#CIO DO CORAÇÃO ALUCINADO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA POÉTICA



Ode à libertinagem dos libertinos
Por fomentarem os instintos vários,
Deixando a alma depravada
No jogo de luz e sombra,
As atitudes e comportamentos
Ficando no cio
Do coração alucinado, des-vairado,
Varrido da silva,
As ações e ímpetos
Varrendo as nuvens
Da dignidade,
Limpando as estrelas
Das honrarias,
Faxinando a lua
Dos idílios, sorrelfas
Do amor eterno,
Andando à deriva
No sem-limite,
Na permissividade!
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Ode à permissividade dos canalhas
Só por inter-médio de todas as porteiras
E cancelas abertas, escancaradas
Torna-se possível
A construção do nada
Soldando outros estilos e linguagens
De vida,
Na imagem baça dividida
Irrompe lá do vazio
Das canalhices
Novas criações
Da desesperança,
Como toda
PERSONA NON GRATA!
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Ode às zeíces do Mané
Por ornamentarem com distinção
E estilo
O irônico e o mordaz
Da crítica do quotidiano,
Até a prostração da auto-crítica
Desolada,
O agressivo de sonoros
“filhos-da-puta”,
Até o lúdico de uma carícia familiar
E supostamente burguesa!
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Ode as cafajestices do cafajeste
Por serem elas que,
No silêncio,
Falsificam os verbos da eloqüência
Em forma,
Da verdade pontuda da carne,
Da planície lúcida
De onde emerge a montanha do ser;
Por à luz e mercê delas
A humanidade des-ocupar-se
Em ec-sistir,
Sobreviver até que a morte
Tenha o termo eterno para roer!
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Ode às suciedades do burguês
Por dinheiro fazerem poupança
Do desespero, angústia, medo,
Por os juros delas no inferno
Serem pequenos,
Por as cifras do lucro no sangue
Escolherem a morte
No instante do sono profundo,
Por na arapuca de Morfeu
Serem as suciedades
O sangue coagulado
Do espanto,
Da estupificação!
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Ode às justicices do Poder Judiciário
Por elas serem as verdadeiras responsáveis
Pela ausência de punidade,
Abrindo os caminhos e veredas
Para
A sociedade despertar daquele
Sonho de paz e tranqüilidade,
Romantismo de sétima categoria e estrela,
Entregar-se ao jogo real
Das violências todas,
Dos crimes hediondos,
Das corrupções em todos os níveis,
Trevas e desenganos
Varrendo a réstia tênue
Do crepúsculo!
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Ode aos sonhos dos sonhadores
Que desejam suas éguas desembestadas,
Seus jegues no pasto
Comendo do mais delicioso capim,
Seus porcos no chiqueiro,
Desfrutando de tranqüilidade,
Após a lavagem do meio-dia,
Suas éclogas desnatadas,
Suas liberdades que já tardam
Os camelos sedentos
No meio da cáfila!


#riodejaneiro, 28 de novembro de 2019#


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