COPACABANA DE CHAPÉU E LONGO PALETÓ# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Pers de ilusões
Do nada às travessias de nonadas
Ins-crevendo nas constelações atrás do In-finito
Mandamentos re-versos de legendários cânticos
Das pontes às abóbodas do horizonte
Plenificado de paisagens do vale e do deserto
Romanceando no espaço de estrelas e planetas
Sentimentos e emoções que pre-nunciam
Inspirações,
Percepções,
Intuições,
Sensações voláteis e volúveis, etéreas e fugazes
Do deserto às colinas,
Das orlas marítimas aos bosques,
De cujos auspícios se vislumbra, con-templa
Os abismos
De cujas profundidades
Sons in-audíveis pres-ent-ificam-se,
Metafísicas concebem a imensidão das utopias,
Metalinguagens concebem esplendorosas
Dialécticas do silêncio vazio de silêncio,
In-audito vazio de inter-ditos.
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Pers de devaneios
Dos ideais que floram no alvorecer
De flores que des-abrocham,
De ondas marítimas que,
De docas em docas,
Banham a areia da praia,
Enquanto as gaivotas passeiam tranquilas,
Os pescadores lançam a rede no mar,
À espera da colheita de peixes,
O senhor em Copacabana de chapéu e longo paletó,
Dirige-se para casa, atravessa a rua,
Perscrutando ao longe o Corcovado,
Re-velam o espírito da vida,
A alma dos desejos e vontades,
A latência das buscas, o manifesto das querenças
Da fé,
Da solidariedade,
Da compaixão,
Da fraternidade
Da terra e do mundo.
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Pers de desvarios
Verbalizando
Trajetória na precisão das perspectivas do Ser-existir,
Tocando, com a alma, universo divinizado,
Quiçá as chamas de achas na lareira,
Nestes instantes-limites não enviem-me ao olhar
Percepção, além das percepções,
Visão, além das visões,
Intuições, além das idéias e pensamentos
Tudo é o Ser,
"Sujeito e objeto interligados
Num único Espaço-Tempo.
Depurando cada e todo o estado d´alma
Do homem que vê além de si mesmo
A ânsia de existir no Nada."
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Pers de luzes diáfanas
Iluminando as dialécticas do tempo,
As contro-vérsias do efêmero e eterno,
As con-tradições do bem e do mal,
Os non-senses dos dogmas e preceitos,
Do nada e do tudo,
O hilário das tragédias e infelicidades,
A sátira da verdade e dos costumes,
A crônica da mentira e da dignidade,
A fábula do absoluto e da náusea,
O causo das mazelas e dissimulações
A lenda do saci-pererê e do menino da porteira,
Trazem no bojo, na algibeira, no alforje
Do Verbo e do Verso
O eidos, o núcleo, o cerne, o paráclito
Da Vida.
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Pers de linces do olhar
Pervagando a soleira da eternidade,
Circunvagando as sombras no crepúsculo,
Devaneando na neblina que cobre o corcovado,
Na neve que cai na choupana solitária da floresta,
No orvalho que toca as folhas das árvores na madrugada,
Enquanto a coruja canta as esperanças da sabedoria,
Re-velam a presença presente
Da Vida do Espírito.
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O senhor de chapéu e longo paletó, no chuvilho fino da noite, abre o portão de sua residência com tanta leveza de movimento, entra, tranca-o com a mesma atitude, caminha alguns passos, sobe três degraus, abre e fecha a porta. A beleza do chuvilho caindo lá fora sobre a luz do poste de energia elétrica, raios de luz e gotículas de água, a janela do quarto fechada, cortina aberta.


#riodejaneiro#, 23 de novembro de 2019#

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