#DIALÉTICA DA CRIAÇÃO E DO AMOR ENTRE OS DIVINOS TRÊS# (UMA LEITURA DE ‘A SANTÍSSIMA TRINDADE É A MELHOR COMUNIDADE) GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: DISSERTAÇÃO EM TEOLOGIA



II PARTE E


A sexualidade humana constitui uma modalidade de relacionamento com o outro, conosco mesmos e com Deus. Trata-se, portanto, de uma modalidade que só alcança a verdade plena atrvés da sua integração na verdade total de nossa vida. Isto é particularmente verdadeiro no caso da “linguagem” sexual entre marido e mulher. Sua verdade libertadora depende do grau de autenticidade e de capacidade de inspirar confiança que nossas expressões possuem, da nossa abertura ao Dom do outro em sua alteridade, da intensidade da atenção que dispensamos à mensagem transmitida e à mensagem recebida.


“O que há de maravilhoso na sexualidade reside na capacidade do corpo de quem se sente arrebatado pelo amor, capacidade que o leva a expressar seu amor através de um beijo ou de um movimento de mão... E isto se realiza de maneira tal que o corpo, por si mesmo, fala, torna-se a palavra do amor” (Bovet, Die Liebe ist in unserer Mitte, Tübingen)


Em Freud e em Marcuse, o eros assume o lugar do logos, e, assim, o eros perde grande parte de seu sentido. Ele é despojado de sua verdade libertadora. O eros e o logos não se excluem reciprocamente. Na verdadeira humanidade, eles fazem parte um do outro essencialmente. O eros é a encarnação do logos, e, através dele, o logos se encarna e se fortalece. O eros e o logos redimidos participam do agape.
“Deus criou o homem à sua imagem: à sua imagem Deus o criou. Criou-os homem e mulher” (Gn 1,27). O sentido e o objetivo da sexualidade são visíveis no corpo humano, e cabe à arte do homem intuir a mensagem e o sentido de tal imagem. Somente depois de havermos descoberto a unidade da pessoa humana e compreendido que o corpo é comunicaçào, é que se apresentará claro diante de nós que a realidade corporal, inclusive sua sexualidade, é uma imagem que fala de Deus.


A sexualidade só manifesta o seu objetivo de maneira verdadeiramente humana aos que buscam primeiro o seu sentido. E seu sentido reside na comunicaçào através do amor verdadeiro. Esta é também a visão do Concílio Vaticano II ao falar da dignidade do amor conjugal e de sua expressão corporal


“Eminentemente humano, porque parte de uma pessoa e se dirige a outra pessoa, mediante o afeto da vontade, este amor envolve o bem de toda a pessoa, e, portanto, é capaz de enobrecer as expressões do corpo e da alma como elementos e sinais específicos da amizade conjugal e de enriquec6e-los com uma especial dignidade” (Gaudium et Spes).


Falando sobre a união divina em O cântico espiritual, são João da Cruz diz:


“Na união e transformação do amor, cada um entrega a posse do próprio ser para o outro; assim, um vive dentro do outro e ambos são um só ser na transformação do amor”


Um cientista casado, comparando os dois tipos de união, escreve:


“Tive uma experiência muito pessoal com Deus durante a oração. Foi a feliz sensação de estar dando, recebendo e participando física, espiritual e emocionalmente. Estava consciente e concordava, mas não tinha controle. O tempo pareceu ficar em suspenso por um momento. Mais tarde, quando partilhei essa experiência com minha mulher, a melhor maneira que encontrei para descrevê-la, foi comparando-a com a intensa alegria, prazer e satisfação dos melhores momentos de nossa união conjugal – os momentos do orgasmo. Agora compreendo que a união sexual no matrimônio envolve uma experiência de êxtase, na qual o casal não só se une entre si, mas também com Deus”


Os textos cristãos nos impressionam por seus múltiplos apelos à vida interior, a qual, apesar do que pensam outros, não é a vida do intelecto ou só do consciente. O Evangelho afirma com simplicidade e clareza que “o Reino de Deus está dentro de nós” (cf. Lc 17,21)


“Entra em ti mesmo”, exclama o autor da Imitação de Cristo, mas acrescenta: “Prepara ao celeste Esposo uma morada digna dele; ele virá e descansará nela, porque suas delícias são habitar no coração que o chama”(Imitação de Cristo, Livro II, cap. I, Reflexão, 100 edição, Ed. Paulinas, São Paulo, 1978).


#RIODEJANEIRO#, 21 DE FEVEREIRO DE 2019#

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