#VITRAIS COLORIDOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA



EPÍGRAFE:


""As manchas que trago no meu "eu-corpóreo" é o que minh´alma faz questão de preservar!..."(Graça Fontis)


No instante da proximidade comigo, encontro-me distante. Instante distante, proximidade de encontro?


No momento em que me sinto distante, encontro-me o mais próximo da verdade. Eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim próprio, sou mais inexorável do que eu, mais implacável do que minhas atitudes, e o jogo de minha vida maior não se fará.


Esvaece-se a fumaça, o tempo, que cosita mais furtiva o ser, que coisa mais difícil de ser ouvido, ouvindo-me sendo... ritmo, melodia, arranjo, musicalidade, acorde musicalizam ao som das atitudes, ações... a música tocando no gravador, avenida, ruas, alamedas, a loucura desvairada pelas futilidades serão lembranças de instantes, de idéias, questionamentos entre carícias, beijos, serão recordações de carências, as luzes dos postes iluminando a rua de por baixo das copas das árvores, escuridão, subindo a Espírito Santo, destino Praça da Liberdade - liberdade: onde estás que não me ouves?
Alhures...
Algures...


Horizontes espalham-se nas arestas sensíveis de um tempo em que o homem é uma consciência, em que o homem é um sentimento de prazer e tristeza, de angústia e solidão.


Universo esparrama-se nos emocionais ângulos de uma consciência e o amor é sempre uma indagação de sensibilidade, de sentimentos, de autenticidade, a consciência e verdade do silêncio; e o carinho é uma postulação de sensações de busca e procura do Belo, de sentimentos de Beleza e o Homem deseja a Paz.


Sinta as emoções infinitas e universais a desligarem-se espontâneas, livres, a revelarem-se simples! Pense as contingências do momento a se estenderem ao infinito!


Sinta os sentimentos absolutos e imortais a processarem-se fáceis, a desenrolarem-se calmos!


A luz inflama os vitrais coloridos onde os apóstolos e os santos ostentavam glórias, onde os querubins e os deuses corroboravam as vicissitudes.
Os grandes silêncios do campo, os verões crivados de uma luz esmagadora, as tardes brumosas enchem-me de uma perigosa volúpia, o silêncio nesta Praça da Liberdade é inominável, indescritível, no entardecer, por volta das cinco e meia, deixa-me extasiado, ansiedade pelo encontro inestimável da consciência estética, custar-me-ão longos e longos anos. O olhar perde-se no céu e na neblina à procura de alguma coisa que não posso encontrar, perscruto com insistência as profundezas azuis para nelas descobrir uma imagem querida, a quem talvez, por um privilégio especial, ser-me-ia permitido manifestar uma vez mais.


Sinta as sensações verdadeiras e lindas, resvaladas, a desenvolverem-se
tranquilas, a formarem-se suaves!


Sinta as ideias reais, autênticas a canalizarem, a existência a delinear
os mistérios...


Dormitar as ilusões, dormitar as angústias, dormitar as tristezas; "... amanhã, terei aula de Filosofia, o esplendoroso Heidegger."


Lá longe, lá onde, na curva, o último vagão do trem sumirá, visto por quem se encontra sentado no portão de sua residência observando-lhe passar... O que isto era? Quiçá intuição dos conflitos e desejos, e só o tempo seria capaz de consumar, o longínquo era o verbo de querenças, vontade, mister conjugá-lo a critério e rigor, o retardo pretérito ser o lamento noturno, notívago do espírito do subterrâneo - "as manchas que trago no meu "eu-corpóreo" é o que minh´alma faz questão de preservar!..."


Lá longe... Silêncios distantes,
Sensação de solidão metafísica,
Lá onde... Estou só, distante,
À hora tardia!


O mundo enlanguesce nas praias das vontades e desejos de uma vida vivida na alegria, de um viver sentido na felicidade. E o indivíduo? Busca sua consciência no universo do corpo, no corpo e carne do mundo.


#RIODEJANEIRO#, 13 DE FEVEREIRO DE 2019#

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