#ATÉ O ÚLTIMO LIMITE# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA




Milagre... quem pode sabê-lo? As ninfas outrora mudavam-se em flores, as flores não morrem, para que o desejo de saber o porquê não morrem?


Quem houve de pensar, perquirir o que houve de consciência e liberdade, a palavra re-versa sendo o solo onde a semente do outro que nos habita o "eu" será broto da orquídea à soleira da montanha, o coração pulsa de saltitância e êxtases, onde vai criar, inventar, imaginar, artificiar imagens dispersas, efêmeras, a cada instante ob-servadas apresentam faces e perspectivas diferentes, convite explícito a deixarem os sentidos livres e suaves acontecerem...


Quem penso ser que um lânguido e tênue olhar entenebrece - como o céu -
onde vai relampejar, palavras soltas no ar sussurram-me, murmuram-me silêncios - como a caverna - onde a serpente dorme o seu sono no ninho. Todo hábito torna a mão mais engraçada e a ironia, sarcasmo, cinismo mais sutis.


Afigura-se-me a imanência... Seria uma ausência lenta, a contingência...
Seria
um vazio abissal, abismático.
O segredo da existência humana reside não só em viver mas também em saber para que se vive. Uma palavra dita com convicção, com plena sinceridade e sem medo, sendo a verdade íntima, traduzindo a virtude inestimável vale muito mais que dez folhas de papel cobertas de palavras.


Postergam-se as emanações contingentes do absurdo e encontradas as ideias de sossego e silêncio - extravio as sensações da perda, subverto os desejos do efêmero, os volos das vontades in-verto-lhes e re-crio-lhes almejando olhar as coisas aos linces da indiferença, as utopias da razão in-versa re-versam-se no sentido de à liberdade estar em questão mostrar a cara. É surpreendente o que um raio de sol pode fazer com a alma humana! O raio de sol que entrou pela fresta entre as duas metades da janela fez-me compreender que se não tem o dom de mergulhar na alma humana, revelando o que nela habita na sua plenitude, não deve de modo algum intitular-se ser algo, deve-se apenas aceitar o engano do erro de pensar que as coisas nascem fortuitamente e se desenvolvem com glórias e esplendores.


Sou uma ironia mesclada de cinismo, sou a mescla de escárnio e sarcasmo. Andam por aí pelos becos e esquinas dizendo que estou perdendo as oportunidades de desfrutar os prazeres da existência, suficiente que escarnecesse e satirizasse com veemência.


Não existe verdade relativa, precisão relativa acerca deste mundo de devir. Equivalente epistemico do salto ético do niilista passivo, de "não existe o bem" ao "o mundo não tem valor algum." Nenhum deles é garantido.


Concilio a intimidade com a imanência, num fervor de renovação.


O retorno nítido de uma cumplicidade com o sentimento do eterno aglutinado à consciência da alma... Voluptuosidade! Volubilidade! Susceptibilidade! Lembra-me de como, no silêncio de um monólogo interior, a afetividade de mim aguçava os sentidos inteiros.


Reconheço o tempo, uma sensibilidade no seu âmago. Ouça-me, amor!... Trans-pareço o nível das palavras. Até o último limite, dilacero a consciência e meus sentimentos, com o desejo nítido de viver, de existir, sentir, amar, satisfazer. Olhe, amor, sou uma inquietude!


O significado é desordenado, invertido, despido de caracterização.


Busca com a sinceridade radical e exigente... (psiu!) de um olhar a quem se ama um espairecer de ideias.


Uma gota de mais e/ou de menos no corpo de minhas ausências.


Brilha mais puramente a brancura da realidade. Se os raios da lua de sons se fizessem, quiçá me lembrassem o murmúrio do silêncio. Se o silêncio fosse banido do mundo, não seria a algazarra a habitá-lo, sendo impossível viver nele, mas a saudade que as palavras sentiriam dele, pois para se revelarem o silêncio se lhes doa, lega o verbo, para que possam dizer as coisas do homem, do mundo, mostrar-lhe os campos do Ser.


Ser-lhe-ei os êxtases das ondas, a volúpia de se esparramarem na areia.


Conciliam-se raízes que se afloram no fundo do tempo.


#RIODEJANEIRO#, 05 DE FEVEREIRO DE 2019#

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