#ME E A ESTRELA VERDE# GRAÇA FONTIS: FOTO Manoel Ferreira Neto: PROSA POÉTICA



EPÍGRAFE:


"Só acredito que alguém seja fama e sucesso, se ele brilha ao lado da Estrela Verde, o/a companheiro/a verbal e espiritual do tempo e do ser" (Manoel Ferreira Neto)


Nada e ser.


Mordiscam de luz as miríades do anoitecer marítimo.


Ser aquele que se é,
tarefa complexa e prolixa,
mas concede com prazer
os louvores e glórias,
quiçá a vida seja pouca para realizar... contudo.


Espectros de imagens projetadas
nos horizontes das contingências efêmeras e eternas,
dialéticas do bem e do mal solsticiam
o pleno de sombras,
penumbras e brumas,
contradições dos dogmas e verdades,
e nos interstícios inconscientes dos desejos latentes
taos de a-nunciações das verdades
sublimam medos do inaudito,
krishnas de re-velações do espírito são katharsis,
katharsiam dúvidas e inseguranças da morte
além solstícios da etern-idade,
mesmo que isenta da redenção e ressurreição.
O que importa isto de "redenção", "ressurreição"?


A magia da vida é a contingência, embora todos os sofrimentos e dores. Morrer é encenação do tempo de vida e realizações ou irrealizações, a morte é a utopia do verbo de sonho da vida eterna.


Em mim, a angústia do vazio subjuntiva o tema do efêmero, introspectivo nas bordas das nonadas de travessias do absoluto, circunspecto observando a noite no mar, indivíduos ao lado, tomando cerveja, carros e mais carros passando na avenida, músicas na emissora de rádio, Zeca Pagodinho, refletindo isto de mudanças, vestir outra pele conservando, preservando as carnes, síntese de culturas ad-versas, carioquéias, ao obtuso em que me encontro neste instante-limite de esquecer-me, des-memorizar-me das horas todas desde o espectro da luz do gênesis às perspectivas e ângulos da sombra do apocalipse, jamais-nunca da transcendência-contingente do verbo que desverbaliza o sujeito da etern-itude, nunca-jamais da contingência do sujeito que descarnaliza os dogmas dos ossos à sombra dos pecados da carne.


Retornando a casa, a cunhada a 120 km por hora, conversando com sua irmã, paisagens passando, panoramas outros nas curvas, relembrando os acontecimentos, na emissora JB LIGHTS OF TAORMINA, Mark Knopfler, os sentimentos de luto presentes através de lembranças de situações e circunstâncias, havermos ido a uma Pastelaria, o melhor e mais gostoso pastel das terras iguabenses, cem sabores diferentes, e esperarmos meia hora até os pastéis chegarem à mesa, mas a delícia era tanta que a vontade era comer todos os pastéis mesmo que fosse só através do olhar, trouxeram-me esta viagem outras visões, embora em princípio triste, mas a vida continua. A tagarelice da Praia do Popeye ficou lá, retornando à casa o silêncio, ouvindo a conversa, relembrando as coisas, investigando-as, inventariando-as.


Oásis ao longe pre-figuram o deserto da solidão, e olho ensimesmado nas fendas de uni-versos distantes as dores que projetei, dores por sentir o que penso, dores por pensar o que sinto, dizendo-as solene e pomposo - não fora Deus quem disse as verdades devem representar a dignidade do caráter, a honra do desejo da ressurreição? Não proseio circunspecto ou retrospectivo a vida quem sou, da coragem à ousadia faço do verbo a cintilância da estrela que guia na floresta da noite a vereda que leva ao panorama do mar aberto às visões das amplitudes do que sacia a sede da sabedoria e conhecimento.


Por vezes con-templo de soslaio alguma imagem que se me revela pretérita, imperfeita de esguelha, perfeita à intuição do que me fui, do que me re-presentei, do que nonsensiei.


Lúdicos dogmas da verdade pre-escritos
sob as trevas medievas e medievais
do nada secularizado,
do vazio universalizado,
a ressurreição nadificada de
místicos mistérios do verbo tornado carne,
a redenção cristalizada de luciféricas
ganâncias do poder e da glória,
de míticos enigmas dos pecados capitais
contra a honradez e dignidade,
de lendárias sagas e sinas das conjugações
e regências familiares, religiosas, sociais,
contra as origens e sêmens,
em prol das maledicências e viperinidades,
vaidades, volúpias dos bens materiais,
evangelizam forclusions
e manque-d´êtres da sensibilidade e espiritualidade,
refletidas atrás do espelho do não ser,
os deuses do Olimpo re-leem a Sagrada Escritura,
circundados de imperadores,
Mefistófeles dança forró ao som do Cântico dos Cânticos executado no cavaquinho,
pagodinho no cavaquinho, que vertente da musicalidade,
projetando as sombras
divinizando as gnoses metafísicas da vacuidade
Aqui e agora dos equívocos do caráter e personalidade,
arrastando os pés na areia, sentindo-lhe...


Não versejo iluminado ou inspirado nas contingências serenas projetadas no espelho das superfícies de angústias, melancolias, nostalgias, saudades, desesperos, o ser de mim que me é a vida, da esperança ao absoluto do espírito componho do verso e estrofes, poesia livre ou soneto, rimas, acordes, melodias e ritmos, a re-presentação do belo e da beleza, sonho do divino ao pálido crepúsculo de luzes dispersas no diáfano do silêncio que alumia a solidão do verbo, e na travessia de nonadas às sorrelfas do sentir-me quem in-vestiga no ser o tempo da consciência, no tempo a sensibilidade do ser, trans-elevo o olhar de linces da simplicidade do pensamento e idéias, do sentimento e ideais aos confins e arribas do oásis do deserto de minha solidão, esta que busco a quaisquer instantes de meus passos ao longo e extensão das sendas límpidas e nítidas do ego de meu “eu”, ora passeando pelas situações de viagem, aqui e acolá os acontecimentos descritos.


Relembra-me dia antes da viagem às terras iguabenses, houvera sonhado com uma voz dizendo-me com altissonância, palavras bem pronunciadas: "Você terminará sozinho...", respondendo-lhe, à voz, "Isso sim o que mais desejei, sonhei, a solidão de dois entes amados no mundo..."
Quiçá a Estrela Verde não ilumine esta realidade da descrição do sonho, não me quer deixar sozinho, não a quero vê-la solitária, mas o sentido das intuições e inspirações é outro
além da GAIA POESIA.


A luz do verbo de quem sou
às cintilâncias numinosas da estrela verde
do verbo de luz do ser de mim,
em cujos interstícios desejo solene
o mergulho profundo, abismático
nas águas oceânicas
à busca da miríade do infinitivo do tempo,
onde o silêncio solsticia a solidão,
onde a solidão perscruta o deserto
de todas as contingências,
que gerundie a lareira de desejos
e querências do sublime,
do ingênuo, do inocente.


Em mim, a angústia do vazio subjuntiva o tema do efêmero, introspectivo nas bordas das nonadas de travessias do absoluto ao obtuso em que me encontro neste instante-limite de esquecer-me, des-memorizar-me das horas todas desde o espectro da luz do gênesis às perspectivas e ângulos da sombra do apocalipse, jamais-nunca da transcendência-contingente do verbo que desverbaliza o sujeito da etern-itude, nunca-jamais da contingência do sujeito que descarnaliza os dogmas dos ossos à sombra dos pecados da carne.


(**RIO DE JANEIRO**, 25 DE FEVEREIRO DE 2018)

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