(TESE) - EFÊMERO E O NADA - ENSAIO POIÉTICO DOS CAMINHOS DA LUZ - Manoel Ferreira

IV  CAPÍTULO - O NADA E A ARTE LITERÁRIA

4. 1 – Imagem Poética

A Modernidade comeu o fígado da Arte Literária, linguagem e estilo estéticos, visando a busca da beleza, com cebola e salsa, mergulhando no abismo mais abissal do nonsense, do absurdo, do nada. O Estruturalismo reza que o homem não existe mais, tudo são estruturas. O Modernismo reza que a Arte Literária não existe mais, tudo são verborréias das letras.
Felizmente que o Nada, dimensão con-tingente da Arte Literária em nossa modernidade, está presente em toda a sua eidética, é uma pedra de toque para recuperar, resgatar os valores estéticos da Literatura e Poesia.
O nada tanto pode ser um atalho que conduz mais rapidamente ao destino visado, a estética, a beleza, pois que ele, nos efêmeros da linguagem e estilo dos tempos, períodos literários que serviram aos interesses e ideologias, ligados à história em suas manifestações sociais, econômicas, religiosas, que desembocaram nele, dando origem ao vazio, são perspectivas lançadas ao In-finito, projetadas ao verbo Litteris da visão-[de]-mundo, quanto pode ser um desvio strictu sensu, levando quem o escolhe (ou nele simples cai) a perder-se sem que o destino intencionado jamais venha a ser conhecido. Este caminho é o literário-filosófico e se encontramos ao final um sujeito construído ele mesmo como forma amalgamada e metamorfoseada em linguagens claras e distintas que se concebe nascidas e existentes como sensibilidade, subjetividade, podemos imaginar, não apenaso que lhe teria acontecido se houvesse encontrado um desvio, mas outros caminhos para a construção da subjetividade que não re-presentassem apenas a chance de perdição.  É o "eu" literário, o "eu poético" ao final do caminho da projeção do Nada para o In-finito poético. O sujeito iluminado, o "eu poético" iluminado, produz-se no ato mesmo em que é posto um sujeito não iluminado, o nada, constituído na sombra do vazio.
Considere-se que, sob o sujeito moderno, o "nada poético" ofuscado por sua luz e que ele possa ser descoberto numa in-vestig-ação, análise e interpretação dos vestigios da linguagem e estilo que se foram perdendo ao longo do tempo, ao longo dos períodos liteários, "às sombras", "às penumbras", aos "crepúsculos". Se o "eu poético" é todo luz e está à luz da literatura, da poesia, este sujeito está à sombra também da história da Literatura, e da História da Subjetividade, da busca da Estética, da Beleza, da Espíritualidade, da Sensibilidade.
A imagem poética é uma emergência da linguagem, está sempre um pouco acima da linguagem significante. Ao viver os poemas tem-se pois a experiência salutar da emergência. Emergência sem dúvida de pequeno porte. Mas essas emergências se re-novam; a poesia põe a linguagem em estada de emergência. A vida se mostra aí por sua vivacidade. Esses impulsos linguísticos que saem da linha ordinária da linguagem pragmática são miniaturas do impulso vital.

O nada, como já dissemos, é a pedra de toque para a recuperação, resgate da imagem poética, o "eu poético". Neste nível de nossa in-vestigação sobre o Nada e a Arte Literária, intencionamos a busca do Verbo Poiético do Eu poético, para estabelecermos a Estética. 

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