ENSAIO-CRÍTICO DA MESTRA E AMIGA RITA HELENA NEVES AO TEXTO //**O NADA É MAIS IMPORTANTE QUE A BÍBLIA**//



O Nada é um Mundo! Ele existe! É uma percepção da coexistência humana e o universo. Há dimensões do Nada que nos habitam e há dimensões humanas que habitam no Nada
Às vezes, a dimensão que se nos habita o Nada é o Tudo que se nos resta. Passa-se a conviver com Ele(NADA) como uma única perspectiva do Ser em nôs.
Trata-se de um estado metafísico da fusão entre a ausência do ser e do estar-sendo, ou seja vivenciar a fusão destes estados.
Deus! O Nada é divino, infinito, indivisível, imensurável! O Nada é parte integrante da criação do universo. A Bíblia é terrena, mensurável, duvidosa... O Nada é atemporal e aespacial; a Bíblia, conveniente ao tempo terreno...
Resumindo:" Há muito mais entre o Céu e a Terra do que supõe a vã filosofia"(William Shakespeare)


(Rita Helena Neves)

Aí está todo o eidos existencial deste texto: O Nada é divino, infinito, indivisível, imensurável e a Biblia é terrena, mensurável, duvidosa... A Bíblia é duvidosa porque recusa a fusão entre a ausência do ser e do estar-sendo. Isso mesmo pensei ontem à tarde, quando passei na porta da Basílica-Santuário de São Geraldo. Olhando-a, disse a mim próprio em voz alta: "O nada é mais importante que a Bíblia". O título do texto saiu daí. Por um instante, temi um texto neste nível, sabe como são os fanatismos religiosos no Brasil e no Mundo. Não digo apenas dos católicos, evangélicos, mas de todas as religiões. Contudo, pus a mão na massa, escrevi o texto, está publicado.

**O NADA É MAIS IMPORTANTE QUE A BÍBLIA**

Nada.
Vazio.
Efêmero.
Vazio efêmero, tudo parece muito estranho, tudo é in-conceível, tudo é in-inteligível. Nada vazio. Mas quem pode afirmar a critério e rigor que o nada é cheio? Não é cheio nem de si mesmo. O que habita o nada é o vazio, é-lhe o eidos, por mais estranha seja a idéia.
Papel aceita tudo, então... Se o nada não fosse vazio, virar-lhe-ia as costas, julgar-me-ia ensandecido, dando-lhe todas as atenções, creditando-lhe todos os méritos de ser pedra angular para o ser. No século XXI, não teria o menor sentido. O ser se perdeu no tempo, esvaeceu-se na história. A humanidade já se encontrou no abismo, daqui para frente é cada vez mais mergulhar nele, até as pre-fundas da consumação dos tempos.
O não-ser não é o nada e o nada não é o não-ser. Nada efêmero. A cada passo o nada se efemeriza, a busca do ser torna-se outra conforme as situações do mundo, conforme os sonhos e esperanças do indivíduo. Se o nada se absolutizasse, os homens estariam todos com os pés presos no mata-burros, empacados por todos os milênios. À luz do nada a humanidade desde a eternidade caminhou, peregrinou, a estrela guia. Se a caravana dos ideais, sonhos, esperanças, utopias perdeu os freios, burros e cavalos que a conduzia, a responsabilidade não dever ser atribuída ao nada, mas às interpretações, análises, opiniões re-versas e in-versas que foram realizadas. O Nada é mais importante que a Bíblia - e não me venham dizer que retirei isto da fala de Lennon serem os Beatles mais populares do que Jesus Cristo -, queira-se ou não é a luz da vida do ser, quem o compreendeu e entendeu, trans-cendeu a lápide, trans-elevou o epitáfio, eternizou-se. Hoje, descansa no In-finito, curtindo as belezas do uni-verso, nada daquelas maravilhas do paraíso celestial, lugar de humildes e temerosos a Deus, lugar de quem abaixa a cabeça, tira o chapéu às ofensas, Deus é a Justiça Suprema.
Seja eu sincero e verdadeiro. Os dons e talentos para vencer as con-ting-ências da vida me foram doados desde a concepção, por que colocar nas mãos de Deus as dificuldades, cabe-me a entrega às lutas por tudo vencer, o resto é silêncio, mistérios e enigmas do estar-no-mundo. Jamais serei crente ou descrente a Deus. Fique Ele lá em cima, fico eu aqui no mundo. Seja ele eterno, seja eu mortal. No Juízo Final, pingaremos os nossos "iii".
Nada.
Vazio.
Efêmero.

Manoel Ferreira Neto.

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