(TESE) - EFÊMERO E O NADA - ENSAIO POIÉTICO DOS CAMINHOS DA LUZ - Manoel Ferreira

                          III CAPÍTULO - O VAZIO DO NADA

3.1.2 - SOLIPSISMOS E ALTERIDADE DO NÃO-SER

Vazio de nada. Nada supremo, nada absoluto, nada omnipresente, nada omnisciente, nada perpétuo, nada sublime, nada de psicanálise do inferno, nada do inferno de psicanálise.
O vazio re-colhe, a-colhe o múltiplo, momento inesquecível, inaudível de re-nascimento, sentir presente o outro que era o mistério atrás do "eu", enigma atrás dos solipsismos e alteridade do não-ser, até mesmo lenda atrás das ipseidades das in-verdades, o outro na estrada de novas contradições, dialécticas, nonsenses, saltitando de ansiedades, desesperos com a presença do efêmero, sempre na expectativa de que irá esvaecer-se, irá ser esvaecido a qualquer instante, o vazio é gozador, adora brincadeira, pois re-vela o outro para esvaecer logo, ficando a sensação de mentira no intimo, a hipocrisia tem leito de flores no recôndito, regaço da alma, tudo não passou de falsidade, farsa, aparência, e o efêmero continua tranquilo na sua trajetória para o nada.
Nada prepotente. Nada orgulhoso. Nada pomposo. O vazio esvaece-se, o outro que nele re-nasce esvaece na continuidade do efêmero, morre no encontro imprevisto com os desejos e vontades da perfeição. De outro em outro, outro dentro do outro, dentro do outro, dentro do outro, na continuidade do tempo, experiências e vivências, a perfeição se a-nuncia, re-vela-se, caminha nos campos silvestres, o verbo do perfeito regencia o eidos da plen-itude. Vácuo das esperanças, sonhos, utopias, ilusões, fantasias, quimeras, sorrelfas. Só o nada é a esperança do ser, mas depende do efêmero efemerizar o não-ser da con-ting-ência, manque-d´êtres e mauvaises-foi, carências, forclusions, mostrar a solidão plena, nada nasce, nada morre por mim, nada do mundo tem qualquer sentido, não me preenche os lapsos, a ruminância do silêncio, instante e momento de pro-jetar o nada, pro-jetar-me na estrade de pós e poeiras das buscas, o inferno da metafísica presente nas curvas, aclives, declives, mata-burros e pontes partidas. A pasicanálise da metafísica nas dobras dos momentos de insegurança, indecisão, quando não se sabe se o nada está nadificando o efêmero, se o efêmero está efemerizando o nada, o vir-a-ser se tornou o ser-do não-vir, suspenso na ipsiedade do tempo, o vento passando bem distante - quiça tocasse e levasse para bem longe. Ou se se entrega ao nada, tenha fé e esperança na sua trajetória e itinerário para as sarapalhas do tempo ou se se entrega à morte do verbo, nada de nada, nada do nada.
Buraco negro. Espaço a-poético da verdade. Só nadificando o nada do Ser, o Ser se revela nada do Verbo, no nada do verbo "nada" a origem, o princípio das etern-itudes, as efemeridades iluminando e numinando a poiética elísia da vida, os efêmeros cintilando e brilhando a poiésis paradisíaca do Ser-para os caminhos do além.


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