SENTIMENTOS PRESENTES NAS REGÊNCIAS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA PROSAICO



Traguei verbos
Defectivos, regulares, irregulares, anômalos,
Esvoaçaram pelo recinto,
Expelida a fumaça a deus-dará,
Se nela residia o que re-colheu, retirou de mim,
Enriquecendo sentimentos íntimos,
Conjugando ética e estética em seus tempos,
Fosse-me dada a dádiva
De expressar-lhe, dizer-lhe,
A paixão inunda o espírito continuamente,
Sentimentos presentes nas regências
Patenteiam com argúcia as perspectivas
De visão da ampulheta
Que verdade re-colhe na visão
Dos sentidos multíplices florando nas intenções....
A Verdade e a Fábula
São a mesma coisa,
Não me é dada a dádiva
De dizer, verbalizar o que os verbos,
Na fumaça, tiraram de mim,
O que recolheram ,
Isto é fábula a estética mostra perspectivas da verdade,
Isto é fábula, cumpre gerenciá-la precedendo
As características que a traçaram,
Isto é Verdade, mister, sine qua non empreender
Há o risco incólume de se tornar fábula...
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Sou um ser de cerimônia,
Represento a Comédia da Fala,
Das Palavras,
Verbos e Fumaças esvaeceram-se
Ausências, lapsos de memória,
Residem alhures, invisíveis, imperceptíveis,
A cerimônia persuade-me
Nada existe sem razão,
Presto-me aos meus desígnios,
Sem Verbos, sem Fumaça
Com presteza virtuosa,
Diria até suntuosa de sacralidade
Que me impede de
Partilhar de seus fins,
Dilapido os mistérios da Verdade, da Fábula,
Do Mundo e do Entendimento,
Para seduzir-me a inventar, criar, projectar
Esperanças, necessidades,
Exílio orgulhoso,
Inda que tudo sejam representações,
Nada seria existir não fossem as quimeras...
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O que a existência obsequiou,
Tragar verbos, expelir o nada
De quimeras longínquas,
De utopias distantes, íntegras,
Colhi a flor que enfloresce
No seu tempo de vida,
Esquecem-me as ausências, falhas,
Lapsos de memória,
Esquecem-me enigmas, re-presentações,
Florando vocábulos, vernáculos ,
Momento sublime que transforma
Uma besta do acaso em passante providencial.
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Larguei mão de idéias que envelam incapacidades de discernir o bem do mal, e com isto sentir-me à vontade. Edificam em nome de justificativas inúteis. Não res-pondem às expectativas da esperança fremente da consciência-estética-ética, canalizando a quimera do silêncio, acender o fogo da solidão, tudo o que possui para facultar-me as utopias.
#riodejaneiro, 19 de novembro de 2019#

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