POETISA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA Sonia Gonçalves RESPONDE À INTERPRETAÇÃO DO POEMA #SALTO ALTO DEMAIS#




Perfeito, Manoel Ferreira Neto.... grande interpretação, acrescento uma metáfora boa, o mel seria o sabor doce agradável da vida e das pessoas, que é preciso muito jogo de cintura para lidar com elas e extrair o mel, principalmente num relacionamento amoroso, o mel da vida, a união e cumplicidade das abelhas, muito se assemelha a vida humana, porém deveríamos aprender mais com elas, porque aqui é cada um por si em busca do seu mel, JUSTO, porém veja bem o problema são aqueles que querem ROUBAR o mel dos outros... rsrs Sacou a jogada? rsrs Bjos querido.


Sonia Gonçalves
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Entendi, sim, Soninha Son, veementemente. Deixemos em suspenso o meu entendimento de sua resposta; porém, digo: o mel que colhi das abelhas não há quem o roube de mim, as abelhas permitiram-me com sensível finesse, não "mundo" o mel delas. Beijos nossos, querida.
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Sinto-me assaz atraído por comentar os dois versos finais deste poema: ".... para comer o mel/É preciso saber lidar com as "abelhas." Se observamos com percuciência estes versos, percebemos tratar-se de um princípio teórico. A obstinação profundamente instalada no teórico é... um grande impedimento para ver inteiramente... o reino do domínio da vivência do em-torno. Assim, entra-se na cultura da sublimidade oca, interioridade falsa, grandes palavras e profundidades enganosas. Para iluminar essa treva do teórico que "munda as coisas" exige o lirismo filosófico de fronteiras últimas. Imagino muito mel produzido pelas abelhas, cada um podendo comer a sua parte livremente. No curso da experiência de comer o mel e lidar com as "abelhas". O lirismo filosófico, no meu entender: o homem precisa lidar consigo mesmo para compreender as abelhas; se o fizer, comerá o seu mel, sentir-lhe-á o sabor, e as abelhas não atacarão. Cabe dilacerar as teorias, queimar os princípios teóricos, vivenciar as coisas, e não mundá-las. E, lendo estes dois versos finais, intui que a poetisa está convidando os homens a vivenciarem a si mesmos para poderem vivenciar o mundo. Os dadaístas sempre fizeram esta pergunta: "O que se quer opor a tudo isso?" A oposição aqui refere-se à teoria, como já o disse:"a teoria munda as coisas", faz-se mister o lirismo, e já que a poesia e a filosofia estão interligadas, o lirismo é a consciência do "eu", o "eu" que quer comer o mel, mas existem as abelhas que em princípio são hostis. Só o lirismo pode proporcionar ao homem ser o que ele é, viver sua própria vida, andar de salto alto ou andar descalço, e não ter de se explicar para ninguém.


Manoel Ferreira Neto


#riodejaneiro#, 25 de novembro de 2019#

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