PINTORA CRÍTICA LITERÁRIA POETISA E ESCRITORA Graça Fontis POEMATIZA O POEMA #CALAFRIO DO SUBLIME, DA GRAÇA#




AO POETA
GRAÇA FONTIS: POEMA E FOTO
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Ah... Se em teus sonhos invacilantes
Sítio diáfano das querenças fluidas
Atada aos dígitos em dilatação
Na solidez de um quedar faminto
Feliz moleca no exílio de tua solitude
Deixar-me-ia levar, absorvida
Em teus conteúdos, navegaria...
Desde a voz flamejante, pomposa
A serenidade das palavras
A hastearem empolgação
No êxito, evoca, provoca
E convoca
A viagem solitária para além
Das metas-físicas
Ilimitados às inserções instantâneas
Dos imprevisíveis fluxos indesejáveis
Eles passam...
Carros,
Gente,
Fogos,
Embarcações apitam ao destino
E vão passando...
É o rangido tecendo o tempo
Onde o todo fiel e dramático
Não tem pressa, enquanto perco-me
Submersa, sucumbo-me às imagens fisguentas
Inda de difícil compreensão
Neste solo retinado
Para os sonhos ao aludirem um coração apressado
Os mitos e mistérios a rondarem a inspiração
É lirismo nostálgico
É a poesia...
Na flor
Nas nuvens
No mar?
É estratosférico!
É o poeta, seu poetar...
Inteiro, conta causos, acalma
É um ser de lutas, de fatos
Crítico, a vida canta, conta
Em contos, encanta
Do amor, alegrias, angústias,
Do dia a dia, ao preterizado
Das luminâncias, e aos muitos apagados
Dos pais, dos filhos dos filhos
Que lá habitaram, foram-se
Canta a lua tua dor, febril...
O namoro na janela
O trotar do cavalo
Na terra batida, sem rumo
O sanfoneiro eclético no boteco em êxodo
Mais o violar de Raimundo!
Mais o chocalhar do seresteiro
Compactado às primevas erudições
A impactar-nos com sua rica vernaculidade
Envolve-nos...
As primitivas figuras exóticas
Urbanas, rurais,
Tão naturais!
É aí, sem ânsias, desapressada
Deixei-me levar...
Como secas folhas num vento ameno
E dissolvo-me a cada sílaba
A prosa, de um suave
À alma apaziguada
E sobre a doçura do mito que montei
Adormeci.


Graça Fontis
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#CALAFRIO DO SUBLIME, DA GRAÇA#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA
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Não preciso do Deus dos cristãos,
Não preciso da Katharsis dos gregos,
Não preciso do Cogito Ergo Sum de Descartes,
Não preciso da Substância de Spinoza,
Não preciso do "Eu" de Fichte,
Não preciso do Absurdo de Camus,
Não preciso da Sedução de Kierkegaard,
Não preciso do Ser e Tempo de Heidegger,
Não preciso da Mauvaise-foi de Sartre,
Não preciso do Espírito de Hegel.
Não preciso mais ter medo do erro, do equívoco, do engano
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A amplidão de todas as coisas que crescem e que perduram à beira do caminho do bosque, dá-me o mundo. A liberdade é o mistério do mundo que se manifesta, revela em mim, o verso do espelho das aparências. O coração de todas as determinações é a dimensão em que eu próprio posso me determinar. Ainda posso me estremecer no calafrio do sublime, da graça.
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Horas de martírio em minha vida
Em claridade sombria
De desalentos, desolações,
Quem não as conferiu em mim,
Vertendo lágrimas, roguei,
E nunca em vão,
Meu jovem ser
Exausto de reclamar, queixar-se,
Só confiou no Anjo Graça
O Espelho do Eterno reflete, hoje,
Sentimentos de alegria,
Só emito opiniões subjetivas,
Disposições e desejos d´alma,
Utopias da felicidade
Vida é partir para margens, orlas distantes
E ao mesmo tempo
O que está bem próximo,
Graça é a artífice de minha vida
Leva-me ao coração do mundo.


#riodejaneiro, 24 de novembro de 2019#

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