(TESE) - EFÊMERO E O NADA - ENSAIO POIÉTICO DOS CAMINHOS DA LUZ - Manoel Ferreira

1.3 - INTERSTÍCIOS VAZIOS DA ALMA

Se amanhã houvesse de explicar a intencionalidade de dividir "Se amanhã houvesse" em sete partes, houve de disponibilizar-me um tempo para pensar o estar-no-mundo em comunhão com as conquistas, esperanças, para isto mergulho no "eu poético", investigar-lhe as situações e circunstâncias, só vislumbrando a felicidade de uma criança que brinca com o jogo das palavras, tripudiando com o tempo, blefando com o verbo. Hoje seria quem re-versasse, in-versasse a verdade da plen-itude com os interstícios baldios da alma, interditos sarapalhados de regências e declinações das utopias das esperanças e pretéritos mais-que-perfeitos que se sentetizam na pectiva de retros, retros de crepúsculos, entardecer, alvorecer a semente de orquídea que será a flor e a beleza nívea da náusea das mesmidades no instante de travessia para outras dimensões do absurdo e divino ser no transcorrer dos ipsis e litteris das páginas de um sonho o picadeiro do circo de gestos e intenções do in-fin-itivo verbo de haver nascido do trapézio que oscila de uma perspectiva a outra, o grande espetáculo seria no picadeiro de quem tudo pode para criar a alegria através de gestos tragicômicos da liberdade; nasci no meio dos livros, vou morrer no meio deles, com efeito, epigrafarei a solidão do palhaço, silêncios e vazios, re-presentando na metáfora dos subjuntivos gerúndios os vernáculos eruditos do vir-a-ser jogados no jogo lúdico do tempo, jogo de ruminâncias de ouro e riso, epitafiarei os re-versos in-versos da morte nada sendo senão a mediocridade em não saber, trazer a sabedoria em dentro, que o "Das" do mistério poiético da verdade borrificar de loção a face esquerda dos idílios, conspurcados de batidas do sino da igreja sob a luz da notívaga noite da libido na querência sensível e trans-sensível de acontecer o sublime das palavras que versificam e proseiam os liames de vestígios do nada na característica específica e sine qua non de pretéritos que originam os ritmos e acordes do "eu poético" que se re-vela ao mundo por inter-médio da arte circense da Estrela Polar, romance de idílios da "ec-sistência", desvelado o nítido nulo do cócito cogito das sorrelfas idílicas que da lídima "persona" ilumina a liberdade do abismo.
Se amanhã houvesse...
Se amanhã houvesse...
Se amanhã houvesse...
Se houvesse o "se" de amanhã no eu poético das poiésis...
Se houve o eu poético da poiésis, o amanhã de mim representado de palavras alegres, de plen-ersejar os sibilos da vers-itude, seduzindo a nudez da sabedoria. Sou quem não sou, no ser-de-mim... sou palavras do inter-dito dos baldios terrenos da alma, a orquídea simbólica da sorrelfa sob a chuva fininha do eterno.
Orvalh-itudes de quimeras tocando as páginas viradas, se amanhã houve de imortalizar os interditos de sonhos e esperanças, melancolias e nostalgias pretéritos, cujos estilos de linguagem olvidei, ad-nominndo e ad-verbiando o caos do efêmero, seria hoje, após sono profundo, nem me lembra se sonhei, a plena saudade de manhãs em que regava os canteiros de flores, amava tocar o orvalho nas pétalas e folhas, dizendo-me estar orvalhando as palavras, sorrindo de soslaio, a jornada era longa, sem fim. Mister criar-me, re-criar-me, inventar-me, a verdade, as verdades me esperavam nalgum terreno baldio de minh´alma, era engajar-me, arrancar-me de mim, destrinçar-me, a face afiadíssima de dois gumes do efêmero e eterno cortava-me em todas as direções, a minha missão era o eu poético, utensílio que amenizaria as dores da contingência, dialétida da naúsea e dogmas do "ser". A força do sonho; haveria de ser quem sou, as letras mão mentiriam, a verdade do "sou" seria registrada pelos dedos das mãos. Hoje estaria sentindo e pensando estar bem distante ainda do que sonhava realizar, são apenas garatujas fortuitas, quanto mais eu ando mais vejo metafísicas e metáforas na poeira das estradas.
Se amanhã houvesse de recordar sentimentos e emoções vividos com as leituras das cartas de leitores de Dostoiévski, carinho e ternura deles com o grande escritor, haveria com efeito de lembrar dos sonhos de ser querido e reconhecido por meus leitores. No tangente às profundidades da alma, Dostoiévski é o meu grande mestre, à luz de sua alma mergulhei na minha, homem e escritor se realizam na relação com os companheiros das letras, amigos da vida. A minha eternidade são as letras, a vida conjugada com a companheira, o grande amor, os amigos, todo o resto são efemer-itudes que devo viver plenamente, embora as contradições e dialéticas, o verbo é a luz das sendas e veredas no silvestre caminho do "ec-sistir", sei que represento a verdade no que digo de mim, enfim só na Bíblia não existe "re-presentação", tudo é a verdade absoluta, eternizada de divin-idades.


Comentários