(TESE) - EFÊMERO E O NADA - ENSAIO POIÉTICO DOS CAMINHOS DA LUZ - Manoel Ferreira

                                        III CAPÍTULO - O VAZIO DO NADA



3.1.5 – O VAZIO SE ESVAI NO NADA

O efêmero se esvai no nada. Janela e veneziana abertas para o In-finito. O eidos do In-finito é o "silêncio". Surge-nos a questão fundamental: como exercer um ministério do silêncio no qual nossa palavra tenha o poder de re-presentar a plen-itude da Verdade. Estamos tão contaminados por nosso mundo tagarela, mundo de falácias que nos entregamos ao ponto de vista enganoso de que nossas palavras são mais importantes que o silêncio. Faz-se mister uma disciplina enérgica para fazer de nosso ministério, ministério de a partir do efêmero esvaecido no nada, a-nunciação do In-finito, um ministério que con-duza ao silêncio da plen-itude.
Um de nosso principais problemas é que, nessa sociedade de falácias, faladeira, o nada se tornou uma coisa terrível, quiçá mais terrível que o mergulho na morte. Para muita gente ele cria inquietação e nervosismo. Tudo na vida é efêmero, o e efêmero se esvai no nada. Assemelha-se a um abismo que pode engolir. Mas há uma saída para essa inquietação com o Nada: a Arte. Somente a Arte, comungada ao Nada, con-duz, é bússola para o In-finito, nele habitando o silêncio. O silêncio é a morada da palavra e a ela dá força e fecundidade. Pode-se até dizer que as palavras têm o objetivo de revelar o mistério do silêncio do qual elas se originam. Depois que o Nada é entendido como janela e veneziana aberta para o In-finito. O silêncio é o mistério do vir-a-ser, do mundo futuro.Para dar frutos, a palavra precisa experessar-se do mundo futuro para o mundo presente, do vir-a-ser para o sendo, da plen-itude para o Nada.
De fato, os que preferem viver em seu canto, assistindo de camarote o efêmero se esvaecer no nada, sem enxergarem a porta e a veneziana para o In-finito, e não mergulharem profundo no silêncio da plen-itude, apagam o verbo do Espírito, o fogo do Espírito Santo.
Sem o efêmero, o nada da con-tingência, o In-finito não existe, o silêncio da plen-itude não existe, o verbo do espírito não se a-nuncia, revela. O eidos da Vida é o vazio

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