dos tempos, música ambivalente, ritmo ambíguo, melodia dialética, a roda-viva do mundo gira contínua. Acordes da ec-sistência. Sublim-itudes, sublim-idades. Vazio de nonadas.. Nada de travessias. Sensações, a-nunciações, re-presentações, re-velações. Melancolias, nostalgias, saudades.
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·        Eu sem outro
·        Outro sem eu
·        Eu sem sentimentos
·        Sentimentos sem outro
·        Eu sem emoções
·        Emoções sem outro
·        Eu sem alma
·        Eu sem espírito
·        Eu sem instinto
·        Eu sem razão
·        Eu sem verbos
·        Eu sem sonhos
·        Eu sem esperanças
·        Eu sem utopias
·        Eu sem fé
·        Eu sem ossos
·        Eu sem carne.
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·        Eu/outro sem harmonias
·        Eu/outro sem sin-cronias
·        Eu/outro sem sin-tonias
·        Outro/eu sem uni-versos
·        Outro/eu sem horizontes
·        Outro/eu sem confins
·        Outro/eu sem arribas
·        Outro/eu sem espaço
·        Outro/eu sem lugar
·        Outro/eu sem sítio
·        Outro/eu sem barreiras
·        Outro/eu sem fronteiras
·        Outro/eu sem margens
·        Outro/eu sem linhas
·        Outro/eu sem letras
·        Eu/outro sem fonemas
·        Eu/outro sem palavras
·        Eu/outro sem frases
·        Eu/outro sem períodos
·        Eu/outro sem parágrafos...
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·        Clássicos, eruditos, editando os sonhos juvenis dentro do sono eterno de "rosas-que-des-abrocham-na-fonte-originária-da floração-do-alvorecer-de-todas-as-esperanças", do olhar à distância e sentir o pleno das plen-itudes", minha própria alma é esta chama: insaciável de distâncias novas lança ela para o alto..." Sou as palavras que me procuram, sou os verbos que me desejam, sou as metáforas e pleonasmos das náuseas que me desejam para o voo sob o abismo, de por cima das cavernas e grutas de estalactites, sobre as luzes que plen-ificam a floresta, etern-izam os mares, peren-izam os desertos... E, quando sou tudo isso, feito, per-feito, pro-feito, pos-fazido pelos in-fin-itivos mais-que-indicativos, sinto em mim em plena efervescência, eivado de todas as chamas da lareira, é preciso interiozar o ser do abismo para trans-elevar os baldios das desejâncias aos picos das SUBLIM-ITUDES.
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·        Sonhar a poesia, sonhar a poiésis do poeta, passeio em todos as esperanças do homem, da humanidade...
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·        (**RIO DE JANEIRO*, 20 DE DEZEMBRO DE 2016)


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