(TESE) - EFÊMERO E O NADA - ENSAIO POIÉTICO DOS CAMINHOS DA LUZ - Manoel Ferreira

                          IV  CAPÍTULO - O NADA E A ARTE LITERÁRIA

4.7 – PRESENTE DO TEMPO

Descer ao vazio do nada para subir à solidão do eu. eis o paradoxo da espiritualidade.
A mestra em Literatura, crítica literária, professora, Rita Helena Neves,  assim nos diz em seu pensamento "Sentimento: "Que este meu tempo presente se transforme no mais remoto passado, o mais breve possível... E que o meu futuro se apresente como um presente do Tempo!"
Quem desce até seu presente do tempo, até sua própria realidade, até os abismos do inconsciente, até o vazio de seu nada, até a escuridão de suas sombras, até a impotência de seus próprios anseios, quem mergulha, entra em contato com sua condição humana da dor no vazio do nada, este sim está subindo para a Solidão, alcança a solidão verdadeira. Subir até a solidão do Eu, o Eu da solidão, é a meta de todos os caminhos espirituais A espiritualidade começa na realidade da solidão do Eu, nas suas necessidades, nas suas feridas e chagas, nos contratempos do dia-a-dia, e, fazendo-nos descer, ela nos leva a subir para a busca perfeita do verbo do espírito.
O descer ao vazio do nada, ao inferno da alma, dores e sofrimentos encontrando a Solidão do Eu e no subir ao In-finito, o Verbo do Espírito, encontramos o eidos do descer e subir, de vivermos a con-tingência e a transcendência na Solidão do Eu. O vazio está no coração, o inferno do nada está na alma. Isto significa entrar em um estado de extrema humildade, de constante metanóia, significa a mudança de nossa prisão no mundo, prisão nas contingências da existência, o romper com o endeusamento do próprio eu, mergulhar na Solidão do Eu.

A verdadeira solidão tem como um de seus elementos integrantes  a satisfação e incerteza, a alegria e dúvida, o contentamento e a insegurança  que nos vem, que advém do fato de estarmos frente a frente, em face de uma possibilidade não realizada.  Não é uma sangria desatada de possibilidades - e sim uma humilde aceitação que nos estabiliza em presença de uma enorme realidade, que num determinado sentido, já possuímos, e que, por outro lado, é uma "possibilidade", um objeto de esperança.

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