*NUMINOSAS ETERN-ITUDES DO EFÊMERO* - Manoel Ferreira
Sinto-me sorrir com os cantos da
boca.
Sinto-me olhar com as esguelhas das pupilas
A neblina que cobre a serra,
Com as retinas dos soslaios
A fumaça a esvair-se no ar
A única coisa que o relógio simboliza ou significa,
Enchendo, com a sua presença, as horas,
É a curiosa e insípida sensação de encher
O dia e a noite com a presença das horas,
Encher as horas com as melancolias pretéritas
E os desejos da canção eterna da felicidade.
Todo o alpendre estala de uma presença intensa,
Alguém mais ali, flagrante sinto-o, não vejo
ninguém.
Uma vaga passa , invisível e grande,
Ao balancear dos meus olhos pelo horizonte,
Sinto-me bem,
Experimento uma canção que me aparece nos ouvidos.
De qualquer modo que sinta o verão
– desagradável, porque é quente; enfastiado, por
ser cansativo, -
assim, porque assim o sinto, é que é meu dever
senti-lo.
Ouso fantasiar as áureas para en-velar as dores e
sofrimentos,
Mas ainda assim vou-me revelando, manifestando
cristalina
A esperança da verdade e do amor.
Espírito de sacrifício?
Abnegação levada ao extremo:
Ou ingenuidade incurável daquele cuja escolha se fixa nas atitudes
Que julga as mais simples
– se não há convivência com alguém, não é mais simples
Ficar em silêncio com a pessoa,
Mantendo a distância conveniente e inteligível,
Respeitando os seus direitos e deveres;
Não consigo imaginar outra.
Inteligível e conveniente ´não é ruminar ouro e riso”,
Mas o ruminante seja o desejo e a vontade do ouro e do riso.
Esta simplicidade apareça aos olhos de todos como o intrépido,
Como o paradoxo,
De uma posição e decisão na vida.
Sabedoria...
Encarar a própria
Re-fletida no espelho da vida,
Re-cuperar das sombras inconscientes
A nitidez da verdade, trans-parências das dores,
Sofrimentos armazenados ao longo das estradas,
Reconhecer o não-ser
Que habita interstícios, re-cônditos da alma
Des-virtuando sonhos, esperanças, fé,
Mergulhar profundo nos desejos do eterno,
Discernindo con-tingências e trans-parências,
Separando com percuciência o efêmero do jamais
A ofuscarem a visão do bem e do mal,
Perscrutar os horizontes do nada
A esvaziarem o uni-verso de suas cores cintilantes
De esplenderem a beleza do divino
Pre-escrever de fantasias, ilusões, quimeras,
Em letras góticas,
O amor-verdade,
A in-fin-itude de valores sensíveis, espirituais,
Contemplar nos raios numinosos do sol
A luminosidade do além-virtudes
Vivenciais, vivenciárias
A res-plandecência do in-finito-valores
Abrindo as cortinas de seda do absoluto ,
Pensar a morte não como luz
Do paraíso celestial, redenção dos pecados,
Ressurreição do nada, travessia do tudo,
Mas busca, querência, desejo
Do outro-aquém-contingências,
Genesis da felicidade, alegria...
Engolir a seco ideais de outros
homens,
Recitar versos de poetas que viveram suas vidas
À busca da liberdade de seus sonhos,
De-clamar as palavras de escritores
Que verbalizaram o sentido da ec-sistência
Sob a perspectiva das hipocrisias, farsas.
Habitando a profundidade de suas almas, tempo,
Não é sabedoria, é ignorância do ser próprio
Não é sabedoria alargar o não-ser às luzes do vir-a-ser,
Re-duzir a vida que se é,
Viver de quem se é,
Sem limites, sem absolutos, sem etern-itudes,
Sem expectativas, sem travessias da vida,
É respeitar o "Ser" com quem se nasce, busca a verdade
Perscrever de fantasias, ilusões, quimeras
Em letras góticas o amor-verdade
A in-fin-itude de valores sensíveis, espirituais,
Con-templar nos raios numinosos do sol
A luminosidade do além-virtudes
Vivenciais, vivenciárias`
À res-plandescência do in-fin-ito-valores
Abrindo a cortina de seda do absoluto
Pensar a morte não como luz
Do paraíso celestial, redenção dos pecados,
Ressurreição do nada, travessia do tudo,
Mas busca, querência, desejo
Do outro-aquém-con-tingências,
Genesis da felicidade, alegria.
Engolir a seco ideais de outros
homens
Recitar versos de poetas que viveram suas vidas
À busca da liberdade de seus sonhos
De-clamar as palavras de escritores
Que verbalizaram o sentido da ec-sistência
Sob a perspectiva das hipocrisias, farsas,
Habitando a profundidade de suas almas, tempo,
Não é sabedoria, é ignorância do ser próprio,
Não é sabedoria alargar o não-ser às luzes do vir-a-ser
Re-duzir a vida a quem se é,
Viver de quem se é,
Sem limites, sem absolutos, sem etern-itudes,
Sem expectativas, sem travessias da vida,
É respeitar o Ser com que se nasce, busca a verdade.
Viver a sabedoria
Não são versos de poeta,
Não são ideais de um escritor,
Não são fantasias de um sonhador,
São querências da realidade-[do]-ser,
São desejâncias do espírito-{da}-vida,
É expor a alma ao arco-íris
Do silêncio e solidão...
Não sou sábio,
Busco a sabedoria da vida...
Desejo o ser-do-saber
A todo instante...
Manoel Ferreira
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