VIVER FORA DA REALIDADE Ana Júlia Machado: POEMA



Não entendo se sou uma silhueta, ou um ser desnorteado
Por uma neblina de uma enfermidade que se caracteriza
Pela privação da ligação com a existência
Não entendo o que sou… ou no que converti-me…
Ensaio.me como uma mágoa de espectro...
Como uma artéria, apenas sem seiva.
Isto tudo dissimulei minha enferma e presumível vida,
Ainda não entendo, quiçá
eu encontre-me extremamente sumida...
Como um som cavaqueando com um covil…
provavelmente eu seja
A repercussão de uma existência antiga...
Tudo é tão espinhoso...
Ou encontrar-me deveras na orla?
No íntimo compreendo que resido preia…mas em que local’
Para onde caminhei? (no érebo, concebem vocês)
Numa poça, eu posso ver olhares fúnebres e distorcidos
Olho sem fulgores, como um sudário
reste o observar de um invisual.
Analiso que não interessa onde quer que eu vá, meu intelecto
Não facultar existência além desses
paredões nebulosos e translúcidos.
O panorama enfermo e sepulcral apavora-me. Para onde foi endereçada minha silhueta macula?
Preia nesse bosque invadida de semblantes
com observares acabrunhados!
Curso, e curso e ninharia altera, somente
a intensa negrura em meu âmago
Que criatura sou? Para onde fui carregada?
Qual será minha punição?
Quiçá isso seja um marasmo, ou somente
o intelecto de uma esquizofrênica.


Ana Júlia Machado


#riodejaneiro#, 25 de novembro de 2019#

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