(TESE) - EFÊMERO E O NADA - ENSAIO POIÉTICO DOS CAMINHOS DA LUZ - Manoel Ferreira

                            IV  CAPÍTULO - O NADA E A ARTE LITERÁRIA

4.9 – POIÉSIS DO TEMPO E DO SER

Poiésis do alvorecer, despertando a alma para o "escutar" os trinos diferentes dos pássaros, sinfonia de sons, ritmos, melodias e acordes, harmonia do novo e o vir-a-ser do outro que trans-cende as con-ting-ências dos desejos e vontades, acordando as dimensões do sensível para a con-templ-ação do In-finito das fontes da natureza que jorram as águas cristalinas de todas as esperanças e fé no que há-de ser na entrega verdadeira e plena das buscas da poiética da espiritualidade, da vida que sonha a luz límpida dos caminhos do campo que levam aos templos dos terços debulhados de versos e estrofes, mãos postas às alturas da beleza e do belo, rogando a sublim-itude do ser-no-mundo, do sendo-em-sendo, continuidade do ser que se faz continuamente de sonhos e esperanças, da poesia que nasce entre a palavra e o silêncio, que se concebe entre a fin-itude dos sentidos e perpetuidade das semânticase e linguísticas, que se geram, re-geram, tornam-se a gerar através das nad-itudes das facticidades e ipseidades. 
Pensador é todo homem. Todos têm gosto, apreciação, admiração, sujetividade pela revelação do mistério no des-velamento do não saber. A arte de pensar é dada por um modo extraordinário de sentir e escutar o silêncio do sentido, o silêncio do significado, o silêncio do significante, o silêncio do dito, o silêncio do inter-dito, nos dis-cursos das realizações. No pensamento não somos apenas enviados a remissões e referências. Não está na semântica ou na síntaxe a originariedade do pensamento. Uma paixão mais originária do que toda a semântica ou qualquer sintaxe, a paixão do sentido, toma posse de nosso ser e nos faz viajar por dentro do próprio movimento de referir, de remeter, de enviar. 
Rita Helena Neves, em sua crítica à X Parte deste ensaio, diz-nos com excelência " .... não há um pensar, um dizer-se, antes do silenciar-se em si mesmo.”. E por que não? Porque o ser é algo derradeiro e último que sub-siste por seu sentido, é algo autônomo e independente que se dá em seu sentido. Só nos resta encarar de frente as palavras e o silêncio, o ser no movimento de seu sentido a fim de não perdê-lo de vista e esquecê-lo nas obnubilações do tempo. Os percalços e peripécias do tempo nos proporcionam o horizonte de doação do sentido que se dá, na medida em que se retrai. Assim, ainda nos fundamentando no pensamento da crítica Rita Helena Neves, " O belo é a observação do sentir poético. Daí a transcendência, a metafísica do poeta para compor sua poesia." Um erro crasso, ruço de todas as metafísicas, vistas à luz deste ou daquele filósofo, fora o de en-velar a poiésis do tempo e do ser, a dimensão sensível das con-ting-ências do eterno, das esperanças da eternidade, que só se re-velam na poesia. E na prosa eminentemente poética, cujas dimensões são a semântica e a linguística do espaço descritivo e narrativo do "dizer", nas con-ting-ências do cogito e da razão. abre-se o horizonte para os questionamentos e buscas do vernáculo do espírito.
Então, compor a poesia e literatura poética, poiésis da literatura, é estar na dimensão do finito, tragédias do nada, à busca dos In-finitos da Linguagem, dos estilos que as experiências e vivências outras que a-nunciem os horizontes e uni-versos da esperança e desejos, fé e sonhos, numa linguagem metáforica, estética, estilística, verdade da palavra e do silêncio, que inscrevem nas tábuas e molduras do tempo e do ser, das subjetividades e objetividades, a espirtualidade, o espírito da vida e da existência. 







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