RE-VERSAS IMAGENS DE LUZ - Manoel Ferreira
De por
quem houvera dado
A vida
por que lutei,
Entreguei-me
por inteiro;
De por
quem verti tantas lágrimas
Tristes,
angustiantes, desoladas,
De por
quem nos longos espinhos de rosas
Vermelhas,
brancas, lilases,
Cujas
pétalas brilhavam em manhãs
De
fortes raios de sol,
Minhas
mãos sangrei.
Imagens
de luz re-versas,
No
amor profundo, na ek-sistência calma
Res-gatei
minh´alma
Do
passado a lírica do tempo,
De
ontem beijei a terra,
Pousei
meus olhos fundos
Nas
perspectivas de outros horizontes
De
uni-versos outros,
Vivos,
ardentes,
Por
não saber em tantas agonias
Abençoar
as minhas des-venturas.
Re-versas,
in-versas luzes
De
imagens longínquas
Busquei
re-colher e a-colher
Nas
retinas de meus olhos
Tergi-versados
para os confins do in-finito,
E
desiludido, exausto, ermo, perdido,
Esperei
vis-lumbrar, aguardando o derradeiro sono,
Volver
à terra, de que fui nascido,
Vindo
as nuvens flamejantes
Encher
o céu de minhas primaveras.
Luzes
de imagens re-versas,
Em
meus sonhos de moço e de poeta,
Con-templei,
na ambição inquieta,
A
página sublime da silenciosa noite,
Sem
procurar melhor felicidade,
Sem
ambicionar prazer mais puro;
Se o
amor profundo que
Por
elas nutria nos inter-stícios
De
minha alma
que
clamava
Pela
visita sensível do espírito,
Não as
captei puras e cristalinas
Que me
levassem ao eterno e transparente,
Postei
as mãos, ajoelhado que estava
No
chão de terra trincada pelo sol escaldante,
E
indaguei das nuvens brancas e azuis do céu
De que
me serviria outras esperanças
De
re-verter imagens em luzes,
De
in-verter luzes em imagens.
Aos
versos re-versos em luzes,
Um
des-velado olhar fixei,
Ouvindo
os cânticos das amorosas brisas
Do meu
eu poeta e das imagens
De estrofes
que me perpassavam o íntimo,
Das
florestas silvestres
Por
onde me levavam os sonhos e quimeras.
Também
eu, sonhador,
Artífice
de imagens de re-versas luzes,
Que vi
correr meus dias
No
silêncio mudo da grande solidão,
Soltei,
enterrando as minhas utopias
Cristãs,
pagãs, sacrílegas,
O
derradeiro suspiro e a último cântico,
Buscando
adorações de uma plaga a outra plaga,
De um
sertão mineiro a outro sertão,
Nas
perspectivas re-versas das imagens
Que as
luzes em uni-sono
Re-vestiam
a natureza a púrpura divina,
E tudo
sorriu de claridade, transparência,
Ao
influxo celeste e doce da beleza,
Abrindo
as asas luminosas de minhas fantasias
Do
ser, do não-ser, do haveria de ser, do por vir,
Minh´alma
se ergueu e vou às regiões venturosas,
Onde
ao meu brando olhar
Reavivei
a melodia estranha da
Beleza,
do esplendor, da plenitude.
Evoquei
a lembrança casta
De
imagens in-versas nos inter-stícios da alma,
A
recordação virgem da alma
Nos
re-versos idílios
De
sorrelfas iluminadas
Pelos
olmos da montanha
Con-templando
a luz, as estrelas,
Sentindo
em torno de si a muda natureza,
Res-pirando,
como eu, a saudade e a tristeza.
Indelével,
puríssima imagem
Do
amor de um poeta
A quem
dera a vida, sonhos e esperanças,
Amor
eternamente convencido,
Que
vai além dos contingentes sentimentos,
Das
terrenas emoções,
Dos
mundanos desejos e vontades,
E que
através dos séculos o nome do ser amado,
Que
faz de Izabel um culto, e tem por sorte
Re-verter
as dores e sofrimentos
Em
imagens de ardente amor
Que o
coração suspira.
A palavra
do sábio traz a calma,
Os
versos do poeta iluminam
As
luzes re-versas de imagens,
As
re-versas luzes de imagens,
Que se
a-nunciam, re-velam nos sonhos
E
esperanças de amor, amizade, compreensão.
O
sábio aqui sou eu,
Que,
mergulhando profundo na Vida
Do
espírito sonhador,
Busca
e deseja a plenitude do uni-verso.
O
poeta aqui sou eu,
Que,
re-fletindo no espelho de imagens
Re-versas
de luzes,
Tem
vontade de res-ponder,
Com ar
soberano e tranqüilo,
À
pergunta de só com a esperança
É
possível existir o coração da vida,
Com um
“sim”.
Ò
santa e pura luz do olhar primeiro!
Com
amores sonho,
Amores
em cujas re-versas luzes
De
imagens,
Suspiram
a ternura de um querubim destinado
A
encher a vida de perpétuas flores.
A
suspirar as ânsias da paixão,
A
con-templar a luz e o riso.
Aspiro
a existência entre flores esquecida
Pelos
rumores de mais ampla vida.
Re-versas
imagens de luz
Sim,
cabe ao homem suspirar por elas,
Con-templar
os sonho que há de vir,
Vislumbrar
a alegria no porvir dos horizontes
Distantes
ou longínquos,
Reais
ou irreais.
Ser ou
não ser,
Eis a
questão.
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